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sábado, 17 de janeiro de 2015

NATAL NA PATAGONIA - ARGENTINA 2015

NATAL NA PATAGONIA ARGENTINA Dezembro 2014 Não foi o primeiro e sim o terceiro, sempre natais alegres, diferentes, tocantes, inesquecíveis. O primeiro em Bariloche, o segundo em El Chaltén e este ultimo em Esquel. Nossa viagem a três se iniciou em El Calafate, fria e alegre como sempre. Muitos estrangeiros, nenhum sinal da crise Argentina. O restaurante Casimiro Biguá segue melhor do que nunca e a escolha do hotel Miradores Del Lago revelou-se bom custo-benefício. No dia seguinte, nossa segunda visita à geleira show que é a Perito Moreno. Segue crescendo, ruidosa, espalhafatosa e magnifica. Desta vez nos premiou com a queda de uma parede inteira da geleira, um estardalhaço inesquecível. Mesmo com frio, vento e chuva, valeu a volta. É uma das maravilhas naturais que fazem, em minha opinião, o continente sul americano ser o mais lindo do mundo. Temos os piores governantes, mas natureza que reúne tamanha diversidade é rara de se ver. E no quesito péssimos governantes, Cristina Kirchner só perde para Nicolás Maduro. Contudo, por a província de Santa Cruz incluindo geleira e El Calafate, ser o berço dos nefastos Kirchner, as coisas são mantidas bem melhor do que em outros lugares da Argentina. Aí incluída, a capital, Buenos Aires. O aeroporto de Calafate é moderno e agradável e a estrutura de turismo no parque nacional Perito Moreno é surpreendentemente adequada. Agora conta com outro restaurante turístico, este de maior porte, área separada de estacionamento e hotel sendo finalizado. O resultado é bom para o país, turistas do mundo todo prestigiam o parque Los Glaciares. Depois disso, El Chaltén; que também cresceu, mas de forma não tão ordenada e de bucólico vilarejo está mais para cidadezinha latino-americano-bagunçada. Há mais restaurantes e lojas, mas o aconchegante hotel Los Cerros e seu magnifico restaurante personificam a decadência do país e seus inúmeros problemas. Ainda existe, sob nova administração, mas caindo aos pedaços e com comida apenas razoável. Tudo pede reforma, mas não há verba para isso. Há um outro, mais novo, mas sem vista. Não conferimos. No campo gastronômico o Fuegia e o Don Guerra salvam a pátria, com preços muito camaradas e boa cozinha típica. E como os desmandos governamentais ainda não chegaram à estupenda cadeia de montanhas Fitz Roy, o entorno continua precioso e único; repleto de trekkers internacionais e bastante movimento. Continua sendo opção imperdível para os fãs de montanhismo, caminhadas, natureza, silencio, isolamento e a imensidão nada menos do que espetacular da Patagônia. Voando a Bariloche e alugando carro para o longo e belo trajeto até Esquel, via El Bolsón. Uma parte pouco conhecida dos brasileiros e muito bonita. Vale a pena seguir pelos 400 km que separam Bariloche de Esquel, rumo sul e maravilhar-se com vales verdes e mais imensidão tranquila da famosa Rota 40, estrada ícone argentina. Da próxima vez pararemos em El Bolsón para conferir este reduto fértil e um tanto alternativo. Esquel não tem grande apelo, não é local turístico, mas parece ser uma cidade próspera e organizada. Muito policiamento e ruas limpas, arborizadas. Seu principal atrativo no inverno é o esqui e no verão o espetacular parque Nacional Los Alerces. Uma festa de lagos muito azuis, paisagens deslumbrantes, clima maravilhoso. Paraiso absoluto de caminhadas por trilhas limpas e organizadas, em vários níveis de dificuldade. Estrutura de parque muito boa que inclui até igrejinha mini, projetada por Alejandro Bustillo, aquele mesmo que pensou o inigualável Llao Llao, de Bariloche. Ali , junto a no máximo 20 argentinos – eu a única estrangeira – assisti linda missa no dia 25 de dezembro. Tão especial e tocante quanto à que assisti na igreja do Llao Llao em dezembro de 1996. Feliz e abençoada coincidência. Voltaremos ao parque para nos hospedarmos na Hostería Futalaufquen e seus chalés encantadores a beira de um dos lagos. Cenário de sonho, paz total. Também projeto do Bustillo acima citado. Não é hotel de luxo como o Lllao Llao e muito menos tão bem mantido. Por ser dentro do parque, sofre com o arrasta-pé do governo que concessiona o estabelecimento e nada faz para conservar o hotel. Mesmo assim, lugar único. Será um de nossos destinos nos próximos verões, conjugado à famosa Carretera Austral e os belos parques do lado chileno. Ojalá! Em Esquel ficamos no hotel boutique Las Bayas, decisão acertada. Não é barato, mas vale pelos ótimos quartos e bom restaurante. Serviço personalizado e muito amável. Foi lá que passamos a noite de 24 de dezembro em surpreendente ceia natalina para cerca de 30 comensais. Boa cozinha, boas vibrações, boa musica. Home away from home... Nossa ultima e menos feliz parada foi na muito querida Villa La Angostura. No caminho, almoço tentação no melhor-do-que-nunca Boliche de Alberto. Feio, carne maravilhosa,barato, lotado. A única razão para visitar a suja, feia, caída, decadente Bariloche, totalmente largada pelas ultimas prefeituras, uma lastima. Nada tem a oferecer exceto pela paisagem de sonho e hotéis espetacularmente bonitos e caros como El Casco e Llao Lllao. Para quem não gosta de encontrar brasileirada ruidosa no exterior, destino a ser evitado. O numero destes indivíduos só faz crescer na região. O que acontecia todo inverno agora acontece todo verão e o motivo é que a Argentina está muito barata nos últimos anos. Negócios da China podem ser feitos para quem tem dólar em espécie. Mas é necessário negociar, pois o cambio variava do oficial o 8,5 pesos por cada dólar até 13! E não é em todo lugar que o cambio é camarada. Aceitam dólar até em posto de gasolina, mas as condições variam muito. O belo entorno de La Angostura, desta vez, não compensou. Cabañas Angostura Village, caras e péssimas. Vilarejo com gente demais, também caidaço, lojas brega, cheio de nossos conterrâneos. Comida ruim, os melhores restaurantes fechados. O único digno de menção foi o Waldhaus, estilo suíço e cozinha eclética. Misteriosamente, éramos os únicos estrangeiros. Reduto de famílias argentinas com mais grana, gente bonita e discreta. Nenhum brasileiro! Tentamos caminhar pelo Cerro Bayo , mas o teleférico estava fechado. Em alta temporada... Encaramos a estrada de terra até a concorrida e famosa Villa Traful supostamente a região agora cool do pedaço. Não é. Um mico sem palavras suficientes que o descrevam. Salvou-se apenas o restaurante Los Troncos e sua pizza divina com queijo e cebolas, melhor do mundo! Sorvete de baunilha com cerejas de comer de joelhos, serviço adorável. Traful é apenas um punhado de casas a esmo a beira de mais um lago da região, nada de especial. Não vale a estrada de terra, o pó e o acumulo de cinzas das mais recentes erupções vulcânicas, que vai demorar um longo tempo até assentar. Um inferno que nem sequer belas trilhas oferece. Três dicas importantes a quem quiser conhecer Villa La Angostura: vá fora de temporada, hospede-se beira ou vista lago, tipo Las Balsas ou Marinas Puerto Manzano. La Escondida vale pela localização e preços. Cabañas de todo tipo podem ser opções de hospedagem boas e baratas, seguindo-se dois princípios: não reservar sem ver ou ter indicação sólida de pessoas de bom gosto e se não tiver, só as três estrelas. Pagamos 300 dólares ao dia por um barraco indecente na tal Angostura Village e xingamos cada minuto passado nela. Não sabíamos que era classificação oficial 2 estrelas, coisa que sites como Decolar, Booking e similares também não indicam. Marinas acima citada é três estrelas, excelente e Las Balsas quatro. Portanto... E o mais importante de tudo: não deixe de fazer a caminhada mais linda de sua vida atravessando o Parque Nacional Los Arrayanes, o lugar onde supostamente se inspirou Walt Disney para desenhar Bambi; história da carochinha sem nenhuma comprovação documentada. Não importa, pois o Bosque de Arrayanes na cênica Península de Quetrihue é único no mundo e você nem sente os 12 quilômetros do percurso. Com direito a prainha super charmosa em um laguinho no começo da trilha, de embasbacar. O segredo (dica de um argentino) de percorrer os 12 km em paz, tudo zen e sem suar muito, é começar a caminhada pela casa de chá linda, coisa de contos de fada, no Puerto Quetrihue. É o que vendem em Bariloche como Isla Victoria e Bosque de Los Arrayanes. Mas como você já está a 80 km de Bariloche, La Angostura bem localizada para este passeio, você aluga uma lancha em Puerto Manzano, vai com no máximo outras 4 pessoas na tranquila embarcação, direto no começo da trilha. Sem multidão e farofa. Na casa de chá você compra água e brownies perfeitas e só bem no final da trilha encara as subidas (plenamente compensadas por vistas surreais de tão bonitas). Cansados dos 12 km? Sem problema, pois há inúmeros bares e restaurantes na chegada em La Villa e seus pontos de embarque, oferecendo suculentos sanduiches, vinhos e cerveja. E táxis para não encarar mais caminhada. São Paulo, 18 de dezembro de 2015.

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