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sábado, 10 de outubro de 2015

CASTELOS, PALACIOS, LUXO E SONHOS - ALEMANHA 2015

CONTOS DE FADAS NA ALEMANHA Conheço razoavelmente o país e falo a língua. Fui casada com um descendente, minhas filhas tem sangue alemão e há quase 16 anos meu terceiro marido, suíço alemão, não me deixa perder o contato com este pais fantástico, sua historia rica e controvertida e sua cultura distinta e variada. Desta vez, outubro 2015, realizei um sonho antigo: conhecer Neuschwanstein. O castelo que inspirou a Disney tão querida dos brasileiros. Fantasias de Cinderela e Magic Kingdom, ponto alto da Rota Romântica. O verdadeiro, construído por Ludwig II, o genial rei da Baviera, é infinitamente mais interessante do que aquela bobagem americana, colorida e cafona (como a própria Florida) para turistas. A historia do rei é soberbamente contada no filme de Luchino Visconti, obra definitiva de um dos grandes gênios do cinema italiano. Vendo o filme dos anos 70, de quase 4 horas de duração, se tem um ideia do que foi a vida e obra de Ludwig. Considerado louco, de louco nada tinha. Era apenas gay e criativo, um grande patrono das artes, que deixou um legado arquitetônico para seu país, riquíssimo. Seus supostos “delírios” são tesouros que abrigam pecas de valor incomparável e atraem milhões de turistas do mundo inteiro a Alemanha, todos os anos. Nos hospedamos em Hohenschwangau, no hotel boutique, Villa Ludwig. Com direito a vista do castelo e cama de dossel com “céu estrelado”, painel decorado com cenas de uma das operas de Wagner e muito conforto. Ótimo café da manha e uma vista chocante para a floresta que adorna o castelo. Sem falar das montanhas altíssimas que no inverno são cobertas por neve e tornam o cenário ainda mais encantador. No outono, as arvores em tons de amarelo, marrom e verde, com toques flamejantes de vermelho são moldura perfeita para o castelo mais famoso do mundo. O castelo é um espetáculo, mas não é a única atração “ludwiguiana” da região. Perto dele, há outro, amarelo e bem mais modesto, onde o rei bávaro passou a infância; uma espécie de “aperitivo” para se ter uma vaga ideia do que está por vir... O hotel oferece as entradas para os dois castelo com hora marcada. Sem isso, o turista pode chegar lá (não e fácil, o aeroporto mais próximo é Munique e o trajeto de carro pelas montanhas, apesar de lindo, pode ser longo) e não ver os castelos, pois o numero de turistas é gigante. Nenhum dos castelos pode ser visitado de maneira independente: ou visita guiada em alemão ou inglês, ou nada. Há textos em varias línguas e é bom mesmo ver o filme e ler muito sobre o rei e as construções antes de se aventurar por lá. Neuschwanstein é tudo o que você sonhou e mais um pouco. Enorme, alto, sombrio, rico, poderoso, incrustrado numa pedra enorme em meio à floresta. Aquela coisa que se chega perto e quase se quebra o pescoço para olhar melhor, de tão alto. Os poucos espaços acabados e abertos à visitação não desapontam;. uma versão relativamente moderna (150 anos de vida) de um castelo medieval. Construída e projetada por um rei, para um rei. Ludwig amava musica e teatro, foi o salvador incontestável da carreira do mega compositor Richard Wagner e sonhava viver isolado no topo do morro, só cercado por natureza e silencio. Um rei e seu castelo. Conseguiu por pouco tempo, muita coisa ficou por fazer, o orçamento estourou, ele foi falsamente diagnosticado como louco e morreu de forma super misteriosa aos 40 anos. Assumiu o trono aos 18 anos. Gastava o próprio dinheiro, mas foi acusado de desperdício. Mas depois de morto, a receita do turismo ligada as suas obras e tão monumental que ele virou um ídolo, um dos reis mais queridos da historia alemã. Para entender tudo melhor, uma visita ao Museu dos Reis da Baviera, em Hohenschwangau torna-se obrigatória. O museu é chique, pequeno, tem peças e explicações lindas e interessantes e uma loja onde se quer comprar tudo. Atenção para o bombom Ludwig, envolto em papel vermelho, em formato ovalado, com a foto do rei arrematando. É uma delicia digna de reis mesmo, chocolate recheado de marzipã com creme de ovos, meio consistência de brigadeiro real. Uma espécie de doce-português-em-fase-alemã! Apesar de Neuschwanstein ser um destino-espetáculo e as cidades e vilas vizinhas constituírem também atrações das melhores, a cereja do bolo é o palácio Linderhof, a mais ou menos uma hora de carro de Fussen, a cidade-base da área. Sem multidões, incrustrado em jardins paradisíacos, um mini-Versailles embasbacante. O palácio em si é pequeno e parece uma arca do tesouro, um delírio de ouro, porcelana Meissen, lustres de cristal pesando 500 quilos cada, candelabros de marfim e por aís vai. Pelos infinitos jardins, varias pequenas casas, em estilo marroquino uma, turco outra, Branca de Neve mais além, chalé de caça com exibição dos desenhos do rei, cascatas, fontes, estatuas e o mais incrível e surpreendente: uma caverna. Sim, uma gruta totalmente artificial cavada numa pedra, com lago fake azulíssimo, cisnes, iluminação especial, acústica de opera e, pasmem: palco! Sim, foi construída para abrigar espetáculos de musica e teatro exclusivamente para Ludwig e seus seletos convidados. Mico? Caverna no inverno europeu? Nada disso. Nosso amado rei adorava conforto e havia nada menos do que sete aquecedores mantendo tudo a cerca de 20 graus centigrados. Aliás, em todos os seus palácios e castelos Ludwig mantinha belas lareiras, fornos e aquecedores de cerâmica que eram obras de arte altamente funcionais. Dica para melhorar ainda mais sua viagem: alugar carro em Zurique, dirigir com segurança e facilidade pelas montanhas austríacas e a encantadora floresta de Bregenz, parar numa das vilas e comer Wiener Schnitzel (bife a milanesa) e torta Sacher. Chegar a Hohenschwangau no meio da tarde, se hospedar com todo o conforto na Villa Ludwig, na suíte Lohengrin e tomar banho de banheira com sais especiais. A banheira fica em frente a uma janela com vista exclusiva para o castelo Neuschwanstein. Não tem preço... Zurique, 10 de outubro de 2015

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