Translate

domingo, 23 de março de 2025

Helsinque - fevereiro 2025

HELSINQUE – FEVEREIRO 2025 A capital finlandesa foi uma grata e imensa surpresa. Pensei que ia encontrar uma cidade sem cor e sem vida, como é o resto da Finlândia, mas encontrei o oposto. Moderna preservando bem o passado, alegre, vibrante, movimentada e silenciosa. Alegre. Apesar do tempo miserável em 150 tons de cinza, névoa e chuva. Já estive nas outras capitais nórdicas, favoritando Kopenhagen e Estocolmo; Oslo legal pero no mucho e a pequena e charmosa Reykjavík no coração, lugar onde já estive duas vezes e voltaria sempre. Dinamarca, Suécia, Noruega e Islândia são países belos e interessantes. A Finlândia, que já foi parte da Rússia, já evoca a imensidão vizinha e o tédio infinito de um lugar sem contrastes. Diversidade de plantas perto do zero, só dois ou três tipos de pinheiros, neve no inverno e muita água no verão. O povo é tão sem graça quanto a paisagem e apesar dos altos níveis de civilização, não é um lugar que inspire paixões. Tudo, como definiu o brilhante Alain de Botton, é good enough. Foi neste espírito sombrio que terminei uma viagem chata pela Lapônia, com minha primeira vez em Helsinque. O bom de esperar o pior é encontrar algo bem melhor que provou que eu estava errada em relação a cidade. A começar pela arquitetura moderna sensacional: teatro de Ópera e Ballet, biblioteca, museu Kiasma, a sala de concertos Musikkitalo entre outros. No lado mais clássico e europeu, a praça da estação de trem é linda, com sua arquitetura única, uma versão local da art nouveau, chamada nacional romantica. O principal museu de arte , o Ateneum deslumbra pelo acervo de peso e qualidade da curadoria. A própria estação de ferroviária central é magnífica, ladeada por um belo teatro e outros prédios da mesma linha arquitetônica. Tudo muito harmônico e coerente. É uma coisa admirável para uma paulistana acostumada ao caos construtivo de São Paulo, em que nada combina ou faz sentido. Em Helsinque as construções são por estilo, por grupos coordenados e ao mesmo tempo “naturais”, sem parecer coisa tediosa e planejada. Na praça do Ateneum dois hotéis se destacam por arquitetura, história, serviço e conforto, com restaurantes e bares muito bons. O NH Collection e o Radisson Blu são escolhas sem erro para hospedagem central e confortável. Lembrando que a Finlândia é um dos países mais caros do mundo, com menos serviços de hotelaria que já vi, mesmo para padrões escandinavos. Porteiros, maleteiros, garçons, recepcionistas, concierges e camareiros, faxineiros são escassos. Ganha-se até prêmio (drinque grátis) se optar por limpeza do quarto não diária. Um pouco cansativo para o meu gosto... As áreas portuárias, as orlas do Golfo da Finlândia lembram uma Estocolmo menor. Tudo caminhável, acessível e prazeroso e desnecessário dizer, seguro e limpíssimo. As balsas de luxo que cruzam as águas em direção a Estocolmo ou Tallinn são um programão, bem como o Museu do Design, onde os artistas da vanguarda finlandesa dão um show de bom gosto e inovação. O setor gastronômico é excelente e o estrelado Olo garante uma degustação perfeita. Principalmente no setor peixes e frutos do mar, doces nem tanto. Deixe as sobremesas para o Karl Fazer Café ou melhor ainda, o Engelberg, cujos bolos e tortas e confeitos finos são uma festa para os olhos e paladar. Desnecessário dizer que com a genética russa, o mau tempo e tantas confeitarias boas, boa parte da população está acima do peso, principalmente as mulheres. Mas como turistas esquecemos a balança e nos aprofundamos muito nas delícias que são os cookies finlandeses, especialmente os de pecan da Espresso House. Quase tão inesquecíveis quanto os de Takayama, no Japão. Vale ir pelo menos uma vez ao restaurante Savotta, cujo salão principal evoca as casas mais ao estilo russo, as velhas casas de chá dos países Bálticos, bem quentinhas e aconchegantes. O hamburguer de alce com batatas rústicas e molho de frutas vermelhas é divino e a sobremesa de mação quente idem. Pena que vinhos sejam tão caros no país, cuja taxação é uma das mais altas do mundo. Nada é perfeito... E para quem não for ao Savotta, ali pertinho, na confeitaria belga Neuhaus, além dos chocolates fabulosos, os donos vendem as tais tortinhas de maçã. Comida é na certa um dos pontos altos de Helsinque, talvez só perdendo para as artes cênicas, com suas óperas, ballets e concertos de qualidade impressionante. O Tennispalasti, por exemplo, além de 14 cinemas top abriga um museu de respeito em arte contemporânea e auditório para pequenos concertos. Vários deles grátis, como ocorre diariamente no Musikkitalo. País rico tem dessas... Com tanta oferta cultural, gastronômica, arquitetônica, tanta segurança e civilização, Helsinque vale a visita. Mais de uma vez, tem muito, mas muito o que visitar. No verão melhor ainda, pois as estufas estão repletas de flores coloridas e os passeios se tornam mais fáceis, bem iluminados pelo raro sol nórdico e mais coisas estão abertas. Já no final do inverno foi bárbaro conhecer Helsinque, imaginem no final da primavera até começo do outono? Voltaria! Detalhe final: a cidade tem um dos aeroportos mais gostosos do planeta. Gostoso aplicado a aeroporto? Pois é, um verdadeiro shopping tranquilo e silencioso, a praça de alimentação mais quietinha e agradável que existe. Só em Helsinque mesmo... São Paulo, 23 de março de 2025

Um comentário:

  1. O cenário cultural é incrível em Helsinque . Achei muito confuso o sistema de recebimento do imposto de compra no aeroporto. O viajante tem que levar as compras em sacolas seladas como saíram da loja e apresentá-las às autoridades, pois , só assim receberá de volta o valor do imposto dos produtos comprados nas lojas.

    ResponderExcluir