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domingo, 15 de julho de 2012

PARTE 2

PARTE 2 DOS DIARIOS DE BUENOOS AIRES Buenos Aires, 07 de julho de 2012 Mais um dia de sol e frio, temperatura ideal para caminhar muito por esta bela cidade. Ajudada pelo ótimo e surpreendentemente pontual Buenosairesbus. Por 40 reais você usa o serviço por dois dias, um longo percurso do centro a Boca, Puerto Madero, Palermo e Belgrano. Embarques e desembarques múltiplos pelas 24 paradas do veiculo que conta com 2 andares, o segundo ao ar livre. Opção civilizada para ver mais desta enorme e interessantíssima cidade, sem enfiar-se no sujo metro onde não se vê nada. Primeira parada, o museu de Belas Artes da Boca, ou museu Quinquela Martin. O dito foi um patrono das artes no bairro pobre e feio, mas importante culturalmente por ser o berço do tango. O museu divide um prédio muito simples e velho, com escola, teatro e ambulatório. Um espaço típico de bairro, mistura boa de cultura com educação e saúde. O acervo é interessante e pinturas são de renomados artistas argentinos, de estilo figurativo como o do próprio Quinquela. Além de pinturas, esculturas e mobília do apartamento onde viveu o artista, o museu exibe figuras de proa de antigos navios; diferente e especial no sentido místico que conferiam às embarcações. Este museu foi dica de um amigo argentino e como fica em lugar tão feio, quase passa despercebido. Mas vale a visita, pois os quadros de Quinquela são impactantes em tamanho, cores, estilo dramático lembrando as fortes pinceladas de Van Gogh. As cores são poderosos tons de laranja escuro, preto ou vermelho e retratam perfeitamente a dureza e o perigo da vida portuária na primeira parte do século vinte. Incêndios na aérea e nas embarcações eram comuns e Quinquela mostra tudo isso perfeitamente em suas obras poderosas. Alias a Boca, bairro que continua feio e pobre, pode tornar-se num futuro não muito distante, o novo Puerto Madero. Mas via cultura e não especulação imobiliária. Para revitalizar a área, que além de horrenda e suja é também perigosa, vários museus e centros culturais estão aparecendo por lá. Até o chef mais famoso da Argentina, Francis Malmann, ousou abrir um restaurante vizinho à bela Fundacion Proa. O Patagonia Sur dá certo há mais de ano e pode ser a primeira de varias casas estilosas no bairro. De novo, não pude visitar o Proa que só funciona com exposições temporárias. Atenção brasileiros: uma exibição de arte pop Brasil-Argentina lá começa no dia 14 de julho. Deve ser barbara e tem forte patrocínio dos dois governos. À tarde, depois de mais uma refeição decepcionante, desta vez no bonito Fervor (comida razoável mas cara, serviço muito eficiente), lá fui eu de novo ao museu de Arte Decorativa ver a exposição especial Meraviglie Dalle Marche,que vai ate setembro próximo. Amarguei fila de meia hora e de novo me encantei com a casa-palácio dos Errazuriz. A mostra de 600 anos de pintura italiana é magnifica, mas totalmente centrada em temas religiosos. Para quem curte arte sacra, um prato cheio. Cara para padrões argentinos, 15 reais a entrada. No Quinquela paguei 4 reais. Zero pagamento no museu de artes plásticas Eduardo Sivori. Bela exposição de desenhos do artista húngaro radicado na Argentina, Lajos Szalay. O museu fica dentro dos Bosques de Palermo, gigantesca área de 80 hectares que é um mega-Ibirapuera portenho. O ultimo do dia com 4 museus foi o belo e pequeno museu de Arte Espanhola Enrique Larreta, em Belgrano. Outro semi-palacio de milionário argentino, que além de rico e de bom gosto também era escritor. Mobiliário precioso e retábulos sensacionais. Custo do ingresso: 50 centavos. A intrigante e totalmente redonda igreja da Imaculada Conceição, em frente, completou o dia cheio e alegre.

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