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domingo, 15 de julho de 2012
PARTE 3
PARTE 3 – Diários de Buenos Aires
Buenos Aires, 08 de julho de 2012
Um dia espetacular!
Tudo a pé, da Recoleta a Puerto Madero. Primeira parada, Café Tortoni para churros e chocolate quente. Depois, uma olhada no delírio neogótico que é o Palácio Barolo, na mesma rua do café. Um dos prédios mais impressionantes numa cidade repleta deles. A Catedral Metropolitana, na sequencia e uma boa copia da Madeleine de Paris, merece ser visitada.
Após olhada rápida na infame Casa Rosada, fui ao espetacular museu do Bicentenário, inaugurado no ano passado. Bem atrás da sede do governo, o museu é um show de modernidade construído com bom gosto e ousadia sobre as ruinas de um forte que havia no local. É um museu sobre politica argentina, pendendo ao peronismo e aos “nefastos” da dinastia Kirchner. Não importa, pois é tudo muito interessante e vídeos em telas grandes explicam cada etapa dos 200 anos da independência argentina, mesclado a pinturas, objetos, instalações e até um vestido bonito de Evita Peron. Os guardas oficiais da Casa Rosada estão por lá esplendorosamente uniformizados. O café é muito charmoso e a iluminação natural da moderna construção em vidro e aço pôs em relevo o antigo das ruinas. Imperdível!
De lá, boa caminhada ao sempre vanguardista Faena Arts Center. Dois artistas cubanos que se intitulam Los Carpinteros desconstroem tudo em suas instalações controversas que podem ser desde uma avionetada cravada por flechas indígenas, passando por barracos de papelão empilhados e desmoronando, até postes de iluminação de ruas que mais parecem arvores com raízes. No outro espaço, a beleza e leveza das obras em papel de Manuel Ameztony. Vídeos e telas completam a experiência de cores suaves e uma espécie de floresta desconstruída. Muito bonito.
Como ninguém é de ferro, almoço no meu amado La Cabana. Mais espetacular que nunca. Fiquei feliz de ver muitos brasileiros por lá. Dá de 10 no Cabana Las Lillas, vizinho, e é 100% argentino. Ao contrario do outro que é coisa do Rubayat em Buenos Aires. Quem quer ares paulistanos vai a São Paulo e não a Puerto Madero.
Feliz com o almoço magnifico composto das melhores empanadas do planeta, filet mignon dos deuses e a melhor panqueca de doce de leita que já tive a honra de provar, hora de voltar a me regalar com as preciosidades da Coleção Fortabat. Vale os 15 reais do ingresso, mesmo preço cobrado pelo Faena. Cultura custa pouco nesta cidade...
Mais caminhada até chegar à maravilha das maravilhas que se chama Teatro Colón, o terceiro melhor em acústica do mundo. Maior do que a Opera Garnier de Paris e tão bonito quanto, assisti a um ballet dançado pela companhia do próprio teatro. Show!
O grande ator americano Dustin Hoffman disse que apesar de fases difíceis em sua vida e longos períodos de depressão, o que valorizava era mesmo sua capacidade de ainda se maravilhar.
O Colón e o ballet avivaram a minha. Tão bom encher os olhos de lagrimas por estar num teatro que lembra minha infância nos espetáculos do Municipal, o ballet La Sylphide que não pode ser mais poético, a orquestra ao vivo glorificando a acústica perfeita do teatro. Lotado. E maravilhoso.
Para minha mãe, que me iniciou na jornada de maravilhar-me.
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