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terça-feira, 27 de abril de 2010

ILHA DE PÁSCOA

Revisitada após 15 anos e definitivamente o lugar mais louco do mundo!
Estive na ilha em 1995 e adorei. Tudo.
Os moais imponentes, o povo, o clima “Machu Pichu” ou “Eram os Deuses Astronautas?” do lugar. O mar azul-pavão e a praia de areia cor de rosa. Os mistérios insondáveis de sua história, a primeira vez que vi o oceano Pacífico, que me deparei com um ser polinésio. Uma ilhota perdida no meio do nada, distante 3700 km do Chile a mais de 4000 do Taiti. Isolamento total. Do topo de um de seus 3 principais e extintos vulcões, só se vê mar. Por toda parte.
Não há para onde ir, não tem como escapar.
Só uma empresa aérea voa para lá, navios cargueiros, vez e outra; cruzeiros raríssimos.
Por que quase 5000 habitantes moram na ilhazinha? Por que viver em lugar tão difícil de chegar, tão solitário? Água potável só de chuva, quase todos os alimentos são importados, as terras pertencem 70% ao governo chileno e o resto sobra pouco para cultivo e gado. Tudo vem de fora, nada é feito lá. Por que viver assim?
E se vive há séculos, desde que, provavelmente, uns polinésios doidos cruzaram milhares de quilômetros em botes, talvez vindos das Ilhas Marquesas e lá aportaram há uns 4 ou 5 séculos após o nascimento de Jesus Cristo. A ilha, em seu apogeu, chegou a ter 15 000 pessoas, os pirados que construíram aquelas fabulosas e enormes estátuas chamadas moais, que fazem mais de 50 000 turistas a cada ano, ficarem embasbacados. Até o ator Kevin Kostner arriscou uma mega produção em 1994 sobra a ilha maluca. Deu o nome polinésio da ilha, Rapa Nui. Fracasso total de crítica e bilheteria.
Dos pioneiros sobrou pouco, pois através dos séculos, lutas, escassez de alimentos, doenças e invasões estrangeiras dizimaram os nativos. Dos que restaram, triste figura: não querem ser chilenos (a quem pertence a ilha faz tempo), querem ser independentes. Como? Tem orgulho de suas origens, mas não há certeza delas; é apenas especulação.” Acho que...” “Há estudos que dizem”...
Vivem do nada, no meio do nada, para nada...
Para os turistas, é tudo divertido, claro. Interessantíssimo sob o ponto de vista histórico e atualmente os sítios arqueológicos e monumentos principais estão muito bem preservados pelas autoridades chilenas. O vulcão onde os tais povos desmiolados esculpiam os moais continua sendo o ponto alto em matéria de atração histórico-turística, pois se pode observar a “linha de montagem” dos enigmáticos gigantes de pedra. A única praia da ilha é uma das mais bonitas do mundo. Mar azul pavão e turquesa, areia rosada, coqueiral com gramado, dunas, lugares bons e simples para se comer. Até limpos banheiros públicos. A praia é recinto histórico pois é decorada com moais que dão as costas às belezas naturais e parecem ignorar os banhistas. São os únicos com chapéu na ilha. Bizarros “sombreros” avermelhados. Ver para crer.
Além de caminhadas, cavalgadas e a dita praia, há interessantes possibilidades em mergulho autônomo. Para os menos esportivos e energéticos, atualmente bons hotéis e restaurantes interessantes.
A desvantagem de tal lugar fascinante: o custo.
A LAN detém o monopólio absoluto dos vôos e cobra de acordo. Cinco horas e meia na ida e quatro de quarenta e cinco na volta. Longinho...
Por enquanto só há dois hotéis dignos do nome: Explora e Altiplánico. O primeiro é ótimo, all inclusive, aquela mesma mini-cadeia da Patagônia de do Atacama. É coisa de mais de 1000 dólares por dia, por pessoa. O outro é legalzinho, vistas para o mar, descolado, 350 dólares o casal. Só café da manhã. O resto é composto de pensões , hotéis simples e casas de aluguel. Tudo MUITO BÁSICO. Ficamos no Cabañas Mana Ora, indicação “especial” do Lonely Planet. Uma porcaria que não valeu um centavo sequer dos 150 dólares diários que pagamos pela tal “cabana”. Sem café da manhã, claro. As únicas casas de aluguel que valem a pena, pertencem a um francês ( www.hevapropiedades.cl) que foi membro da equipe do explorador oceanográfico, Jacques Cousteau. Variando entre 350 3 450 dólares por dia, com 170 m2 de área, bem construídas, equipadas, vistas para o mar e belos jardins. O antigo hotel Hanga Roa sofre mega reforma e no próximo ano deve virar a atração da ilha. Na certa, será o maior e de localização mais central. Bom para grupos.
Quem quiser algo mais central, na avenida Atamu Tekena, o “hot spot” da vila, o pequeno hotel australiano-chileno Taura’a, com apenas 10 quartos é bastante decente. Meu marido hospedou-se lá há 5 anos e gostou. Não é barato. No mínimo 140 dólares por quarto. Com café da manhã. Entre este hotel e o charmoso café resto Aloha, existe um restaurante com cozinha aberta, raridade no local, bastante bom. Massas, saladas e frutos do mar são bem feitos e apresentados e o lugar é ajeitado e romântico (infelizmente não me lembro do nome da casa). Outra raridade...
Se eu voltasse amanhã, escolheria o hotel Altiplánico para ficar, cópia mais barata e bem sucedida do Explora. Segue os passos do “mentor” na Patagônia e no Atacama, com lugares bem interessantes. O Alitplánico fica fora da cidade mas não impossivelmente longe (caso do Explora), não é mortalmente caro, vistas lindas para o mar e para um moai triste, sério e solitário; exibe nível decente de conforto e possibilita aos que gostam de caminhar, bom exercício até à “cidade”.
Hanga Roa é o centro da ilha, uma vilazinha doida e feia, com toques de Trancoso e Monte Verde, numa mescla de cães e cavalos soltos por todo o lado, ruas esburacadas, lojas capengas, uma igreja e museu que valem as visitas e alguns restaurantes bons e bizarros como Au Bout Du Monde, Ariki (só pelas empanadas) e La Taverne Du Pecheur. Comida internacional com toques franceses e bastante peixe cru; bem preparada. Cara. Nenhum casal come decentemente por menos de 100 dólares. Em lugares que estão mais para “barraco-chique” do que para restaurantes. Onde à noite com freqüência acaba a luz e a espera pelos pratos pode ser longa.
A vantagem etílica é o bom vinho chileno e os refrescantes piscos sours.
Do ponto de vistas das compras, economia total! Não há zero para comprar. O artesanato é horrendo, roupas nem pensar.
Por que ir à tal lugar? Caro e longe?
Porque não há NADA igual no mundo. A ilha é única e o que se vê por lá não se vê em lugar algum. Sua história é distinta de todas as ilhas por todos os oceanos de nosso planeta, o povo é uma mistura estranhíssima de chileno com os semi-polinésios acima citados, seu estilo de vida é ímpar e conversar come eles é inesquecível. Cada um tem uma razão para viver e gostar de tal maluqueira e isolamento. Um fugindo do caos urbano de Santiago, um suíço que se apaixonou por uma nativa, comissária de bordo da LAN, um dentista chileno que virou uma espécie de Paul Gaugin da ilha, “enlouquecido” pelas mulheres e a “magia e sedução” dos trópicos. E por aí vai...
Seu povo, vulcões, moais, centenas de cavalos selvagens, ruínas, cavernas , lendas, suposições, mistérios e a moldura fabulosa do azul profundo do Pacífico valem o investimento.
E com tanto tsunami, terremoto e vulcões furiosos atualmente, vá antes que acabe!

Viña Santa Rita – 24 de abril de 2010

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