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quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

CAMINHO DO MAR - DEZEMBRO 2020

CAMINHO DO MAR – Dezembro 2020 Em tempos pandêmicos, dar uma escapada saudável e segura não está fácil, mas caminhar pela velha e boa estrada de Santos não é nada mal; 8.5 quilômetros entre a beleza da Mata Atlântica, o gorjeio alegre dos pássaros e flores coloridas quebrando o verde. Minhas lembranças da estrada vão até minha infância e adolescência, quando subíamos esta serra de carro, aventura que durava muito tempo, devido ao fato de meu avo dirigir bem devagar para não bater no carro em mão contrária ou cair na valeta que escoa a água das inúmeras cachoeiras do trajeto. Em 2004 a estrada foi reformada e com sinalização e estrutura adequadas, tornou-se um caminho de pedestres e um programão de fim de semana. A coisa funciona assim: Pode-se começar pela entrada do parque estadual da Serra do Mar em Diadema ou pela entrada na refinaria da Petrobrás, em Cubatão. Comecei por Diadema e me engajei num grupo de 30 pessoas e um ônibus com guia para nos levar até Diadema e nos buscar em Cubatão. Esta é a maneira mais fácil e suave. Só descida. Para os atléticos, em boa forma, sugiro estacionar o carro no espaço externo a entrada do parque em Diadema, descer até Cubatão a pé e subir a pé. São maravilhosos e suados 17 quilômetros de exercício inesquecível. Não é só natureza, mas história também. Há ruinas, estradas de mulas de 1700 em bom estado de conservação, construções bonitas de 1920, paradouros de viajantes, mirantes e uma reconstrução do lugar onde Dom Pedro I se encontrava com a famosa Marquesa de Santos. Por enquanto, tudo isto não está em bom estado de conservação, mas com o bicentenário da Independência do Brasil, daqui a menos de dois anos, há sérias intenções de restauro. Veremos. Mesmo assim, a atmosfera histórica é forte, a vista do mar e Santos é tão bonita que nos faz esquecer da miséria e poluição que é Cubatão. O passeio é oferecido por várias agencias que tem como vantagem providenciar o transporte. Por outro lado, perde-se muito tempo com grupos em que nem todos se encontram no preparo físico adequado para a empreitada. Sugiro informar-se no site do parque e fazer o passeio de modo independente e no seu ritmo e preferência. Levando água e comida, pois não há NADA para comprar dentro do parque. Em percurso que todos os paulistanos estão acostumados a fazer de carro e ônibus, caminhar e realmente vivenciar o deslumbre e riqueza da floresta, é um privilégio e um toque de esperança em tempos de morte, dor, confusão e caos político. São Paulo, 10 de dezembro de 2020.

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

ESTOCOLMO E AROSA - NOVEMBRO 2020

VIAGENS PANDEMICAS – ESTOCOLMO E AROSA NOVEMBRO 2020 Aproveitando os dias gelados e coloridos pela folhagem outonal, sol já esmaecido, mas luz ainda bonita num ano tão feio e conturbado como este maldito 2020, inesquecível pela pandemia do Corona vírus e suas nefastas consequências. Aproveitando para conhecer lugares da Europa nos quais nunca estive, apesar das restrições de viagens e incerteza que paira no ar desde março deste ano. Primeiro a pequena e charmosa Arosa, encravada nos Alpes suíços, alcançável por uma estrada que tem tantas curvas quanto os dias do ano (exatas 365!), um sacrifício que vale muito pela beleza das paisagens e o aconchego da neve, da lareira, das fondues e bebidas com alto teor alcoólico. Mas Arosa não é apenas mais uma estação de esqui na Suíça, visto que abriga um importante projeto de conservação animal, o Parque dos Ursos (BÄREN PARK), cujo diferencial é uma enorme área para ursos que sofreram abusos em cativeiro, usados em circos e restaurantes e tratados de maneira cruel. A estrutura do lugar é poderosa e se chega até o parque nos bondinhos que levam os esquiadores às pistas. Há monitores e sinalização que explicam tudo, histórias muito interessantes e é uma alegria ver os lindos bichos peludos, soltos, felizes e bem tratados. Nada de jaulas, só verde, neve, árvores, cavernas e rochas. Os tratadores escondem comida para os ursos nos lugares mais inusitados e os inteligentes bichos descobrem tudo e a criançada delira e torce por eles. Outro diferencial de Arosa é possuir um lago cristalino, cheio de bucólicos patos coloridos, em cujo entorno há cafés e restaurantes e um lugar plano para caminhadas e corridas. Em lugares íngremes e montanhosos, superfícies planas são uma benção! Além das atividades de neve, existem muitas caminhadas possíveis, vilarejos próximos, bom comércio, hotéis e restaurantes. Estações de esqui não são baratas, mas optar por Airbnb é boa solução e a oferta de casas e apartamentos é extensa. Compensa se comparado ao preço estratosférico dos hotéis e seus apertados quartos. Quanto à bela e chique Estocolmo, esplendida capital sueca, ela sempre esteve na minha bucket list, aquela relação dos 1000 lugares que se quer conhecer antes de partir desta vida para a outra dimensão. Mesmo sendo novembro uma época já fria e escura para aproveitar a cidade, o lugar é tão interessante, que nos faz esquecer a falta de luz solar e as temperaturas inóspitas. Estocolmo foi minha terceira capital escandinava, só faltando agora Helsinque. É minha segunda favorita, seguida pela campeã Copenhagen e a singela Oslo. Me surpreendeu pelo tamanho, luxo absoluto das enormes construções, a modernidade tecnológica e a gastronomia divina. Além de uma infinidade de teatros e museus rivalizando com Londres e Paris, numa cidade de apenas 1 milhão de habitantes. A Escandinávia tem fama de cara, é de fato, mas não tanto como a Suíça, meus país adotado e uma viagem pela Suécia não é necessariamente um bomba relógio no orçamento. Optei por um hotel simples, ao lado da estação central de trens, boa escolha. Nestes países nórdicos os padrões de limpeza e conforto são altos e hotéis mais em conta os tem também. Ficar perto das estações centrais de trem, na Europa, é ótima ideia, pois muitas delas são verdadeiros shopping centers, tem localizações privilegiadas e conexões fáceis ao aeroporto, que é bem o caso de Estocolmo. O Arlanda Express é um trem amarelo e maravilhoso, que facilita e barateia muito a vida do turista. Economize nisto e gaste das lojas fantásticas de Estocolmo, nos restaurantes e cafés celestiais. Museus e teatros tem muitos combos e promoções que amenizam os custos. Os inúmeros e belíssimos parques instalados em ilhas facilmente alcançáveis, são também ótimas escolhas de relaxamento, exercício e diversão. No setor gastronômico uma infinidade de restaurantes e cafés maravilhosos. No destaque: Nalen – cozinha moderna, risoto de cogumelos chanterelle com alcachofras fritas e sorvete de lingonberry (uma das muitas frutas dos bosques escandinavos) com amêndoas defumadas. Lisa Elmqvist – frutos do mar ultrassofisticados em meio a um mercado que vende tudo, silencioso e limpo, o incrível Saluhall. Kryp In – ambiente todo branco, ambiente aconchegante em casa muito antiga no bairro histórico Gamla Stan. Incrível custo benefício com cozinha mega sofisticada. Sopa de cogumelos, rosbife de rena com geleia de blueberry e cipreste refogado. Mousse de chocolate com óleo de oliva e sal arremata uma refeição inovadora e muito bem executada. Butiken – para sanduíches de salmão ou camarão com pão preto e cereais, bem típicos da Suécia e uma torta de brigadeiro como nunca vi fora do Brasil. Märten Trotzig – tradicional, para provar as famosas almondegas com molho rosado, purê de batata e compota de cranberry. Prato ícone da Suécia. Os cafés Vette Katten, Saturmus e Grillska Huset oferecem bebidas quentes e reconfortantes, doce extraordinários e sanduíches sensacionais. Destaque para os doces típicos, conhecidos como FISKA. O dammsugare, as bolas de chocolate ou caramelo cobertas de coco ralado e os pães doces de canela que mais parecem um enorme novelo de lã, são inacreditáveis. O doce Princess é um sonho de creme chantilly e marzipan e os doces de chocolate tipo “Nhá Benta” do Vette Katten não tem igual. Mas não só de comes e bebes vive Estocolmo e seus inúmeros museus e teatros consomem dias para serem visitados e adequadamente apreciados. Em tempos de pandemia, a maior parte destas atrações fechadas, consegui visitar o museu de fotografia mais interessante que já havia visto, o Fotografiska. Com direito a exposições de primeira linha, vistas maravilhosas de Estocolmo e um restaurante bom e descolado. Também assisti a um concerto de órgão na linda igreja Hedviga Eleonora. Na certa voltarei para conhecer o Palácio Real, visitar ilhas alcançáveis por balsas, passear pelos belos parques e curtir a vida noturna da chique e vibrante Estocolmo. Zurique, 19 de novembro de 2020

domingo, 18 de outubro de 2020

MONTE VERDE - OUTUBRO 2020 - O RETORNO

MONTE VERDE - 0 RETORNO Há nove anos não ia por lá, lugar onde tive casa de 1985 a 2001 e fiquei curiosa com artigos de revistas e relatos de amigos que diziam que havia progresso e muitas novidades. De fato, a começar pela serrinha íngreme que liga a feia Camanducaia, no sul de Minas, a pitoresca Monte Verde. Os duros 35 kms morro acima estão asfaltados, bem como as ruas principais da cidadezinha com cerca de 6000 habitantes e bem mais do que isto de turistas. E que tipo de turistas? Todos: dos genéricos aos românticos, dos esportistas a famílias. Há hospedagem para todo gosto e bolso, muitas casas de aluguel e muitos restaurantes e bares novos. Bem como lojas e opções de lazer, além de uma surpreendente e bem montada clínica de saúde. As ruas de terra, infelizmente, ainda são maioria, mas para caminhar são excelentes e o exercício a pé ou de bicicleta é puxado e as vistas da Serra da Mantiqueira, muito bonitas. A vegetação continua intacta e exuberante, o frio segue por lá, o ar puro também e há programação para todos. Só desaconselho a pessoas com problemas de locomoção ou em dietas muito restritivas. Afinal a loja e fábrica de chocolates Gressoney continua por lá, melhor do que nunca, desde sua fundação em 1978. Marzipans, mordiscos e prímulas são imbatíveis, além de bombons celestiais. Tem café agradável e até filial menor bem no centrinho. Imperdível. O nhoque recheado da Mamma Tera continua igual, agora preparado pela neta da fundadora. O polpetone da cantina italiana, bem na entrada da cidade, à direita, é quase tão bom quanto o da cantina Jardim di Napoli em São Paulo. Todas as guloseimas acima citadas não são baratas, aliás, Monte Verde não é destino barato. Por exemplo, me hospedei num aconchegante chalé que encontrei no Airbnb. Limpo, charmoso, equipado e bem montado, custa mais do que um apto muito bem mobiliado e bem localizado, em Curitiba. Três noites em Monte Verde custam cerca de 20% a mais do que 5 em Curitiba. Por quê? Pela proximidade com São Paulo e bom acesso de carro e por ser menor e mais charmosa que Campos do Jordão, por oferecer caminhadas interessantes e trilhas lindas por todo lado, ao contrário da ainda mais cara Santo Antônio do Pinhal, com vistas divinas, mas caminhadas quase inexistentes. Monte Verde é uma opção para turismo de montanha, hoje em dia, que fica na categoria rústico-com-conforto. Quando eu tinha casa lá era só “rústico”. Agora hotéis, pousadas e casas muito confortáveis, além de restaurantes bem variados (no meu tempo, só truta e fondue), farmácias bem estocadas e supermercados fartos, fazem par com o melhor pão de queijo do Brasil, no bucólico café da Galeria Suíça e uma infinidade de lojinhas interessantes e cantinhos charmosos para um strudel a tarde. Há um pequeno rinque de patinação para crianças e um Ice Bar ao estilo sueco. E dois postos de gasolina, além de banco e caixas automáticos, modernidades impensáveis nos idos de 1985. Como estamos nas Minas Gerais, móveis e objetos estilo Tiradentes e Bichinho, agora se encontram disponíveis na região, bem como os veneráveis sabonetes da Alpina. Vale a pena encarar as 3 horas e meia de estrada e dormir no silencio de Monte Verde, ainda ele um dos mais intensos e abençoados do sudeste brasileiro. São Paulo, 18 de outubro de 2020.

domingo, 16 de agosto de 2020

VIAJANDO NA PANDEMIA - PARTE 2 - SUÍÇA, FRANÇA E DINAMARCA

VIAJANDO NA PANDEMIA Parte 2 Se foi difícil viajar pelo Brasil de abril a junho, o que diria de cinco semanas na Europa? Nada fácil, mas por ser casada com um europeu, pude embarcar com relativa facilidade rumo a Zurich e uma vez lá, passear pela Suíça, França e Dinamarca. O que faço há mais de vinte anos, se tornou uma aventura e deu muito certo. Num verão ameno, curtindo o relax total dos europeus sem máscara, a moçada aglomerada em praias e piscinas, festa e sol por todo lado. Parecia estar em outro planeta, vinda das Américas tão tristes e contaminadas. Pelos três países acima citados, viajar é quase normal e tudo funciona, menos eventos grandes e teatro. Tive sorte de ter chegado dois dias antes de estabelecerem quarentena para brasileiros, portanto aproveitei cada minuto destas alegres semanas. Além das adoráveis Zurich e Basel, onde temos nossas bases, fomos a uma estação de esqui linda, Andermatt. O diferencial em relação a lugares de neve é que Andermatt captou investimentos poderosos de milionários egípcios que por lá construíram um dos hotéis mais bonitos e bem decorados do mundo, o Chedi. Ponto de partida para reformarem tudo, das pistas, aos lifts, até a estação de trem entrou no projeto e é uma das mais modernas da Suíça. Outros hotéis e aparts se seguiram e o resultado é uma mistura maravilhosa de antigo e moderno, com bom gosto e respeito a natureza. Gastronomia de primeira, é claro e caminhadas maravilhosas e suaves – coisa rara nas íngremes montanhas do lugar – ao longo dos rios e do belo campo de golfe. O vale é bem comprido, quase plano e acessível; andamos até o vilarejo de Hospental, parando para almoçar na Hospedaria Sankt Gallen e depois queimando as calorias no trajeto até o torreão antigo, cujas ruínas oferecem vistas maravilhosas. O clube de golfe patrocinava arte a céu aberto e boa parte do trajeto foi feita entre esculturas bizarras e interessantes. Arte com trekking! Cafés da manhã no Biselli, almoço com tradicionais batatas rosti ao modo montanhês e jantar afrancesado na Vinotek. Melhor impossível. Na volta, paramos em Einsiedeln, importante local de peregrinação católica da Suíça e visitamos a enorme e imponente abadia dedicada à Virgem Maria, que junto a Lourdes e Fátima, é uma das mais importantes do mundo. Vale a parada, pois o lugar é uma espécie de Aparecida do Norte, na Suíça. A igreja é de um luxo excessivo, toda rebuscada em tons de rosa e dourado, um tanto over, mas interessante. Os doces fabricados na enorme abadia são de enlouquecer de bons, não perca! No outro fim de semana, retorno a nossa amada Alsácia e seus foie gras, tortas flambadas e vinhos deliciosos. Desta vez nos hospedamos num hotel adorável, no meio das vinícolas, o Clos de Saint Vincent. Quarto excelente e bom café da manhã com vista às parreiras. Visitamos as cidadezinhas de Ribeauvillé, Riquewihr e Kayserberg. Difícil escolher a mais adorável. Todas lindas, bem preservadas, limpas, vazias em tempos pandêmicos, sem turistas em ônibus, repletas de lojinhas estonteantes. Sem as hordas ruidosas, pudemos conhecer direito o castelo Haut Kronenbourg, que é um show e assistir ao espetáculo protagonizado por aves de rapina da Volerie, projeto que acolhe e protege estas espécies de aves. Os restaurantes da região dispensam apresentação e indicação. Entre, simplesmente, no que achar mais convidativo. Tudo e todos são bons. Afinal de contas, você está na França, no interior, numa região de terroir fabuloso para vinhos e comidinhas celestiais. Aproveite! Última e sensacional “escala” da viagem pandêmica, parte 2, Copenhagen, capital da Dinamarca. Nunca havia estado no país e me maravilhei com Copenhagen, uma das cidades mais bonitas, alegres, modernas, históricas, charmosas, divertidas e surpreendentes da Europa. Fui sem esperar muito e voltei encantada, já planejando retorno em futuro próximo. Se possível, no verão, onde a alegria impera e o clima é delicioso. Fora a simpatia e descontração dos dinamarqueses, as bicicletas bem organizadas por toda parte, a arquitetura de vanguarda estonteante na região da nova Opera, do Boxx e do Black Diamond. O legal da cidade é bem isso, a mistura genial de tradicional e moderno, aproveitando todos os espaços beira-mar, preservando sem destruir. Visitei 9 museus em 4 dias e só perdi 2 porque estavam fechados, senão teriam sido 11! A riqueza cultural da Dinamarca é impressionante considerando-se o tamanho do país e sua história marcada por várias guerras é super interessante. O museu da Guerra, os palácios estonteantes, o acesso livre que se tem a eles, um dos quais é a sede do parlamento dinamarquês, mas totalmente aberto ao público, bem como jardins e praças. Sem grades e barreiras, policiamento mínimo. Nunca tinha visto espaço de famílias reais, em uso, sem muros ou grades. Num destes espaços reais estive no museu do teatro, dentro de um teatro de mais de 250 anos, inteiro de madeira, original, o Court Theater; perfeitamente preservado, onde na mesma noite assisti a um belo concerto de guitarra. Por ali perto, o museu Nacional, o museu de Copenhagen e a Glyptotehk são fascinantes, viagens pelo tempo e história, arte e revoluções. Em cidades europeias as igrejas são muitas vezes as estrelas dos lugares, mas não em Copenhagen. Há várias, claro, mas o protagonismo é cultural e urbano. Além da natureza ali muito bem representada pelo mar. Não fiz passeios de barco, mas há muitos disponíveis e nem visitei o parque de diversão que serviu de inspiração à amada Disney dos brasileiros. O Tivoli é bem central e além de montanhas russas e rodas gigantes, oferece espetáculos de dança, concertos e atrações infantis variadas. Fica para a próxima visita. A Dinamarca, é hoje, um centro de gastronomia ultra moderna, dos mais importantes, só rivalizando com a Espanha em termos de inovação. É o berço do restaurante Noma, por muitos anos considerado o melhor do mundo. Não enfrentei os 400 euros ali cobrados por refeição, mas comi muitíssimo bem e pude ter ideia do porquê a Dinamarca dá as cartas atualmente no quesito alimentar. Em quatro magníficos restaurantes em Copenhagen (Naervaer, restaurantes dos museus Louisiana e Museu Nacional e o Zum Fishoek, pequeno e aconchegante em casa antiga e barco num canal perto do Parlamento) e na cidade a 30 minutos de trem dali Humlebek, provei a comida tradicional do país e a mais moderna. A primeira, peixes, a segunda vegetais. As duas preparadas de forma completamente diferente de pescados tradicionais ou vegetais comuns. Só indo à Dinamarca para saber como são. Difíceis de copiar... Um dos pontos altos desta primeira visita ao país menos nórdico da Escandinávia, foi o museu Louisiana. Arte contemporânea, uma espécie de Inhotim dinamarquês, beira lago e beira mar. Tudo vale a pena, do trajeto de trem da estação central ao desembarque na pequena cidade, a caminhada até o museu, os gramados, as flores, o restaurante e o acervo. Fora as exposições temporárias. É considerado um dos mais importantes do mundo e é um programão, mesmo para quem não é tão fanático por arte modernosa. Não desanime com o site que diz que não há mais ingressos. Não me dei por vencida, fui assim mesmo, na altíssima estação. Fiz modesta fila de meia hora e passei umas cinco horas divinas por ali. Compras seguem o modelo maravilhoso e caro de outras importantes cidades da Europa. Lojas poderosas, grandes marcas. Mas o design dinamarquês faz a diferença em tudo o que for relativo à casa. Móveis, decoração, objetos. De alucinar de bonitos e diferentes. As lojas dos museus são viciantes e mesmo sem comprar nada, regalam os olhos. Brinquedos além dos famosos LEGO do país e moda arrojada, além de itens comestíveis dos melhores, completam a lista de compras. Fácil de viajar por lá? Muito. Todos falam inglês perfeito e o transporte público é acessível, bem sinalizado e excelente. Bikes alugáveis por toda parte. Dica de cabeleireiro, o Beauty Center do shopping Fisketorvet. Profissionais vietnamitas perfeitas. Aproveite também as lojas do elegante e bem iluminado shopping, além de cinema Imax e restaurantes bem legais. Se o seu forte são chocolates e marzipans, o Michelsen num quiosque pequeno, piso térreo, é inacreditável... Custo? Alto, mas mais barato que minha amada Suíça e minha querida Noruega. Não é consolo, mas para nós que vivemos em sofridos Reais, tudo é caro, certo? Relax and enjoy it! São Paulo, 16 de maio de 2020.

terça-feira, 30 de junho de 2020

VIAJANDO NA PANDEMIA

VIAJANDO DURANTE A PANDEMIA Cinco meses de muita luta, tentando manter um hábito viageiro que me é caro há muitos anos. Confesso que, apesar de prazeroso, viajar no primeiro semestre de 2020, este ano interminável e amaldiçoado, tem sido tarefa árdua. Das primeiras máscaras em aeroportos e aviões até medição de temperatura em toda parte, distanciamento físico em aeronaves lotadas, luvas e muito medo. Valeu a pena? Na certa. O prazer de mudar de ares ainda vale o cancelamento em série dos voos, as incertezas do abre e fecha nos lugares de destino e as estranhezas que este vírus provocou. Curitiba foi o primeiro lugar com restaurantes abertos em vários meses, uma delícia de experiencia, que apesar de tão comum, transformou-se em ocasião especial. Até deu para descobrir uma casa nova, o Sotto, lugar de cozinha impecável e carta de vinhos mais ainda. Meus clássicos e favoritos Terra Madre, Durski e Madero Prime continuam firmes por lá. Já o Nomade, encontrei fechado... Com cinemas e teatros fechados, finalmente conheci o enorme Parque Barigui, linda área verde no centro de Curitiba, três horas deliciosas caminhando em meio a pássaros lindos e enormes capivaras. Eu que não sou muito de shopping, me deliciei no Pátio Batel, como se nunca tivesse estado num centro comercial. Em tempos bicudos, a gente passa a valorizar o “carne-de-vaca” que toma cores de programão. Para quem gosta de roupa esportiva, este shopping tem a loja mais bonita e agradável que já vi, além de bem sortida, da marca americana The North Face. Passei quase três semanas em apartamento alugado na praia do Forte, Bahia. Dias de paz e sol, moqueca delivery, bastante reflexão e harmonia nas caminhadas longas pelas areias infinitas desta região. Não senti falta de lojas, restaurantes ou hotéis. Curti a natureza, silencio e o barulho do mar. Próxima parada, minha amada Gramado, quase duas semanas de sol, frio, chuva, neblina, sapos e vento. Li cinco livros, fui a três restaurantes, comi pinhão bem quente na casca e comprado na beira da estrada, reinventei novas receitas de pratos suíços, caminhei muitas horas em volta do Lago Negro e curti as duas mini casas estilo Hobbits que aluguei num sítio de cogumelos ( Sítio dos Cogumelos Montanhês) indicado por um nativo. Não poderia ter escolhido melhor, bom e barato. A propriedade é linda, um jardim de sonho cheio de colibris, florestas, rios e cachoeiras, a apenas 4 kms do centro de Gramado. Os donos são ótimos e as duas casinhas muito bem equipadas, limpíssimas e cheirosas, flores e mimos por todos os cantos. Ganhei shitake, shimeji e hiratake de graça, aprendi a prepará-los e misturá-los bem, dormi como um anjo e aproveitei o sol no meu sítio sem casa. Em Gramado está quase tudo aberto, mas a natureza e a alegria de estar ali foram tão grandes que nem senti falta dos parques, restaurantes e viagens a cidades vizinhas, além das muitas compras que faço habitualmente. Um dos poucos lados bons da pandemia é poder recriar hábitos e descobrir o simples. Só mesmo esta catástrofe sanitária para mudar, a força e contragosto, prazeres de uma vida inteira. Gramado, 30 de junho 2020.

domingo, 15 de março de 2020

GRAMADO E VALE DOS VINHEDOS - UPDATE 2020

GRAMADO E VALE DOS VINHEDOS UPDATE 2020 Corona vírus ou não, as regiões do título deste artigo continuam lindas, ensolaradas e divertidas. Carnaval por lá foi uma ideia estupenda, fugindo do calor, muvuca, sujeira e preços altos das praias brasileiras. Gramado é o anti-carnaval e Bento Gonçalves idem; muito me surpreendendo com o número de cariocas que encontrei na região, todos fugindo do estresse acima citado. Muitos nordestinos também. Gramado não para de se reinventar e restaurantes como Nonno Mio e Trattoria Boniatti foram belas surpresas no campo gastronômico. O ótimo La Braise se mudou de Canela a Gramado, para um local chique e exclusivo, parte do complexo Villa Berti. Mas, para mim que vou com frequência a Gramado, o toque diferente foi mesmo uma volta ao Vale dos Vinhedos, na região vinícola de Bento Gonçalves, onde não me hospedava há vários anos. Os 120 quilômetros que separam as duas cidades são facilmente percorridos, até para um bate e volta de dia inteiro. Infelizmente, só fiquei uma noite, mas voltarei em breve, pois há muito o que fazer por lá. Me hospedei na adorável Pousada Cantelli, bom custo benefício, no Caminhos de Pedra, rota histórica-gastronômica que não conhecia. Por estradinhas verdes e bem cuidadas, um sem número de atrações, que vão, é claro, das vinícolas a excelentes restaurantes típicos como o Casa Vanni, à sofisticação modernista do sensacional chef Rodrigo Bellora e seu fantástico Valle Rústico. Lojas, casarões antigos e bem restaurados, parques, igrejas e muita história da colonização italiana a quem nós brasileiros devemos os bons vinhos que hoje em dia o Brasil produz. Nossos vinhos ganham cada vez mais prêmios, mas são caros se comparados a chilenos e argentinos. Nossos espumantes são muito bons e mais competitivos e no meu curto tempo por ali, escolhi visitar a Família Geisse, cujo proprietário chileno faz o melhor espumante do Brasil. A visita é deliciosa, com direito a empanadas chilenas, explicações interessantíssimas e degustação maravilhosa. O lugar é lindo, encravado nas colinas muito verdes da região, tudo super bem cuidado e de bom gosto. A loja é perfeita e comprar bebidas difíceis de encontrar nos supermercados, é uma oportunidade única. Como, por exemplo, o espumante rústico, ainda contendo os sedimentos da fase produtiva (sur lie, nome técnico do produto, em francês), um espumante com leve toque de cerveja, divino. O passeio de trem entre Bento Gonçalves e Antônio Prado vale muito a pena, super bem organizado e é diversão garantida para adultos e crianças. O trajeto é curto, o trem antigo, mas a parte de entretenimento, música, história e simpatia dão o toque turístico-Disney à produção. Há degustação de vinho e produtos regionais, tudo simples e alegre, bem Brasil mesmo. Há certas datas em que o trem Maria Fumaça promove degustações sérias de vinho. Volto para conferir. Escolher a época do Carnaval, que em geral coincide com a vindima, a colheita das uvas, é também uma atração à parte, pois várias vinícolas organizam visitas em que se participa da colheita das uvas. A Ravanello, perto de Gramado, promove isto todos os anos. As grandes produtoras de Bento e Garibaldi, combinam almoços, passeios e hospedagem também. Para os amantes do vinho e comida ítalo-brasileira maravilhosa, passar uma semana na região é uma grande pedida. Para os aventureiros, trilhas, balonismo, arvorismo, asa delta e canoagem. Em reais, ao ar livre e prestigiando as coisas do Brasil. E no campo “prestigiar as coisas do Brasil”, atenção “foodies”, amantes da boa mesa: o chef acima mencionado, Rodrigo Bellora, além do inovador Valle Rústico, possui um restaurante típico gaúcho em Farroupilha, o Guaraipo, que me pareceu intrigante e ele também assina o cardápio modernoso do Wood, em Gramado. Ele é extremamente talentoso, criativo e só utiliza ingredientes orgânicos, locais e brasileiros. Recentemente fui a um jantar em Curitiba, no restaurante Nomade, onde o Rodrigo dividia as atenções com o jovem chef curitibano, Lenin Palhano. Um show de degustações que percorreram um largo espectro da cozinha nacional: ostras, porco, peixe, pinhão, massa saborosamente abrasileirada, sobremesa de caqui, queijos locais com melaço de cachaça, cafés especiais e outras delícias. Estes dois jovens talentosos vão longe e na certa não tardarão a brilhar no ranking dos melhores do mundo, anualmente listados pela revista inglesa, Restaurant. Bom apetite!

sábado, 15 de fevereiro de 2020

NEW YORK - INVERNO 2020

NEW YORK – INVERNO 2020 Por que voltar sempre a uma cidade enorme, lotada, atualmente suja e cujo estado de manutenção das ruas lembra o de São Paulo? Barulhenta, caótica, cara, ou quentíssima no verão ou gelada no inverno, por quê? Pelo teatro, pelo renovado MOMA, pelo Hudson Yards, pelo Brooklyn, por Chinatown e um sem-número de atrações de tirar o folego, muitas delas únicas; a cidade mais interessante dos EUA. Aliás, única para mim, pois através dos anos perdi todo e qualquer interesse pelos EUA, mas Nova Iorque continua no meu coração e na minha agenda. Talvez por sua capacidade infinita de renovação e superação, talvez por odiarem o Trump por lá, não sei e não importa; continuo fiel. A cena teatral vibrante conta com nova atração: WEST SIDE STORY. Aquele musical antigão está fabuloso na versão super moderna de uns artistas belgas. Imperdível mesmo para quem não entende uma sequer palavra de inglês. Tina é outro espetáculo must-see, contando em animação frenética a vida da cantora Tina Turner. Moulin Rouge é melhor do que o filme com Nicole Kidman. Desta vez tomei coragem, cruzei Manhattan a pé e duas horas e meia depois cheguei ao Brooklyn e vi uma versão mega-cool de Medea. Para os andarilhos como eu, curtir a maluquice de Chinatown em tempos de Corona vírus é maluquice e atravessar a Manhattan Bridge junto com os trens do metro é outra; adrenalina total e relax completo depois, num filme russo no delicioso cineminha Film Forum, na Hudson Street. Os cinemas de Nova Iorque são uma atração a parte, o acima citado é uma delícia e enormes bolos e cookies completam a pipoca tradicional. O Cinépolis de Chelsea é elegante e moderno, o AMC do Lincoln Centre gigante e diversificado, o AMC da Broadway dá medo de tão sujo e o Film Centre dentro do complexo do Lincoln Centre é estupendo. Por que ir ao cinema nesta cidade tão interessante? Para quem gosta de longas caminhadas e não quer perder tempo em quartos de hotel, os cinemas são uma pausa bem vinda, um descanso adorável. Fuga de chuva, neve, relax total. Pela primeira vez assisti ballet na Big Apple e me encantei com a qualidade e tamanho do teatro dedicado à dança do Lincoln Centre. Compre o ingresso mais barato e você terá visão maravilhosa do espetáculo, neste teatro projetado para dança. Nunca vi nada igual e se estiver na época de natal por ali, não perca o Quebra Nozes, um lindo ballet clássico, encenado todos os anos. Emocionante e perfeito... Conheci também o Museu da Cidade de Nova Iorque, na Quinta avenida. Compacto e intrigante, a história da metrópole é bastante rica e variada. Vale a pena conhecer. Como também vale ver a adição de 30% a mais de espaço ao nosso querido MOMA. Tudo mudado, nova loja, entrada, restaurantes, salas de exposição. A princípio um tanto estranho, mas a nova maneira de exibir as obras é bem mais interessante e inclusiva e nossos artistas brasileiros têm bastante destaque. Dica: comece do sexto andar e vá descendo até o subsolo. Tarefa de dia todo, com almoço lá mesmo. A High Line tem agora uma parte nova, pequena, chama-se Plinth e está bem acima do Mercado Espanhol, restaurante e loja gourmet. Há uma enorme estátua negra, sombria e solene, pairando sobre a rua, sensacional! Deste novo ponto da High Line se pode ver parte do THE SHED e algumas lojas do THE SHOPS. O Shed é um espaço gigante de shows e exposições, com um café bem legal no andar térreo e o novo shopping do Hudson Yards se chama THE SHOPS, bem em frente ao Vessel. O shopping é lindo, os restaurantes super top, lojas idem e será lá a entrada para o observatório THE EDGE, com abertura programada para este ano. O Hudson Yards não para de surpreender e um passeio completo pela High Line, observatório, shopping, Shed e museu Whitney com direito a jantar na charmosa rua Gansevoort, no Meatpacking District, pertinho do Whitney, é outro programaço de dia inteiro. No setor culinário sigo fiel ao The Standard Grill, ao Oyster Bar, P.J. Clark’s, Bar Bolud e às panquecas surreais do Café Fiorello e de novo e bacana adiciono o Charlie Palmer, no hotel Knickerbocker na Broadway. O chef famoso apresenta sensacional cozinha internacional com viés americano e italiano e o ambiente é bonito, escurinho, serviço rápido e simpático e o bar um point de encontro de gente bonita e descolada. Reservas são obrigatórias. Bem como obrigatórios são os cookies gigantes e fenomenais da Levain Bakery e os chocolates belgas da Neuhaus, agora em sua loja flagship na Madison, entre 52 e 53. Tem sorvetes belgas lá também. Yummmmmmm..... Já deu para entender por que volto sempre a Nova Iorque? São Paulo, 15 de fevereiro de 2020

PARIS É UMA FESTA - JANEIRO 2020

PARIS É UMA FESTA! INVERNO – 2020 Paris é divina mesmo fria, cinzenta e varrida por ventos glaciais. Mesmo com as gigantes greves que assolam a França, sua capital é incrivelmente bonita e animada. Mesmo com a Tour Eiffel restrita, nada de se maravilhar com a vista do topo, só a do segundo andar mesmo, há sempre o que fazer e se surpreender. Nossa motivação para os quatro dias ali passados no final de janeiro, foi a impressionante mostra comemorativa dos 500 anos do genial Leonardo da Vinci, no Louvre. Valeu a visita, jamais veríamos o que vimos, tudo reunido e curado impecavelmente, num só lugar. Apesar das multidões que prejudicam a experiencia, Leonardo é maior e mais importante. Comemoramos também nossos 20 anos de relacionamento na “ponte aérea” São Paul-Zurich, tendo em conta o fato de Paris ter sido nosso primeiro destino de viagens internacionais a dois. Foi ótimo há 20 anos e desta vez não foi diferente. Nosso restaurantezinho do coração, as margens do Sena, no Quai Voltaire, não estava mais lá, mas descobrimos outro super aconchegante e com comida moderna, o Fluctuat, no Quai des Orfréves. Tudo desconstruído, tudo maravilhoso. Cheeseburguer francês vem mugindo de tão cru, o queijo é daqueles celestialmente fedorentos;os cogumelos e a mostarda, mais o diferente bacon francês são apresentados entre duas fatias de pão italiano. O foie gras é clássico, a sobremesa é uma torta de limão despedaçada numa tigela e salpicada de amêndoas. Melhor impossível... Desconstruir comida á mania francesa e pode dar muito certo, como é o caso do tradicional Croque Monsieur que no café Angelina, na rue de Rivoli, está mais para Club Sandwich e é apetitoso e delicado mesmo assim. Ousadia na culinária, ousadia na arquitetura, com a Fondation Louis Vuitton no Bois de Boulogne. Vale mesmo pelas linhas espectrais de Frank Gehry em meio ao verde do parque, mas se a mostra vigente não compensar, encarar as filas e as intempéries do tempo pode não compensar. Para nós foi muito bom, pois a mostra de uma arquiteta e decoradora francesa era bem interessante e diferente. O restaurante lá dentro é excelente. Mas apesar da culinária, parte cultural incrível, elegância, compras e outras coisas, Paris vale mesmo pelas caminhadas por suas ruas largas e cheias de vida. Olhar gente, vitrines, aproveitar a calma dos parques e o movimento dos barcos é o que me encanta na cidade. Uma cidade eterna, como Roma, para se voltar sempre em presença física e ad infinitum no coração. São Paulo, 15 de fevereiro de 2020. Dedico este breve relato à minha mãe. Que amava Paris e para onde nunca mais voltará. Nem precisa, sua alma ficou por lá...

sábado, 18 de janeiro de 2020

CRUZEIRO DE REVEILLON - CARIBE 2020

CRUZEIRO DE REVEILLON NO CARIBE – 2020 Vale a pena? Se vale! Muito mais barato do que as caríssimas opções brasileiras, bem menos quente e sem risco de chuvaradas e multidões, um programão. E nem precisa usar roupa branca! E nem enfrentar estradas lotadas e aeroportos travados. Apesar de ser alta estação no Caribe, não se tem aquela sensação de “sufoco” das lotações de verão. Talvez por ser inverno no hemisfério norte, o que torna as temperaturas no Caribe um sonho... Idéia de uns amigos, nos juntamos a eles, relutantes a principio, para um cruzeiro por ilhas do sul do Caribe, sete dias no Celebrity Summit, navio para cerca de 1500 passageiros, do grupo americano Royal Caribbean. Tudo incluído, boa cabine e bebidas alcoólicas à vontade, menos da metade do preço cobrado por bons hotéis do nordeste neste feriado. A festa de Réveillon foi fantástica, banda e DJ excelentes. Há gente medonha e cafona? Sim, é naviozão americano, mas pelo tamanho os genéricos se espalham e comprando boa cabine com terraço e acesso a restaurantes pequenos, a coisa se torna civilizada e divertida. Especialmente considerando-se o fato do navio parar cada dia numa ilha, o que permite a diversificação e a interação com outras pessoas que não as mesmas do navio. Visitamos Barbados, Santa Lucia, St. Kitts, St. Thomas e Antígua, além de San Juan, a capital de Porto Rico, de onde partimos e para onde voltamos. Gostamos de tudo, cada um na sua categoria. Barbados por suas praias, mar transparente e interessante Museu Judaico. Santa Lucia por seus picos íngremes e natureza exuberante. Antígua pela magnifica fortaleza e a adorável missa de Ano Novo que assistimos numa igrejinha do povoado principal. St. Kitts é rica e sofisticada, bom comércio e trajetos montanhosos com vistas incríveis. St. Thomas, a única ilha americana, muito alegre e repleta de opções de passeios interessantes. E por falar em passeios, há muito que fazer nas ilhas. Optamos por mergulho e caminhadas, por visitas históricas e nada de compras. O navio organiza tudo e ganha muito dinheiro extra com isso. No entanto, se o passageiro não quiser fazer tours em grupos e nem pagar muito por eles, é só se informar um pouco na internet antes de chegar às ilhas e contratar passeios com os muitos locais que oferecem os mesmos serviços a preços bastante mais camaradas. Aconselho o guia Lonely Planet, em inglês, facilmente adquirido no app do Kindle em qualquer smartphone. Munido do guia, você já chega a cada lugar bem informado e sem gastar tanto. Trip Advisor e outras fontes em português funcionam, sem a qualidade dos Lonely Planet, mas melhor do que nada. Já existem vários guias do Lonely Planet traduzidos em português por sinal. Navios são ideais para grupos de amigos e famílias e existem atividades para todas as idades e gostos. No único dia inteiro de navegação, sem parada, havia mais de 60 programas listados! De leilões de arte e cassinos, a palestras sobre beleza e saúde, kid’s club, academia, shows, cinema e wifi perfeito. A navegação é suave nesta época do ano e corre-se pouco risco de enjoar. Programão! Zurique , 18 de janeiro de 2020

SAN JUAN DE PUERTO RICO

SAN JUAN DE PUERTO RICO – CARIBE AMERICANO Gostamos de San Juan, capital de Porto Rico, que é tecnicamente um país caribenho, perto de Cuba e da Republica Dominicana, mas é na prática outro estado norte americano, pois os Estados Unidos compraram a ilha da Espanha, há muito tempo e hoje em dia Porto Rico, tirando o idioma principal, tem cara mesmo bem gringa. O que não é ruim, considerando a boa infraestrutura americana, mesmo sofrendo constantemente com terremotos e furacões. Por que ir a San Juan então? Boa pergunta, de fácil resposta. Como destino único não vale a pena, mas vale muito em cruzeiros e passeios ao Caribe por ser fácil, a ilha de melhor infraestrutura portuária e tudo o mais. E foi assim que lá demos com os costados, em preparação a um cruzeiro. E foi grata surpresa, pois passamos uma semana muito agradável em San Juan, pré-cruzeiro. Passamos até o Natal lá, num ótimo hotel praiano, o La Concha Resort. Vista mar, bons quartos, bons restaurantes, praia e mar bonitos. Fora isso, condições básicas para as férias beira-mar, San Juan oferece um centro antigo dos mais interessantes e preservados, deliciosas caminhadas por calçadões bem cuidados, boas compras e opções gastronômicas, atrações históricas e muita simpatia do povo. Os porto riquenhos conseguem ser tão simpáticos quanto brasileiros e mexicanos, muito hospitaleiros mesmo. No centro histórico, há duas fortalezas, El Morro e San Cristóbal, majestosas e interessantes e como são administradas pela organização dos Parques Nacionais americanos, bem preservadas e organizadas. Uma entrada vale para as duas, se utilizada em 24 horas. As vistas do mar são lindas e o exercício poderoso de escadarias e longos trajetos a pé faz das fortalezas um programa de dia inteiro, incluindo aí visita ao obrigatório Museo de Las Américas, parte do grande e majestoso complexo dos fortes. Outro dia, passeio a pé por Old San Juan e suas casas coloridas que lembram muito uma Salvador limpa, sem cheiro, segura. Percorrer as ruas e tomar mojitos nos múltiplos bares locais e maravilhar-se com a piña colada ali inventada e magnifica no Barrachina, é uma aventura etílica coroada pela visita de dia inteiro a destilaria Baccardí. Ir a San Juan e não visitar a Baccardí é como ir a Roma e não ver o Vaticano e nem o Coliseu. Afinal, a Baccardí é o templo do rum, instituição que veio fugida de Cuba e ali se instalou e prosperou. Sem rum não haveria Cuba Libre, Piña Colada, Mojito e Daiquiri. O que seria do mundo sem estes divinos coquetéis? Na certa, muito pior... Piadas a parte, a visita vale a pena pelo histórico, o curioso e a alegria fornecida pelo rum correndo solto. No ingresso dos variados passeios pela fábrica estão incluídos vários drinques e ver os barmen preparando os mesmos, um a um para as multidões que assolam o local, é muito divertido. A fábrica localiza-se em enorme terreno com belos jardins e organização perfeita. Imperdível mesmo para quem não gosta de rum. Compras são padrão e preços americanos, com shoppings e lojas enormes por toda parte. No centro antigo há bonito artesanato e um número infindável de joalherias e galerias de arte. Amantes da arte ficarão encantados com o Art Museum e seu parque de esculturas e intrigados com o Museu de Arte Contemporânea ali perto. Apesar da influencia americana, San Juan é perfeitamente caminhável e não há necessidade absoluta de carro ou táxi. Existe umas vans, tipo mini ônibus coletivos que também quebram o galho se o calor e o cansaço falarem mais alto. Gastronomia de primeira está no Santísimo, o bar de tapas do tradicional Hotel Convento e no José Enrique, este último, o chef estrelado do país. Neste ultimo você pode provar sem medo, as exóticas e deliciosas especialidades porto riquenhas, como o mofongo, o leitão assado e várias formas de carnes e galinhas fritas que podem assustar um pouco nos food trucks ou nos restaurantes mais simples. Nos dois restaurantes aqui citados é tudo modernizado, bem apresentado e mais saudável. Destaque aos frutos do mar do El Pulpo no bairro de Condado, que também “fusiona” o internacional e o nativo e quando cansar da cozinha local, as cadeias americanas como o Hard Rock e até o nosso Fogo de Chão estão por toda parte. O Serafina localizado no hotel La Concha é excelente, melhor até do que os originais, de Nova York. Por estas e por outras, quando o cruzeiro ou voo incluir San Juan, gaste mais tempo e dinheiro e fique uns dias por ali. Alugando carro é possível passear pela ilha e conhecer seus interessantes parques nacionais. Zurique, 20 de janeiro de 2020.

ZORAH BEACH HOTEL - VERÃO 2020

ZORAH BEAHCH HOTEL – SUGESTÃO VERÃO de praia cearense com sofisticação da Índia. Na verdade, boa dica para o ano inteiro, considerando-se o tempo quase sempre seco e ensolarado do Ceará. Este hotel boutique, muito bem decorado e confortável, entre as praias e vilarejos de Flecheiras e Guajiru, meio caminho entre Fortaleza e Jericoacoara, é uma deliciosa surpresa no cenário nacional, basicamente dividido entre hotéis business, resorts e pousadas. O Zorah não se encaixa em nenhuma destas categorias e por ser único, é muito confortável e prazeroso. Infelizmente, não é nada barato, seguindo o perfil do turismo no país. Um casal gasta fácil 400 dólares por dia, contando quarto básico e alimentação, sem considerar a cara passagem de avião até Fortaleza. Este preço inclui traslado de mais de duas horas entre o aeroporto e o hotel. Mas se grana não é problema, o Zorah é ótima pedida em três situações: para quem quer descanso, para os praticantes do modernoso kitesurf e para quem quer uma opção confortável numa viagem a Jericoacoara. Como as distancias em nosso pais de dimensões continentais e infraestrutura de quinto mundo são punitivas,para “quebrar” o penoso trajeto até Jeri, ou mesmo descansar do rústico-chique de um pós Jeri, o Zorah é excelente. Seus vinte e poucos quartos são bonitos e bem equipados, um charme de decoração com viés indiano, nacionalidade de seu proprietário. Bangalôs e uma vila espaçosa completam o feliz quadro. As massagens são boas no mini-spa e a comida divina, um dos pontos fortes do hotel. O cardápio mistura muito bem as tendências brasileiras, indianas e cearenses e o café da manhã é delicado, caprichado, muito bom mesmo. O serviço é gentil e eficiente, equipe grande e bem treinada. Áreas sociais incluem bela piscina e um pequeno jardim com bar charmoso e estrutura para esportes aquáticos. A praia é linda e enorme na maré baixa. Abençoadamente vazia, mar claro e piscinas naturais. Para os amantes das caminhadas, kite, wind e outros surfs da vida, é um paraíso terreno. E como todo paraíso terreno tem seu lado B, ali o vento pode ser intenso e não há como escapar do dito, assim como não se escapa de alguns carros na praia, abominável hábito local. Diminuiu, mas ainda existe. Bem como o forró praiano que às vezes se faz presente nos carros e até nas piscinas naturais como pude presenciar. Duas moças e um rapaz ouvindo aparelho de som aos berros nos recifes de coral. Vale a viagem? Sim. Os pontos positivos superam as mazelas, mas o melhor custo-benefício seria o seguinte: 1- Voo direto SP/Jeri. Alguns dias por lá e depois traslado até Flecheiras. 2- Estadia de 4 noites, mínimo no Zorah depois. 3- Férias de 10 dias perfeitas! Zurique, 18 de janeiro de 2020.