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domingo, 6 de dezembro de 2015
NEW YORK 2015 - PARAÍSO URBANO - NOVAS ATRAÇÕES E DICAS
NEW YORK 2015 – NOVEMBRO DE PAZ URBANA NA BIG APPLE
Sempre quis estar em Nova York numa época mais tranquila, sem multidões nas ruas, com menos barulho, filas mais curtas, paz nos restaurantes e museus. Desde 2008, estive então por lá cinco vezes e nunca consegui mais do que uma turba ignara, ruidosa e desagradável, numa cidade que amo de paixão e onde sempre me senti feliz. Nesta sexta tentativa, de 12 a 24 de novembro, encontrei o que procurava.
Graças ao guia de viagens australiano, Lonely Planet, decidi encarar o frio da baixa temporada e fui plenamente recompensada nos 12 dias na cidade. Sol, frio civilizado, vento inevitável, lojas semivazias, Times Square caminhável. Uma delícia de estadia que incluiu 10 peças e musicais, 4 museus, e várias visitas turísticas por lugares onde é sempre bom voltar. O segredo é ir depois da Maratona de Nova York e sair antes do Thanksgiving (tudo fechado neste único dia em que os EUA param – só vale a pena ficar na cidade se o objetivo for assistir ao vivo e em cores a linda Macy’s Parade)
No MOMA abençoadamente vazio, vi a exposição das esculturas de Picasso sem atropelos, percorri salas e salas do Metropolitan sem esbarrar em ninguém, curti a maravilhosa exposição egípcia, Middle Kingdom e me deliciei com as novas peças Fabergé. Novidades para mim: Whitney e Tenement. O primeiro, a maravilha arquitetônica do incomparável Renzo Piano, que faz da falta de espaço do Meatpacking um ponto positivo. O segundo, um museu dedicado aos cortiços de outras eras nova-iorquinas e suas histórias incríveis.
No Whitney, Frank Stella e suas controversas obras brilhavam, junto ao acervo magnífico de modernistas americanos. A dica é tornar-se sócio temporário do museu (mínimo 50 dólares), pois o espaço limitado pode significar uma parada na venda de entradas e o turista perder a chance de conhecer este museu interessantíssimo. Antes de ir, compre a membership no site do museu e não pegue a fila do ingresso incerto, indo direto à entrada privilegiada dos patronos da instituição. No Tenement Museum só vai quem entende muito bem inglês, pois não há visita independente, só guiada por seres humanos que não falam qualquer outra língua que não o inglês. Para os que entendem, imperdível, com passeio a pé, antes ou depois, pelas redondezas da Orchard Street e entorno descolado.
Aos eternos e sempre interessantes pontos turísticos como Empire State e Memorial 9/11, adicionamos a High Line inteira, ida e volta em dias diferentes (olhares diversos, públicos distintos) e o monumental One World Trade Center, na sua beleza de vidro azul e a vista mais incrível da cidade e arredores. A Estátua da Liberdade parece um brinquedinho de plástico, diminuto e quase invisível na imensidão dos bairros-gigante da cidade. O elevador, que se chama sky-pod, percorre 100 andares em menos de um minuto. Com direito a ascensorista humana acalmando e explicando a experiência. O restaurante é ótimo e lojinha idem, mais atividades instrutivas por toda parte completam a experiência. É, por enquanto, o prédio mais alto do Hemisfério Oeste deste nosso conturbado planeta. Que Deus assim o conserve...
A balsa rápida e gelada até o Brooklyn, nos levou ao bairro judeu, às transformações “cool” de Williamsburg e ao Peter Luger, restaurante-experiência da área. A divertida volta foi a pé, percorrendo a Brooklyn Bridge por cima dos carros. Não tem preço!
Restaurantes novos, além do Peter Luger, que para quem ama carne vermelha e ambiente do tipo O Poderoso Chefão, é uma festa; o Standard Grill, no hotel de mesmo nome, pertinho do Whitney, é muito bom e descoladíssimo. E assim continua o Oyster Bar da Grand Central, onde não ia há quase 20 anos. Lagostas monumentais e preços idem. Vale o que cobram. O melhor custo-benefício continua sendo o Bar Boulud e a Osteria Circo é o pega-trouxa total. O bizarro Burger Joint vale pelo inusitado, pela música e pelo cheesegurger muito bom. Uma vez na vida, visto que tomar vinho tinto em copo descartável (aqueles moles de água) não é minha praia. O bar do Jam’s tem muita gente bonita e um Manhattan reconfortante. O Cosmopolitan do Warwick é poderoso, em atmosfera de bar clássico inglês.
Para os amantes do teatro, os musicais School of Rock e Dames at Sea são polos opostos de um gênero controverso. Ambos ótimos em suas respectivas categorias. Quem tiver a sorte de ver a peça britânica King Charles III se deparará com um dos espetáculos mais poderosos do planeta e China Doll, onde Al Pacino brilha imbatível, são as joias da coroa.
Para quem estiver em Nova Iorque no Thanksgiving, aqui vai uma sugestão de ceia típica razoavelmente barata. A do restaurante Cognac, onde por US$ 70 se prova os clássicos desta festa americana, de forma moderada e decente.
Nestes tempos de dólar a 4 reais e total instabilidade brasileira, a Big Apple é um desafio. Tudo é caro e o segredo é não converter.
Relax and enjoy it!
São Paulo, 06 de dezembro de 2015
sábado, 10 de outubro de 2015
CASTELOS, PALACIOS, LUXO E SONHOS - ALEMANHA 2015
CONTOS DE FADAS NA ALEMANHA
Conheço razoavelmente o país e falo a língua. Fui casada com um descendente, minhas filhas tem sangue alemão e há quase 16 anos meu terceiro marido, suíço alemão, não me deixa perder o contato com este pais fantástico, sua historia rica e controvertida e sua cultura distinta e variada. Desta vez, outubro 2015, realizei um sonho antigo: conhecer Neuschwanstein. O castelo que inspirou a Disney tão querida dos brasileiros. Fantasias de Cinderela e Magic Kingdom, ponto alto da Rota Romântica.
O verdadeiro, construído por Ludwig II, o genial rei da Baviera, é infinitamente mais interessante do que aquela bobagem americana, colorida e cafona (como a própria Florida) para turistas. A historia do rei é soberbamente contada no filme de Luchino Visconti, obra definitiva de um dos grandes gênios do cinema italiano. Vendo o filme dos anos 70, de quase 4 horas de duração, se tem um ideia do que foi a vida e obra de Ludwig. Considerado louco, de louco nada tinha. Era apenas gay e criativo, um grande patrono das artes, que deixou um legado arquitetônico para seu país, riquíssimo. Seus supostos “delírios” são tesouros que abrigam pecas de valor incomparável e atraem milhões de turistas do mundo inteiro a Alemanha, todos os anos.
Nos hospedamos em Hohenschwangau, no hotel boutique, Villa Ludwig. Com direito a vista do castelo e cama de dossel com “céu estrelado”, painel decorado com cenas de uma das operas de Wagner e muito conforto. Ótimo café da manha e uma vista chocante para a floresta que adorna o castelo. Sem falar das montanhas altíssimas que no inverno são cobertas por neve e tornam o cenário ainda mais encantador. No outono, as arvores em tons de amarelo, marrom e verde, com toques flamejantes de vermelho são moldura perfeita para o castelo mais famoso do mundo. O castelo é um espetáculo, mas não é a única atração “ludwiguiana” da região. Perto dele, há outro, amarelo e bem mais modesto, onde o rei bávaro passou a infância; uma espécie de “aperitivo” para se ter uma vaga ideia do que está por vir...
O hotel oferece as entradas para os dois castelo com hora marcada. Sem isso, o turista pode chegar lá (não e fácil, o aeroporto mais próximo é Munique e o trajeto de carro pelas montanhas, apesar de lindo, pode ser longo) e não ver os castelos, pois o numero de turistas é gigante. Nenhum dos castelos pode ser visitado de maneira independente: ou visita guiada em alemão ou inglês, ou nada. Há textos em varias línguas e é bom mesmo ver o filme e ler muito sobre o rei e as construções antes de se aventurar por lá.
Neuschwanstein é tudo o que você sonhou e mais um pouco. Enorme, alto, sombrio, rico, poderoso, incrustrado numa pedra enorme em meio à floresta. Aquela coisa que se chega perto e quase se quebra o pescoço para olhar melhor, de tão alto. Os poucos espaços acabados e abertos à visitação não desapontam;. uma versão relativamente moderna (150 anos de vida) de um castelo medieval. Construída e projetada por um rei, para um rei. Ludwig amava musica e teatro, foi o salvador incontestável da carreira do mega compositor Richard Wagner e sonhava viver isolado no topo do morro, só cercado por natureza e silencio. Um rei e seu castelo. Conseguiu por pouco tempo, muita coisa ficou por fazer, o orçamento estourou, ele foi falsamente diagnosticado como louco e morreu de forma super misteriosa aos 40 anos. Assumiu o trono aos 18 anos. Gastava o próprio dinheiro, mas foi acusado de desperdício. Mas depois de morto, a receita do turismo ligada as suas obras e tão monumental que ele virou um ídolo, um dos reis mais queridos da historia alemã.
Para entender tudo melhor, uma visita ao Museu dos Reis da Baviera, em Hohenschwangau torna-se obrigatória. O museu é chique, pequeno, tem peças e explicações lindas e interessantes e uma loja onde se quer comprar tudo. Atenção para o bombom Ludwig, envolto em papel vermelho, em formato ovalado, com a foto do rei arrematando. É uma delicia digna de reis mesmo, chocolate recheado de marzipã com creme de ovos, meio consistência de brigadeiro real. Uma espécie de doce-português-em-fase-alemã!
Apesar de Neuschwanstein ser um destino-espetáculo e as cidades e vilas vizinhas constituírem também atrações das melhores, a cereja do bolo é o palácio Linderhof, a mais ou menos uma hora de carro de Fussen, a cidade-base da área. Sem multidões, incrustrado em jardins paradisíacos, um mini-Versailles embasbacante. O palácio em si é pequeno e parece uma arca do tesouro, um delírio de ouro, porcelana Meissen, lustres de cristal pesando 500 quilos cada, candelabros de marfim e por aís vai. Pelos infinitos jardins, varias pequenas casas, em estilo marroquino uma, turco outra, Branca de Neve mais além, chalé de caça com exibição dos desenhos do rei, cascatas, fontes, estatuas e o mais incrível e surpreendente: uma caverna. Sim, uma gruta totalmente artificial cavada numa pedra, com lago fake azulíssimo, cisnes, iluminação especial, acústica de opera e, pasmem: palco! Sim, foi construída para abrigar espetáculos de musica e teatro exclusivamente para Ludwig e seus seletos convidados. Mico? Caverna no inverno europeu? Nada disso. Nosso amado rei adorava conforto e havia nada menos do que sete aquecedores mantendo tudo a cerca de 20 graus centigrados. Aliás, em todos os seus palácios e castelos Ludwig mantinha belas lareiras, fornos e aquecedores de cerâmica que eram obras de arte altamente funcionais.
Dica para melhorar ainda mais sua viagem: alugar carro em Zurique, dirigir com segurança e facilidade pelas montanhas austríacas e a encantadora floresta de Bregenz, parar numa das vilas e comer Wiener Schnitzel (bife a milanesa) e torta Sacher. Chegar a Hohenschwangau no meio da tarde, se hospedar com todo o conforto na Villa Ludwig, na suíte Lohengrin e tomar banho de banheira com sais especiais. A banheira fica em frente a uma janela com vista exclusiva para o castelo Neuschwanstein.
Não tem preço...
Zurique, 10 de outubro de 2015
ARTE EM ZURICH
ARTE E CHUVA FRIA EM ZURIQUE
No outono suíço, a nevoa densa, o frio e a chuva convidam à preguiça...
Mas a maior cidade do pais, Zurique, oferece tanto em termos de arte, gastronomia e entretenimento, que é uma pena não aproveitar as duas oportunidades que outubro de 2015 me deu: The Art of the Brick e Miró. A primeira, sub-entitulada – a fantástica arte LEGO de Nathan Sawaya. Parece coisa idiota para crianças mas é uma das exposições mais sensacionais que já vi. O artista americano Nathan Sawaya cria obras fabulosas daqueles estúpidos brinquedos que sempre detestei. Nunca entendi a graça daqueles tijolinhos de plástico colorido e nem minhas filhas. Jamais me interessei pelos museus LEGO espalhados pelo mundo e tampouco presenteei crianças com o produto. Minhas fotos no link do DROPBOX e no Facebook falam por si.
Nathan Sawaya define arte como “qualquer coisa”. Com razão. Arte é tornar coisas banais e corriqueiras, invisíveis para olhos não artísticos em coisas especiais, interessantes, questionadoras e excitantes. Como a exposição já rodou o mundo, é possível que um dia venha ao Brasil e é imperdível. Mesmo para quem detesta arte, cultura, exposição e LEGO!
Na riquíssima Kunsthaus, um dos museus mais importantes do mundo, outra exposição imperdível, uma retrospectiva dos gigantescos murais do artista catalão, Joan Miró. Não sou fã dele, mas a exposição é tão bem curada e a importância das obras tão magnifica, que a simplicidade das composições do artista espanhol cativam mesmo assim. Não pude tirar fotos, mas no site www.kunsthaus.ch dá para ter uma ideia da magnitude da coisa.
Comida italiana moderna, entre as mostras, ficou a cargo do TOSCANO, localizado no descoladíssimo PULS 5 (espaço multiuso onde está a exposição de Sawaya), na região oeste da cidade. É uma área que abriga empresas de alta tecnologia como o Google e seus avançados centros de pesquisa . Tudo moderno, jovem, colorido e descontraído.
Valeu a pena batalhar a preguiça!
Zurique, 10 de outubro de 2015
segunda-feira, 5 de outubro de 2015
OUTONO NA EUROPA
OUTONO EUROPEU – CORES E SABORES
Para nós brasileiros que não sabemos o que significa, a não ser em fotos, TV ou cinema, a mudança maravilhosa das cores da vegetação no outono, viajar a países onde isso acontece todos os anos, é uma atração única, que dá um charme especial a qualquer roteiro. Isso sem falar da gastronomia, que na Suíça, por exemplo, oferece pratos sensacionais com carnes de caça. Os animais são abatidos de maneira controladíssima apenas 3 ou 4 semanas por ano e muitos restaurantes oferecem os diversos pratos carnívoros. Para todos os paladares, pois os sabores vão do mais tenro e suave “Bambi” até carnes fortes e escuras como a das renas ou certos tipos de veados.
Só durante o mês de outubro e com alguma sorte, nas 2 primeiras semanas de novembro. Cervos, renas e similares são invariavelmente servidos com couve de Bruxelas, pera decorada com geleia de frutas do bosque, repolho roxo e spaezle, um delicioso nhoque alemão. As sobremesas são lideradas pelos vermicelles, pasta divina de castanhas portuguesas. Com creme chantilly, com sorvetes, com suspiros, uma maravilha sem igual. Pelas ruas, carrinhos fumegantes das castanhas assadas, que eles chamam de marroni. São alimentos-conforto que vigorosamente preparam e energizam para as baixas temperaturas que já marcam presença em outubro nos países do hemisfério norte. Frio, mas ainda aquela coisa civilizadíssima entre 17 a 5 graus, o suficiente para aproveitar a brisa fresca das primeiras neves que cobrem as montanhas, vestir roupas bonitas e quentinhas, tirar fotos dos tons de vermelho, laranja e amarelo das arvores e estourar qualquer dieta com as maravilhosas calorias dos alimentos outonais.
Zurich, 05 de outubro de 2015
domingo, 27 de setembro de 2015
VITORIA - ESPIRITO SANTO
BELA VITORIA – CAPITAL DO ESPÍRITO SANTO
Pena que este pequeno estado seja tão pouco conhecido dos brasileiros e tão pouco explorado turisticamente. Vitória, sua alegre e ensolarada capital, é uma versão pacífica e civilizada do Rio de Janeiro. Avenidas largas, calçadões e parque beira mar, bem cuidados, jardins muito agradáveis, cheios de quadras poliesportivas e ilhas por toda parte. Claro que o imenso porto ali pertinho não ajuda numa parte do visual e na balneabilidade de certas praias, mas há muitas para escolher.
O lugar, bairro, mais bonito e nobre é a Praia do Canto, com os melhores hotéis, lojas, bares e restaurantes. Nos hospedamos no Bristol Praia do Canto, muito bem localizado e com preços camaradas para quartos espaçosos com varanda frente ao mar. Café da manhã excelente e serviço muito amável.
Restaurantes bons como o típico Pirão, para se provar as deliciosas e únicas tortas capixabas e moquecas capixabas (sem leite de coco ou azeite de dendê), o maravilhoso e sofisticado Soeta e o Lareira Portuguesa são bem caros, pra lá de 200,00 reais por pessoa. Como o gigantesco e ótimo Shopping Vitória é ali mesmo na Praia do Canto, opções mais em conta, como a cadeia americana Outback, podem ser encontradas. Os cinemas deste shopping dão de dez em conforto nos de São Paulo.
Infelizmente, o aspecto cultural da cidade é fraco, seu centro histórico é insosso e dignos de menção, só mesmo o interessante museu da Vale, a famosa fábrica de chocolates Garoto e o belo Convento da Penha.
O ideal é aliar Vitória à região Serrana da Pedra Azul, fazer o passeio pelo Trem das Montanhas e encarar as 13 horas no trem da Vale entre Belo Horizonte e a capital capixaba. Opção perfeita seria Inhotim, em Minas, um pouco de Belo Horizonte pela parte cultural e gastronômica e daí, de trem, até Vitória e Pedra Azul. Uns 10 dias conhecendo um pouco destes estados brasileiros é boa ideia.
Principalmente com nosso pobre Real tão desvalorizado. Hora de ser patriota!
São Paulo, 27 de setembro de 2015
domingo, 20 de setembro de 2015
PEDRA AZUL - AYERS ROCK TUPINIQUIM E MAIS BONITA!
PEDRA AZUL – ESPIRITO SANTO
No quesito “pedra”, a mais famosa do Brasil é o Pão de Açúcar, mas na categoria beleza, a Pedra Azul é muito, muito superior. Uma bela surpresa para quem já conhece quase o país inteiro e já viajou por mais de 50 outros em quase 60 anos de vida muito bem vivida!
E justamente por ter tanta experiência de viagem é que fui dar com os costados num dos poucos estados brasileiros onde nunca estive, o Espírito Santo. A 100 quilômetros de Vitoria, na serra capixaba, há um parque estadual onde a principal atração é um morro gigante e meio esverdeado, com uma espécie de lagarto enorme em um dos seus lados. É um monólito que muda de cor mais de 30 vezes ao dia, conforme a luz solar, despido de vegetação, muito alto na imponência de seus 1000 metros de altura e na esquisitice da pedra em forma de lagarto, pendurada bizarramente de um dos seus lados. Reina soberano, cercado por todos os lados de Mata Atlântica preservada e outros montanhas ainda mais altas, como o famoso Pico da Bandeira, na fronteira com Minas. Em dias claros e ensolarados como os que tivemos sorte de vivenciar no final de agosto 2015, a paisagem é simplesmente magnifica e o clima friozinho, maravilhoso.
Tudo ajudado por gente muito simpática e eficiente, um agroturismo incrivelmente organizado e boas estradas por todo o lado. Por que tal região não é famosa, permanece um mistério para mim. Talvez pelo Espirito Santo ser estado pequeno, apesar de estar entre os dez mais prósperos do pais? Por ser ofuscado pela fama e deslumbre do Rio de Janeiro, pelos óbvios encantos da Bahia, pelo desenvolvimento de São Paulo, por não ter praias famosas? Mistério...
A bela região montanhosa tem opções variadas de hospedagem e escolhemos a pousada Rabo do Lagarto. Bonita e charmosa, mas muito cara pelo que oferece. Fomos atraídos por sua inclusão entre os membros do Roteiros de Charme, organização confiável em cerca de 90% das vezes. Contudo, 1150,00 reais por dia, para quarto muito charmoso, mas pequeno, é salgado demais para tempos de recessão. Acanhada também é a área da pousada, sem piscina ou qualquer espécie de área comum ou opção de lazer. O café da manhã é extraordinariamente caprichado e bom, o restaurante é mais ou menos, o serviço ok. Cobram, na verdade, a estonteante vista da Pedra Azul, que domina a paisagem local e o fato do hotel estar localizado bem em frente à Pedra, mas com privacidade o suficiente e silencio em pleno circuito turístico. Vale? Não. Há vários hotéis bons na região e segundo o Guia 4 Rodas, há dois outros em categoria superior e mais baratos. Da próxima vez tentamos, pois as montanhas capixabas são lindas e perfeitamente “voltáveis”.
O turismo é para quem gosta de paz, silencio, natureza, caminhadas e agroturismo com toques orgânicos. Tudo por lá jura ser o mais ecológico e politicamente correto possível e as fazendas que visitamos são muito interessantes, parecendo seriamente comprometidas com a moda do orgânico. O Sito dos Palmitos é o mais interessante de todos e os produtos que vendem, únicos. Tudo com explicações e orientações das mais intrigantes. Nunca vi tantos produtos que levam o palmito nas receitas, inclusive uma espécie de pão recheado com queijos, palmito e outros ingredientes, que posto no forno vira uma espécie de “fondue para viagem”. Divino! Bem como antepastos em azeite de oliva, damascos e castanhas. Dá vontade de comprar tudo e provar tudo, genial! A fazenda e hotel de mesmo nome, Chez Domaine, agrega o rural à hospedagem, com toques franceses pela imensa área verde. Caipirinhas extraordinárias e bons preços. Não conferimos o restaurante, mas o cardápio é longo e variado.
O campo gastronômico é promissor, mas absolutamente lotado nos fins de semana e feriados. Não conseguimos ir ao Alecrim e tampouco ao Don Due, ambos com excelente aparência e cardápios. Seguimos para o Lagoa da Lua, aconchegante e com comida honesta. Nada de espetacular, mas não faz feio. Visitamos os quartos da pousada de mesmo nome que parecem razoáveis. Também visitamos a pousada Aargau, coisa de família suíça estabelecida na região há tempo. O lugar é deslumbrante com a vista para a parte mais alta da Pedra Azul, emoldurada por imensas palmeiras. O dono prepara fondues, é claro, para ocasiões especiais, mas os quartos da pousada são bastante genéricos.
Mas como a Pedra Azul é mesmo a principal razão para se estar ali, visitar a área oficial do parque é muito importante. Só com os guias do parque e com dias e horários restritos. Vale a pena e há caminhadas em vários graus de dificuldade. A longa inclui até piscinas naturais e banhos nas mesmas, mas a subida até as ditas é íngreme e perigosa, coisa de cordas na pedra. Pulamos esta parte e nos contentamos com o resto, que é ótimo também. Há café e lojinhas, com estacionamento civilizado na entrada.
E se a Pedra Azul fosse no Rio, o Pão de Açúcar seria menosprezado, se não desconhecido...
São Paulo, 20 de setembro de 2015.
domingo, 23 de agosto de 2015
NORUEGA 2015
NORUEGA – ARTE E HISTÓRIA NO VERÃO GELADO 2015
Estive na Noruega há dois anos e meio e adorei, no inverno. Gostamos tanto que decidimos conferir como seria este civilizadíssimo país no verão, com sol e sem o manto de neve que cobre tudo em janeiro.
Sol mesmo só encontramos em Oslo, a simpática capital. Em Bergen e Stavanger o verão se resumiu a nuvens, muito vento e temperaturas entre 8 e 20 graus. Mesmo acima, vale a pena, pois o país coberto de verde é muito bonito e as pessoas ainda mais alegres e simpáticas.
Oslo, a capital norueguesa, é uma festa animada e diversa, com gente do mundo inteiro e intensa programação festeiro-cultural. Baladas com música alta por todo lado, gente seminua aproveitado o sol até no telhado da Opera Haus! Uma das cidades europeias mais agradáveis que já visitei, um paraíso para quem gosta de andar e comer bem. Principalmente frutos do mar, abundantes nas águas gélidas do país. Nada barato, mas para mim veterana de Zurique, o “choque no bolso” não foi tão intenso. Destaque para o mercado de peixes de Bergen e para o refinado e modernoso Statholdergaaden em Oslo. Dois extremos, um é comida de rua e o outro tem estrela Michelin. Os dois a essência dos pescados gélidos, da vanguarda escandinava, de um país que sabe muito bem usar seus recursos naturais, misturando tudo a influencias fortes, como a fast food americana; hambúrgueres e cachorros quente por toda parte. Para quem não gosta de comer criaturas da água, há comida do mundo inteiro e a cozinha alemã, francesa e italiana estão bem representadas. O único senão, fora os preços de primeiríssimo mundo, são as minúsculas porções em qualquer tipo de restaurante.
Bergen e Stavanger encantam por seus centros antiguinhos e arquitetura típica. Em Bergen, muita história e museus, alguns deles dedicados à música clássica, destaque para a casa de Grieg, o tour guiado e o concerto de piano maravilhoso em meio a florestas de musgos que parecem cenários do filme O Senhor dos Anéis. Stavanger é menos interessante, mas importante por ser a capital norueguesa do petróleo e por ser o ponto de partida à caminhada-ícone dos fiordes noruegueses, a Pulpit Rock.
Os fiordes são o cartão-postal do país e chegamos até eles numa peripécia envolvendo trem, balsa e barco, partindo de Oslo a Bergen em viagem de dia inteiro. Tudo lindo e perfeito, a não ser o tempo que nos sabotou e mandou chuva intermitente no dia do percurso. A travessia dos importantes fiordes foi um exercício de frustração em meio à neblina. Pena, mas mesmo assim altamente recomendável para quem tem pouco tempo e quer ter uma idéia da majestade desta formações rochosas, águas límpidas, cascatas mil, vilarejos de sonho. O percurso se chama Norway in a Nutshell. Imperdível. Para quem, como nós, não der sorte com o tempo, a Pulpit Rock, perto de Stavanger proporciona a caminhada radical de cinco horas de duração e a vista mais espetacular do universo. Em dia de sol nos deslumbramos com as vistas dos tais fiorde, de cima. No barco se vê tudo da água e no topo desta pedra espetacular, a sensação é de estar voando, suspenso no infinito.
O trekking é duro e no verão, lotado. Paciência e boa forma compensam o esforço.
Os museus-show de Oslo já valem, por eles mesmo, a visita. Começando pelo castelo Akerhus, lindo. Não é todos os dias que se tem a combinação infalível de fortaleza, história e mar. E tampouco o privilégio de visitar o lugar onde se decide, anualmente, os prêmios Nobel da paz. O museu correspondente é um exercício de cidadania. No quesito aventura os museus Kon Tiki, o Fram e o Marítimo dão o tom e uma pequena idéia da bravura e ousadia dos vikings; a caminhada pela orla e pequeno trajeto em balsa até eles não podem ser mais interessantes e prazerosos. Ainda mais, se após um dia todo de excursões e descobertas, a hospedagem for no Grand Hotel, belo, antigo e bem localizado. O bar na cobertura é delicioso no verão e o café da manhã está entre os melhores da cidade.
Na parte gastronômica, além dos acima citados, o Fish and Cow em Stavanger é moderno, informal e cheio de gente bonita. Já o Allegro, italiano e pequeno, aconchegante e lotado, não vale os altos preços cobrados. Em Bergen, o 1877 é o tipo descolado-dentro-de-velho-galpão industrial; comida super criativa, moderna, deliciosa. Para ousados e cabeça aberta, nada para tradicionalistas. Este últimos devem ficar com os clássicos do Enhjorningen e sua magnifica localização na parte central da cidade, a pitoresca Bryggen. Vieiras e morangos silvestres em casa de madeira do século 17 são ótima pedida.
E para os fanáticos por lagosta, em Oslo, o Lofoten. Parece lugar pega-trouxa-turístico, mas não é. Os crustáceos são geniais e o lugar , animadíssimo. O Eckeberg, dos mesmo donos, oferece vista maravilhosa da cidade, mas a comida é fraca.
E no ultimo dia, encerrando com chave de ouro uma viagem feliz a quatro, visitamos o museu de arte contemporânea Astrup Fearnley (Oslo). Simplesmente genial, abriga coleção fabulosa de obras ultra modernas em dois edifícios projetados pelo gênio Renzo Piano. Parecem dois barcos a vela em madeira e vidro, pairando sobre a marina onde tudo acontece na cidade. Com direito a praia e jardins de esculturas – fotos do acervo na minha página do Facebook.
Voltaria sempre à Noruega, país incansavelmente bonito, um tesouro de ilhas verdes, floridas, nevadas, ricas. E o mar entrando por tudo, conectando recantos e segredos através de pontes majestosas e estradas excelentes. Se a perfeição terrena existe, está por lá.
São Paulo, 23 de agosto de 2015
domingo, 14 de junho de 2015
MONTEVIDÉU - JUNHO 2015
MONTEVIDÉU – URUGUAI 2015
No firme propósito de conhecer todas as capitais sul americanas, ou quase todas, resolvi conferir a capital uruguaia que se revelava misteriosa e desconhecida; não porque o seja, mas porque praticamente todas as pessoas que conheço nunca lá estiveram. Muitas visitaram Punta del Leste, mas a capital de um país tão próximo, só escala de aeroporto mesmo.
Injusto, pois Montevidéu é bem mais interessante do que Punta, mais barata e de fácil acesso. Uma Buenos Aires menor, mais tranquila. Não tão bonita e rica, mas vibrante e definitivamente cheia de atrativos únicos, como o Museu do Carnaval. E muitos outros, pois o setor cultural da cidade é surpreendentemente agitado para um país de 3 milhões de habitantes.
Montevidéu é surpreendentemente praiana, exibindo um bonito e enorme calçadão de mais de 20 quilômetros as margens do Rio da Prata, que os nativos chamam de mar e parece mar mesmo. Há praias bonitas de areias brancas e até dunas! Tudo limpo e organizado, muita gente caminhando e correndo pela orla; playgrounds, áreas verdes com jardins bem cuidados, alguns bares e restaurantes e até um belo monumento as vitimas do holocausto nazista. Na ponta mais próxima ao aeroporto, casas bem bonitas, mais residencial, na outra, o movimentado e interessante porto da cidade. Com direito a mercado de churrasco e ao acima citado Museu do Carnaval. Os uruguaios celebram esta festa que pensamos ser brasileiríssima de maneira muito diferente e visitar o museu dá uma ideia do que eles chamam de carnaval. A musica é outra, fantasias idem e uma das poucas semelhanças com o brasileiro é um grupo de bonecos gigantes, como os que exibe o carnaval de Olinda.
Fiquei no My Suites, hotel bem localizado na divertida Pocitos, uma espécie de Jardins uruguaio. Quartos grandes e bem decorados, serviço péssimo. Está na moda entre brasileiros, pois promove degustações diárias dos bons vinhos uruguaios. Para mim valeu pelo bairro, mas o serviço é triste e fica um tanto longe do centro. E o centro é bastante interessante. Museus e praças em meio a construções bonitas, ruazinhas e lojas charmosas. O melhor restaurante da cidade é parte do Teatro Solís, uma espécie de Teatro Municipal, grande e bonito. Totalmente reformado, lá assisti a duas peças muito loucas, baratas e divertidas: Stefano e War. Teatro bastante acessível, de qualidade. Uma das poucas coisas baratas do país.
Me surpreendeu a quantidade de turistas brasileiros e também a qualidade do portunhol dos uruguaios, que são disparados os cidadãos latino-americanos que melhor falam nossa isolada língua. Simpáticos, eficientes e educados.
Voltando ao cenário cultural, além de teatros e shows, os museus brilham com suas instalações pequenas e importantes, como é o caso do Museo Figari, do Torres Garcia, do Precolombino e da linda mansão que abriga a coleção do Artes Decorativas. Tudo pode ser feito a pé, fácil de encontrar, bem sinalizados. Todos no centro e área do porto. Uma delícia andar pelas ruazinhas charmosas, repletas de bancos chiques e órgãos governamentais que estão mais para Europa do que para América do Sul; não só no estilo das construções, como também na segurança de poucos roubos e uma sociedade menos desigual. Nestes passeios pelo centro encontrei os restaurantes Rara Avis e Parilla Solís. O primeiro, dentro do teatro de mesmo nome e o outro em frente. Um é luxo clássico de veludos vermelhos e negros, cardápio espetacular de foie gras e tartares, sobremesas luxuriantes. O segundo é uma churrascaria simples e tradicional, daquelas parrilllas fumegantes e acolhedoras. O primeiro caro, o outro mais em conta. Os dois valem a visita, principalmente se acompanhada dos maravilhosos tannats uruguaios, aquele vinhos-tinto-bomba-alcoólica; cartão postal do país, como o malbec para a Argentina e o carmenére no Chile. Rótulos bons: Pisano, Viejo e Amat.
Em Pocitos, o badalado Francis justifica a fama com ótimas carnes e uma mousse de doce de leite gigante e divina. Preços paulistanos por toda parte: não é o roubo de Punta, mas Montevidéu é mais cara do que Buenos Aires. Não sei nada sobre compras, pois só adquiri livros nas belíssimas livrarias do centro. Há muitos shoppings que não visitei, mas em lojas finas do centro e Pocitos, os preços nas vitrines não são convidativos. Como na Argentina, belos artigos em couro, mas nenhuma pechincha.
Passei um dia inteiro numa excursão a Colonia del Sacramento, a 180 quilômetros de Montevidéu. Lindo passeio num dia ensolarado de outono, com parada em fazenda e no hotel Nirvana, um lugar tipo máquina do tempo, cenário nostálgico de filmes históricos. Colonia é uma Parati-Tiradentes encravada numa linda baía, com Buenos Aires a apenas 50 quilômetros de distancia, numa pequena baia do Rio da Prata. Neste dia abençoado de sol, pude ver os prédios de Puerto Madero ao longe. Colonia é de grande importância histórica (a cidade mais antiga do Uruguai), fundada por um intendente português que governava o nosso Rio de Janeiro lá pelos idos de 1680. Preservada e calma, um prazer andar por suas ruas floridas e curtir a brisa do rio nos jardins públicos. O restaurante Mesón de la Plaza completa o passeio.
Colonia é acessível de Buenos Aires por balsa, a famosa BuqueBus que sai de Puerto Madero, apenas uma hora de trajeto. Voltarei por esta via. Saindo de Montevidéu, o trajeto é longo, mas bonito ao longo das imponentes fazendas uruguaias. Melhor alugar carro ou contratar um táxi se não se quiser gastar as 12 horas em excursão de ônibus de dia inteiro como foi meu caso. Valeu pela oportunidade de ver o interior do país, mas perde-se o dia. Como fiquei apenas 4 noites em Montevidéu e longe de ver as atrações principais da cidade, Colonia acabou roubando um pouco do meu precioso tempo na capital.
Voltarei a Montevidéu para aproveitar mais a parte cultural e o clima pacifico e civilizado do Uruguai. Com mais caminhadas “praianas” e hospedagem beira-rio para curtir a vista “del mar”!
São Paulo, 14 de junho de 2015
sexta-feira, 29 de maio de 2015
BAHIA 2015 - CHEF ITALIANO SHOW
VOLTA GASTRONOMICA AO SUL DA BAHIA – MAIO 2015
Passar um simples fim de semana nesta região do Brasil é um dos programas mais caros do mundo, mas vale tudo caminhando pela linda e ensolarada praia de Santo André, visitando o Centro Histórico de Porto Seguro, tomando uma caipirinha num animado bar de praia de Arraial D’Ajuda e, principalmente, participando de três banquetes maravilhosos preparados por meu amigo Stefano Jacumã, aquele chef italiano fantástico sobre quem escrevo incansavelmente desde 2007.
Após uma temporada na Itália para aperfeiçoar o que já era mais-que-perfeito, Stefano volta em novo empreendimento ao sul da Bahia. Entre Porto Seguro e Cabrália, desenvolvendo nova proposta (ainda em fase de teste) no Vilage Capoeira. O primeiro jantar foi um festival de peixes e camarões crus, melhores do que nunca. Seguidos por dois pedaços de robalo: um coberto de alho, o outro de cogumelos. O segundo, uma tagliata de filé em crosta de parmesão sobre um colchão de rúcula perfumada com trufas. Traduzindo: uma carne macia, genial, quase crua, em pedaços nem grossos nem finos, enfeitiçada pelo queijo italiano e embriagada pelo levíssimo toque de trufa. O “dois-em-um” harmonioso da rúcula dispensando outros acompanhamentos. Nem sobremesa. Só um bom vinho tinto italiano da região de Alba, a mesma das trufas. Um sonho...
O gran finale foi um almoço à beira da piscina, com um nhoque de abobora com camarões, polvo, tomates semi-cozidos e outras substancias verdes perdidas mas inesquecíveis, numa abundancia leve de azeite de oliva.
Stefano é uma espécie de mágico, um ilusionista das panelas, um David Copperfield italiano, que transforma ingredientes-bomba como o alho, por exemplo, em fragmentos crocantes e deliciosos, sem efeitos colaterais. Carne vermelha no jantar que não pesa, massa nadando no azeite como se fosse preparada apenas no vapor... Um jogo de espelhos e truques. Um saboroso e colorido “parece mas não é”.
Por enquanto, só trabalhando com reservas enquanto desenvolve o projeto que incluirá hospedagem temática e romântica como ele já tinha na Pousada Jacumã, em Santo André. Porto Seguro VIP e comida padrão Guia Michelin. Ver para crer, mas se alguém é capaz disso, não há melhor candidato que o Stefano. Que ainda por cima não desiste do nosso alucinante Brasil!
São Paulo, 29 de maio de 2015
domingo, 10 de maio de 2015
PATACHO - VOLTA A IPIOCA - BELEZAS DAS ALAGOAS
PATACHO PERFEITO
Alagoas - ABRIL 2015
O litoral de um dos menores e mais pobres estados do Brasil é, para compensar, o mais bonito. A cor do mar é campeã e as praias são magníficas. Até a feia e suja Maceió consegue ficar mais agradável sob o reflexo ensolarado do mar ora verde, ora azulado, transparente, calminho...
A praia do Patacho fica a 2 horas, de carro, ao norte de Maceió. Uns 12 km ao norte da famosa São Miguel dos Milagres, no perrengue vilarejo de Porto de Pedras – que de interessante, além das praias, só tem mesmo o projeto Peixe Boi. Muito legal, vale a precária visita.
Mas quem vai até o Patacho, depois de um voo de 2 horas e meia, Guarulhos /Maceió, estrada por duas horas, meia-boca-padrão-Brasil, não está muito interessado em ecologia e sim em descanso, praia deserta, romance. SÓ.
A praia do Patacho, considerada pelo Guia 4 Rodas como das mais bonitas do país, de fato é. Mas só vale o esforço para chegar até lá se o turista se encaixa em uma das seguintes situações:
- quer paz e silencio totais
- romance em pousada charmosa e com boa comida
- não se importa em ficar restrito à pousada charmosa acima citada
Pois, as opções por lá são poucas, restaurantes só com reserva bem prévia e sujeita a disponibilidade nas pousadas vizinhas. Porto de Pedras, tirando o Peixe-Boi não oferece NADA, portanto é uma decisão que deve ser tomada com cuidado. Os mais agitados devem evitar o Patacho.
Eu e meu marido, adoramos e escolhemos o lugar certo, a pousada do encantador francês Christian, Pousada Patacho. Toda muito bem decorada na improvável combinação de rosa e roxo, o lugar é um encanto de cinco quartos que felizmente não aceitam crianças. Jardim lindo, suíte Colibri grande e confortável, boa comida, ótimo café da manhã e funcionários bem treinados, muito simpáticos. Preços razoáveis, tudo pé na areia. E que areia! Maré baixa de 800 metros de recuo, mar-banheira-quentinho, passeio de jangada pare ver lindos peixes e corais. Um sonho...
Que Deus a conserve sempre assim, pois o setor hoteleiro sempre sofre com mudanças de proprietários, como o caso do Residence Waterfront, também em Alagoas, onde estivemos em novembro de 2014. Praia linda de Ipioca, próxima a Maceió o que possibilita jantar estupendo no sempre estupendo Sur. Mas o hotel está péssimo, sujo, mal cuidado, uma vergonha. Isso em apenas cinco meses entre nossas duas estadias por lá. Uma pena. Poderíamos ter ficado mais tempo na Pousada Patacho(4 a 6 noites seria ideal) e apenas duas noites no Waterfront. Para curitir a mega praia maravilhosa, o restaurante Sur, a mousse de Prestigio do Vila Chamusca e a barraca Hibiscus. Que, por enquanto, valem muito a viagem.
São Paulo, 10 de maio de 2015
domingo, 12 de abril de 2015
BUENOS AIRES 2015 - ALIVE AND KICKING!
BUENOS AIRES 2015
MELHOR DO QUE NUNCA!
Sofrida e agitada, mais pobre, mas não menos interessante, assim está Buenos Aires que eu não visitava desde o começo de junho de 2013. Boa parte dos brasileiros pensa que a Argentina se desintegrou, virou uma espécie de Venezuela do Cone Sul, acabou. Não é verdade; o país continua lindo, vibrante, cheio de atrativos e o povo lidando com seus horríveis governantes do mesmo modo como o fazemos aqui: com coragem, firmeza e enorme criatividade. Coisas que temos em comum com nossos “hermanos”. Podemos odiá-los no futebol, mas turismo é outra coisa. Eles adoram o Brasil e nós adoramos a Argentina. Perigoso, me perguntam muitos? Não mais do que as grandes cidades brasileiras, me senti, na verdade, mais segura em Buenos Aires do que em São Paulo, onde nasci. A capital argentina tem uma vida noturna agitada e depois das 9 da noite parece que a população surge das trevas e domina as ruas; famílias inteiras, com criancinhas de colo passeando pelo centro à meia noite. Os teatros bombando, restaurantes e bares também. Muitos bikers, joggers, uma vida de rua super intensa. Uma cidade onde o carro perde para os pés e o transporte publico.
Os museus continuam ótimos e exibições temporárias no Malba, Palais de Glace e PROA ocorrem normalmente, onde tive a sorte de ver mostras de peso. Descobri o pequeno museu de arte popular, José Hernandez, em Palermo, quando já achava que tinha visitado todos. A Fundação Fortabat, em Puerto Madero, mostrava instalações cujo tema, Evita Perón, não podia ser mais eletrizante e criativo. Aliás, passar um dia de sol caminhando por Puerto Madero é um dos grandes prazeres de Buenos Aires. Muita gente bonita, bares e cafés animados, o restaurante La Cabaña sempre magnífico.
A cozinha argentina segue maravilhosa e desta vez almocei no excelente Elena, no hotel Four Seasons. Arrisquei também o infame Arturito, homenageado pela chef argentina que vive no Brasil, Paola Carrosella. O velho restaurante da famosa Avenida Corrientes me surpreendeu pela boa comida e serviço, o ambiente “velha Buenos Aires” é muito especial. Comida clássica, lugar simples, perfeito representante da cozinha portenha.
Preços andam como os de São Paulo, caros. Nada de pechinchas em lugar algum. E o problema do cambio de moeda é muito chato, para dizer o mínimo. Algumas lojas e restaurantes, às vezes um hotel ou outro trocam dólares e reais a boas taxas. Outros nem trocam, ou só a cambio oficial, ridículo. Fui à Florida falar com os arbolitos, nome bizarro para os vários cambistas que lotam a rua. Preferi não arriscar e fiquei com as trocas de lojas e restaurantes. Mas é chato: é necessário se preocupar com o assunto o tempo todo. Isto e o medonho aeroporto de Ezeiza foram as únicas coisas desagradáveis de minhas quatro felizes noites em Buenos Aires.
O resto foi repleto de infinitas e prazerosas caminhadas pelas ruas largas e alegres da cidade, 4 peças de um teatro-alta-qualidade que o Brasil não tem, seis exposições desafiadoras de arte contemporânea, mucho malbec e dulce de leche, dois filmes no Cine Lorca, um daqueles nostálgicos cinemas do centro e a alegria de um povo que não se deixa abater por mais de 70 anos de peronismo nojento.
No ano que vem vou voltar e continuar a prestigiar uma das cidades mais legais do mundo, um voo curto para padrões brasileiros. Uma delícia de experiências tranquilas, seguras, divertidas. Viva Buenos Aires!
São Paulo, 12 de abril de 2015. Dia de protestos no Brasil.
sábado, 17 de janeiro de 2015
NATAL NA PATAGONIA - ARGENTINA 2015
NATAL NA PATAGONIA ARGENTINA
Dezembro 2014
Não foi o primeiro e sim o terceiro, sempre natais alegres, diferentes, tocantes, inesquecíveis. O primeiro em Bariloche, o segundo em El Chaltén e este ultimo em Esquel.
Nossa viagem a três se iniciou em El Calafate, fria e alegre como sempre. Muitos estrangeiros, nenhum sinal da crise Argentina. O restaurante Casimiro Biguá segue melhor do que nunca e a escolha do hotel Miradores Del Lago revelou-se bom custo-benefício. No dia seguinte, nossa segunda visita à geleira show que é a Perito Moreno. Segue crescendo, ruidosa, espalhafatosa e magnifica. Desta vez nos premiou com a queda de uma parede inteira da geleira, um estardalhaço inesquecível. Mesmo com frio, vento e chuva, valeu a volta. É uma das maravilhas naturais que fazem, em minha opinião, o continente sul americano ser o mais lindo do mundo. Temos os piores governantes, mas natureza que reúne tamanha diversidade é rara de se ver. E no quesito péssimos governantes, Cristina Kirchner só perde para Nicolás Maduro. Contudo, por a província de Santa Cruz incluindo geleira e El Calafate, ser o berço dos nefastos Kirchner, as coisas são mantidas bem melhor do que em outros lugares da Argentina. Aí incluída, a capital, Buenos Aires. O aeroporto de Calafate é moderno e agradável e a estrutura de turismo no parque nacional Perito Moreno é surpreendentemente adequada. Agora conta com outro restaurante turístico, este de maior porte, área separada de estacionamento e hotel sendo finalizado. O resultado é bom para o país, turistas do mundo todo prestigiam o parque Los Glaciares.
Depois disso, El Chaltén; que também cresceu, mas de forma não tão ordenada e de bucólico vilarejo está mais para cidadezinha latino-americano-bagunçada. Há mais restaurantes e lojas, mas o aconchegante hotel Los Cerros e seu magnifico restaurante personificam a decadência do país e seus inúmeros problemas. Ainda existe, sob nova administração, mas caindo aos pedaços e com comida apenas razoável. Tudo pede reforma, mas não há verba para isso. Há um outro, mais novo, mas sem vista. Não conferimos. No campo gastronômico o Fuegia e o Don Guerra salvam a pátria, com preços muito camaradas e boa cozinha típica. E como os desmandos governamentais ainda não chegaram à estupenda cadeia de montanhas Fitz Roy, o entorno continua precioso e único; repleto de trekkers internacionais e bastante movimento. Continua sendo opção imperdível para os fãs de montanhismo, caminhadas, natureza, silencio, isolamento e a imensidão nada menos do que espetacular da Patagônia.
Voando a Bariloche e alugando carro para o longo e belo trajeto até Esquel, via El Bolsón. Uma parte pouco conhecida dos brasileiros e muito bonita. Vale a pena seguir pelos 400 km que separam Bariloche de Esquel, rumo sul e maravilhar-se com vales verdes e mais imensidão tranquila da famosa Rota 40, estrada ícone argentina. Da próxima vez pararemos em El Bolsón para conferir este reduto fértil e um tanto alternativo.
Esquel não tem grande apelo, não é local turístico, mas parece ser uma cidade próspera e organizada. Muito policiamento e ruas limpas, arborizadas. Seu principal atrativo no inverno é o esqui e no verão o espetacular parque Nacional Los Alerces. Uma festa de lagos muito azuis, paisagens deslumbrantes, clima maravilhoso. Paraiso absoluto de caminhadas por trilhas limpas e organizadas, em vários níveis de dificuldade. Estrutura de parque muito boa que inclui até igrejinha mini, projetada por Alejandro Bustillo, aquele mesmo que pensou o inigualável Llao Llao, de Bariloche. Ali , junto a no máximo 20 argentinos – eu a única estrangeira – assisti linda missa no dia 25 de dezembro. Tão especial e tocante quanto à que assisti na igreja do Llao Llao em dezembro de 1996. Feliz e abençoada coincidência.
Voltaremos ao parque para nos hospedarmos na Hostería Futalaufquen e seus chalés encantadores a beira de um dos lagos. Cenário de sonho, paz total. Também projeto do Bustillo acima citado. Não é hotel de luxo como o Lllao Llao e muito menos tão bem mantido. Por ser dentro do parque, sofre com o arrasta-pé do governo que concessiona o estabelecimento e nada faz para conservar o hotel. Mesmo assim, lugar único. Será um de nossos destinos nos próximos verões, conjugado à famosa Carretera Austral e os belos parques do lado chileno. Ojalá!
Em Esquel ficamos no hotel boutique Las Bayas, decisão acertada. Não é barato, mas vale pelos ótimos quartos e bom restaurante. Serviço personalizado e muito amável. Foi lá que passamos a noite de 24 de dezembro em surpreendente ceia natalina para cerca de 30 comensais. Boa cozinha, boas vibrações, boa musica. Home away from home...
Nossa ultima e menos feliz parada foi na muito querida Villa La Angostura. No caminho, almoço tentação no melhor-do-que-nunca Boliche de Alberto. Feio, carne maravilhosa,barato, lotado. A única razão para visitar a suja, feia, caída, decadente Bariloche, totalmente largada pelas ultimas prefeituras, uma lastima. Nada tem a oferecer exceto pela paisagem de sonho e hotéis espetacularmente bonitos e caros como El Casco e Llao Lllao. Para quem não gosta de encontrar brasileirada ruidosa no exterior, destino a ser evitado. O numero destes indivíduos só faz crescer na região. O que acontecia todo inverno agora acontece todo verão e o motivo é que a Argentina está muito barata nos últimos anos. Negócios da China podem ser feitos para quem tem dólar em espécie. Mas é necessário negociar, pois o cambio variava do oficial o 8,5 pesos por cada dólar até 13! E não é em todo lugar que o cambio é camarada. Aceitam dólar até em posto de gasolina, mas as condições variam muito.
O belo entorno de La Angostura, desta vez, não compensou. Cabañas Angostura Village, caras e péssimas. Vilarejo com gente demais, também caidaço, lojas brega, cheio de nossos conterrâneos. Comida ruim, os melhores restaurantes fechados. O único digno de menção foi o Waldhaus, estilo suíço e cozinha eclética. Misteriosamente, éramos os únicos estrangeiros. Reduto de famílias argentinas com mais grana, gente bonita e discreta. Nenhum brasileiro! Tentamos caminhar pelo Cerro Bayo , mas o teleférico estava fechado. Em alta temporada...
Encaramos a estrada de terra até a concorrida e famosa Villa Traful supostamente a região agora cool do pedaço. Não é. Um mico sem palavras suficientes que o descrevam. Salvou-se apenas o restaurante Los Troncos e sua pizza divina com queijo e cebolas, melhor do mundo! Sorvete de baunilha com cerejas de comer de joelhos, serviço adorável. Traful é apenas um punhado de casas a esmo a beira de mais um lago da região, nada de especial. Não vale a estrada de terra, o pó e o acumulo de cinzas das mais recentes erupções vulcânicas, que vai demorar um longo tempo até assentar. Um inferno que nem sequer belas trilhas oferece.
Três dicas importantes a quem quiser conhecer Villa La Angostura: vá fora de temporada, hospede-se beira ou vista lago, tipo Las Balsas ou Marinas Puerto Manzano. La Escondida vale pela localização e preços. Cabañas de todo tipo podem ser opções de hospedagem boas e baratas, seguindo-se dois princípios: não reservar sem ver ou ter indicação sólida de pessoas de bom gosto e se não tiver, só as três estrelas. Pagamos 300 dólares ao dia por um barraco indecente na tal Angostura Village e xingamos cada minuto passado nela. Não sabíamos que era classificação oficial 2 estrelas, coisa que sites como Decolar, Booking e similares também não indicam. Marinas acima citada é três estrelas, excelente e Las Balsas quatro. Portanto...
E o mais importante de tudo: não deixe de fazer a caminhada mais linda de sua vida atravessando o Parque Nacional Los Arrayanes, o lugar onde supostamente se inspirou Walt Disney para desenhar Bambi; história da carochinha sem nenhuma comprovação documentada. Não importa, pois o Bosque de Arrayanes na cênica Península de Quetrihue é único no mundo e você nem sente os 12 quilômetros do percurso. Com direito a prainha super charmosa em um laguinho no começo da trilha, de embasbacar. O segredo (dica de um argentino) de percorrer os 12 km em paz, tudo zen e sem suar muito, é começar a caminhada pela casa de chá linda, coisa de contos de fada, no Puerto Quetrihue. É o que vendem em Bariloche como Isla Victoria e Bosque de Los Arrayanes. Mas como você já está a 80 km de Bariloche, La Angostura bem localizada para este passeio, você aluga uma lancha em Puerto Manzano, vai com no máximo outras 4 pessoas na tranquila embarcação, direto no começo da trilha. Sem multidão e farofa. Na casa de chá você compra água e brownies perfeitas e só bem no final da trilha encara as subidas (plenamente compensadas por vistas surreais de tão bonitas). Cansados dos 12 km? Sem problema, pois há inúmeros bares e restaurantes na chegada em La Villa e seus pontos de embarque, oferecendo suculentos sanduiches, vinhos e cerveja. E táxis para não encarar mais caminhada.
São Paulo, 18 de dezembro de 2015.
NEW YORK CITY - PRÉ NATAL 2014
PRESENTE DE NATAL
NOVA YORK – DEZEMBRO 2014
Meu mais louco presente para mim mesma, duas noites na cidade, três dias intensos e maravilhosos no começo de dezembro passado, um bate-volta parecido com o que fiz em 2013 para Buenos Aires. Motivação, a mesma: teatro. Mas não só, pois a Big Apple tem bem mais a oferecer e quando lá estive em junho de 2014, aproveitei para comprar a entrada da peça A Delicate Balance, de Edward Albee, com a imbatível Glenn Close. Com tanta antecedência, o preço da passagem foi camarada por volta dos USD$ 1100 com assento especial. Fui sem bagagem, só uma bolsa, o que causou espanto total no funcionário simpático da alfandega americana que nunca havia visto brasileira sem bagagem. Nem tanto, pois a Amazon já havia entregado um novo conjunto de malas no hotel e, sem tempo para compras, outros itens também. Bom, prático, barato, delicioso! O velho e fedorento hotel Wellington serviu, mais uma vez, de hospedagem estratégica e desta vez me deram um quarto decente, após e-mails furiosos.
O presente foi caro e excêntrico e incluiu ainda as peças The River, The Real Thing e Cabaret. Quatro espetáculos em 3 dias, mais dois museus e três restaurantes. Uma bela maratona que mais cansou pelos infernais trajetos de táxi de e para aeroportos do que voos e fuso horário. Corridas envolvendo GRU são em geral tensas, mas numa quinta feira de dezembro, saindo as 16 30 da Vila Olímpia, resultou em estresse de uma hora e 45 minutos dentro do táxi. A volta, numa segunda feira na hora do almoço, não ficou atrás. Só rivalizando mesmo com JFK-Manhattan-JFK, muito ruim. Mesmo com todo o meu medo de avião, prefiro voar...
Os espetáculos da Broadway são magníficos e lotados, apesar de continuarem cada vez mais caros. The River, peça curta e intimista faz Hugh Jackman brilhar em seu real talento como ator e não só no papel “Wolverine- gatão”. The Real Thing revelou um Ewan McGregor estupendo, aliviando o texto pesado de Tom Stoppard. Cynthia Nixon, a Miranda de Sex and the City contracena muito bem com o ator inglês. Cabaret vale pelas musicas e a encenação brilhante no local onde era o famoso Studio 54, a boate-ícone de Nova York, reduto de famosos como o artista plástico Andy Warhol e Bianca Jagger entre outros. O publico participa do espetáculo como se estivesse na plateia de um cabaré de bordel, pode beber e comer, enfim, uma experiência rara na Broadway, famosa por seus teatros apertados e sufocantes. Os papéis centrais são de Alan Cummings e Emma Stone. Corretos e famosos, não impressionam nas pegadas inesquecíveis de Liza Minelli, Ann Reinking, Joel Gray e a direção magistral de Bob Fosse. É, no entanto, boa diversão e fuga inteligente dos musicais-infanto-ridículos que atraem milhares de idiotas ao cenário artístico da metrópole americana.
Gastronomia não variou dos sempre bons PJ’s, Serafina e Benoit. Sem tempo e forças para novidades, apostei no seguro e conhecido das três casas. Melhores e mais lotadas do que nunca, com direito a ver de perto atores como Bradley Cooper, Kathryn Erbe e o impagável ator norueguês Trond Fausa. Um divertimento a mais nesta cidade imensamente diversa e maluca. Frio, vento e chuva plenamente compensados por people-watching, profiteroles fumegantes, brunch perfeito e exposições inesquecíveis de Matisse no MoMa e Cubistas no Metropolitan. Escapada também às manicures coreanas perto do hotel e à tesoura certeira do cabeleireiro Danny Azouri, um israelense genial do Dario Salon na 57, entre Sexta e Sétima avenidas. Banhos quentes e relaxantes com os sais efervescentes da loja Sabon, ali perto. Uma festa para quem gosta de coisas cheirosas e coloridas. E sempre fugindo das intempéries do clima nova iorquino pré-natal e das incansáveis multidões das ruas, encontrei abrigo nos cinemas do Lincoln Center (Citizen Four e Homesman, um melhor do que o outro) e no Paris (The Imitation Game), favorito de sempre ao lado do Plaza.
Dicas aprendidas ao longo de mais de 30 anos indo com frequência a NYC:
• Compre entradas de museus online – poupa tempo e desgaste . Entradas de teatro direto nas bilheterias dos próprios. Sempre há lugar e se evita comissão extorsiva dos serviços de ingressos na internet.
• Tenha sempre em mente que quase todos os shows da Broadway, de qualquer espécie, são muito longos. Não raro três ou até quatro horas de entretenimento sem rival, mas sentado imóvel em poltronas apertadas e esmagando suas pernas por total e completa falta de espaço. Banheiros insuficientes e concorridos. Maneire na ingestão de líquidos e prepare a paciência.
• Se você não gosta de multidões, caminhe pela Sexta e Oitava, evitando ao máximo a Sétima, a Broadway e a Quinta. Uptown, leste e oeste, sempre. Midtown só mesmo para teatros, alguns restaurantes e Moma. Vá a pé ou de metrô. O transito está pior do que nunca. Times Square é um zoológico intragável. Mantenha distancia!
• Prenda a respiração quando estiver perto dos food trucks com placas: Halal Food. Cheiro nojento!
• NYC é fascinante, mas extremamente cansativa. Use cinemas, museus, praças, parques, salões de beleza e cafés tranquilos como pontos de descanso. Hotel, só para dormir e tomar banho. Por isso, escolha os mais baratos possíveis nesta cidade impossivelmente cara.
• Considere sua estadia por ali como um investimento e maximize seu tempo gastando em uma diária extra de hotel e não em bugigangas de outlets e camelôs. Pois, se vier do Brasil em voo noturno (a melhor opção) chegará ao hotel por volta de 7 da manhã. Insone e imundo. E só entrará em seu quarto às 3 da tarde. Roubada, pois tudo de interessante e útil só abre depois das 10 e você virará um fantasma exausto vagando pelas ruas. Com o relaxante check-in as 7 da matina você descansa, toma banho e está novo para não parar mais até altas da horas noite, assim driblando o fuso horário de 3 horas a menos.
Mesmo assim, dormindo pouco nestas duas noites e fazendo valer cada dólar do meu auto-presente de Natal, gastando no que mais gosto: viajar. Com intensa programação cultural, muitas caminhadas e algumas comprinhas inteligentes. Porque ninguém é de ferro...
São Paulo, 18 de dezembro de 2015
P.S.: quase sempre dedico meus artigos a amigos e familiares. Este é dedicado a mim e à minha incansável curiosidade viageira. Cheers!
GRAMADO - 2015
VERÃO EM GRAMADO
JANEIRO 2015
Quente durante o dia, noites agradáveis. Calor de montanha fria no inverno e intensamente ensolarada no verão, nada que a deliciosa piscina geladinha do Hotel Ritta Höppner não solucione.
Desde 2007 nos hospedamos lá e o serviço continua muito bom e agora o restaurante brilha com novo chef e novo cardápio sofisticado. Fora com a feijoada brega dos sábados e bem vindos pratos suíços, alemães e italianos, mais a cara dos imigrantes de Gramado e do próprio hotel. Ravióli de marreco à moda alemã, delicioso, salada caprese com pesto, picadinho Zurcher digno dos melhores de Zurique, de onde buscaram a inspiração do prato. O restaurante Otto agora é um dos melhores de Gramado, em virada surpreendente nesta cidade que é hoje top no turismo nacional. San Tao continua bom e é a única opção japonesa e asiática digna na cidade. Casa di Paolo retomou a ótima cozinha após perder, vergonhosamente, a estrela do Guia 4 Rodas. Nada como o sofrimento para mudar as pessoas; e os restaurantes! Infelizmente, Gramado perdeu o magnífico Le Sens e o elegante Marco’s. Mas ganhou novo chef no elegantíssimo hotel Saint Andrews. Caro, bonito, pequeno, comida-nível-São Paulo. O Bello Riso, risotteria que substituiu os pescados do Marco´s, supostamente do mesmo dono, será conferida no final de abril. E o restaurante do hotel La Hacienda segue sendo mesmo, não só o melhor da região, como o melhor custo-benefício-ambiente-serviço da Serra Gaúcha.
É muito difícil manter restaurantes de qualidade em cidade com turismo de massa, Disneylândia brasileira. Os genéricos da CVC e horrorosas organizações similares só querem saber de cafoneiras como sequencia de fondues e galeterias rodízio. Tudo a cara do Brasil da nojenta Dilma. O Bistrô da Lu continua perfeito, em Canela, mas um tanto vazio por conta dos “quilos” que sufocam a vizinhança.
E como estivemos em Gramado na última semana do Natal Luz e enfrentamos multidões por todos os lados, aqui vai o aviso: a cidade e região NÃO devem ser visitadas do meio de novembro ao meio de janeiro a não ser que se queira mesmo ver o Natal Luz e seus inúmeros shows e atrações. Como eu já vi tudo, 4 vezes, quero mais é fugir das hordas que estragam tudo. E o melhor do Natal Luz são mesmo as 2 semanas iniciais, em novembro, clima ameno e paz. A primeira semana de dezembro ainda é passável. O resto, esqueça. Caro e ruim. Nem o hotel Ritta Höppner, habitualmente perfeito, escapa à fúria dos turistas feios, gente na cidade por apenas 1 ou 2 noites. A rotatividade e o barulho, fora criancinhas uivando sem parar e os ônibus com o motor a mil por conta do calor, em frente ao lotadíssimo Mini Mundo, fazem com que a cara diária de R$900,00 se torne um mico. Mesmo preço que pagaríamos por tranquilo, silencioso e romântico chalé com lareira no La Hacienda.
Sempre nossa primeiríssima opção, mas sabiamente fechado nesta época. Lugar country-chique é outra coisa...
Para meu marido , Urs , veterano e fã de Gramado.
São Paulo, 18 de janeiro de 2015
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