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sábado, 10 de dezembro de 2016

VERÃO NO SUL DA BAHIA - BOM E (RAZOAVELMENTE) BARATO

VERÃO NO SUL DA BAHIA Coisa de milionário ou horrendos grupos da CVC, que segundo meu amigo Stefano, é “o câncer do turismo brasileiro”; sonho quase impossível no verão, especialmente para famílias querendo viajar de modo independente. E decente. Na estação mais cara do Brasil, verão, Ano Novo, Carnaval. Desastre financeiro... Nem tanto. Com um pouco de flexibilidade e imaginação, turistas normais podem optar por um hotel com vista linda, grandes jardins, apartamentos simples mas decentes, café da manhã civilizado. Abrindo mão dos caríssimos pés-na-areia, famílias podem se hospedar no Porto Seguro Eco Resort, repaginado Vela Branca, perto do aeroporto em Porto Seguro e bem longe da muvuca. Claro que não se escapa do show brega à noite, da gente gorda e feia de nossos tristes trópicos e coisas no gênero. Contudo, usando certas estratégias a coisa funciona surpreendentemente bem. Lá vai: Casal com dois filhos deve reservar uma das suítes com vista mar – a número 06 é bem legal. Espaçosas, 2 quartos, 2 banheiros e sala. Simples, mas funcional, no primeiro fim de semana de dezembro custou meros R$ 390,00 a diária com café da manhã. Alugar carro é também muito importante e em tempos de recessão as diárias estão pagáveis. O importante é hospedar-se no resort, fazer lá a primeira refeição do dia (levando os alimentos ao delicioso terraço ao ar livre e fugindo do ar condicionado furioso que transforma os pães de queijo em cubos de gelo intragáveis), de preferência cedo para evitar as hordas barulhentas e se mandar para as deliciosas praias ao norte, minha amada Santo André entre elas. Ao Sul, Arraial, Pitinga e Trancoso. Comer sempre fora do hotel e só voltar no final do dia para banho, antes do jantar que também deve ser o mais longe possível dali. Se der preguiça de pegar carro, desça as escadas rumo ao restaurante japonês Sushi San, no shopping bem em frente. Grata surpresa, comida japonesa/brasileira criativa e maravilhosas lulas gigante empanadas em farinha asiática mega crocante. Piscina só para crianças e o ar livre e sol devem ser aproveitados em baixo dos coqueiros localizados na beira da falésia, olhando para o mar e o interessante casario de Porto Seguro. Afastando assim o axé e o agito incomodo, marca registrada de piscinas brasileiras em resorts de maneira geral. A praia mais ou menos em frente ao hotel, Curuípe, é bonita e limpa e conta com restaurantes frente ao mar com opções semi-decentes. Como é o caso do espanholado Manito Praia e suas deliciosas caipirinhas. Mais para frente, para os apreciadores de cervejas e comidinhas de bar, o Catrumano é a dica. Não é na praia, mas o lugar é agradável, tipo um wine-bar, de cerveja, baiano. Lista longa e refinada, serviço simpático. Mas o melhor mesmo está por vir: a reabertura do restaurante Jacumã (marcada para meados de dezembro 2016), desta vez transplantado a uma casa no Centro Histórico de Porto Seguro. Na entrada do dito cujo, colado ao Porto Seguro Eco Resort. Na certa, volta triunfal do chef Stefano e sua comida italiana sensacional. A prévia foi um steak tartare de Angus beef, aquela vaca sofisticada que vem da Escócia. Seguida de tagliata (tradução: tipo picanha fatiada) do mesmo bovino, com salada de rúcula. Quem viver verá. Vale lembrar que Stefano Jacumã é aquele brilhante chef importado de Milão, das terras italianas da poderosa família Sforza, de Benito Mussolini, de Leonardo da Vinci, do panetone, do bife à milanesa, do risoto e outras genialidades São Paulo, 10 de dezembro de 2016

domingo, 27 de novembro de 2016

NEW YORK 2016

NEW YORK – 2016 As visitas quase anuais a Big Apple me pouparam do infame 11 de setembro, mas não do medonho Trump, cuja eleição tive o desprazer de compartilhar, ao vivo, nesta metrópole tão amada. Frustrante, mas interessantíssima experiência pela vibração das ruas, protestos, bloqueios, polícia por todo lado; enfim, coisas que pensamos ser exclusivas de nossa Banana Republica chamada Brasil. Não são e vividas como turista podem ser até bem divertidas. Nova Iorque está feia, suja e maltratada, tipo São Paulo e como aqui, não menos vibrante. Fui a bares e restaurantes inéditos, 18 espetáculos teatrais, descansei nos cinemas das caminhadas enormes, curti a ótima companhia de minha irmã e seu senso de humor incomparável. No quesito “flashback” voltei ao poderoso observatório do One World e sua poderosa vista. A novidade foi o fato de o supersônico elevador levar os passageiros, na descida, direto ao Occulus, a estação de trem show de Nova Iorque. Nova em folha, mais parece uma criatura abissal, um ser alienígena no espetacular projeto de Santiago Calatrava. Por dentro é mais um shopping americano, muito branco e novo em folha. Vale mais por fora do que por dentro e nem se compara ao eterno glamour da Grand Central. Também voltei ao Whitney, cujo pequeno acervo é uma joia eterna da cidade e desta vez exibia a obra interessante de Carmen Herrera, pintora que segue ativa aos 102 anos. Ali perto, a galeria Allouche expunha as obras coloridíssimas e originais do pintor espanhol, Rafa Macarrón. E lá fomos também, três vezes caminhando ida e volta pela High Line em trajetos que sempre contém surpresas arquitetônicas que parecem nunca terminar. As novidades ficaram por conta do Met Breuer e exposição de fotos de Diane Arbus. A ex-residencia do Whitney foi totalmente reformada e é uma agradável e pequena extensão contemporânea do gigante Metropolitan. Na região da Wall Street, nos encantamos com a beleza dos prédios antigos, perdemos as visitas guiadas ao prédio Woolworth que fica para a próxima. Bem como o restaurante Augustine, no maravilhosamente reformado Hotel Beekham. Tomei um dos melhores Manhattans da vida no clássico bar do hotel. Só este drinque-bomba já vale a visita! Pela velha ponte do Brooklyn morremos com um dinheiro inútil no River Café, lugar caro e pretencioso; um brunch insosso em lugar lindo, cuja vista num dia ensolarado é o cartão postal da cidade. DUMBO, uma das melhores partes do Brooklyn onde está localizado o restaurante pega-trouxa, vale a caminhada. Ali se observa a transformação de Nova Iorque além-Manhattan e o apelo jovem de reformas descoladas em construções outrora semiabandonadas. Na volta, pausa no ipictheater, conjunto de seis salas VIP de cinema, no Southstreet Seaport. Por 32 dólares se assiste filmes em poltronas tipo primeira classe de avião, se come pipoca ilimitada e se toma água. Por mais dólares, pode-se escolher algo da extensa seleção alcoólica e fast food típica. O lugar tem também um restaurante movimentado e sistema insondável de compra de ingressos. Pela novidade, modernice e descanso das ruas barulhentas, vale o que cobra. Após quase 20 anos de hospedagem no velho e gasto Hotel Wellington, encontrei um novo pulgueiro cuja única vantagem é estar no coração da Broadway. Com o nome pomposo de The Gallivant Hotel, o apertado balança-mas-não-cai oferece diárias quase decentes e localização perfeita para quem em 12 noites de cidade assistiu a 18 shows. De musicais óbvios como On Your Feet a experiências revolucionárias como The Encounter, passando por ballet intrigante da estrela russa Natalia Osipova. No setor “vale a pena ver de novo”: Love, Love, Love sempre. Bem como The Color Purple, A Life, The Collector, The Humans, Heisenberg e Sell/Buy/Date. A bordo do carro-chefe nova iorquino, os restaurantes, nos deliciamos com os eternos burguers do P. J’s, do Standard Grill, o delicioso, de cordeiro, do The Landmarc e o eternamente maravilhoso, ribs e foie gras, do DB. Minha irmã me arrastou a lugares para ver gente bonita, como o escuro Balthazar e o classudo Polo Bar. A comida deste último é bem boa. Infelizmente, como nada dura para sempre, o Benoit já não é mais o mesmo e os suculentos profiteroles com calda fumegante de chocolate foram para o espaço, acompanhados da cebola em excesso no steak tartare. Bar Boulud e Seraphina na rua 48 seguem corretos e a pizza, champanhe e torta de frutas do Seraphina Broadway compõe almoço divertido para uma despedida da cidade. Muito bom mesmo é o Gabriel Kreuther, de chef alsaciano e comida memorável. Além de ser um dos ambientes mais bonitos e arrojados de Manhattan. Sua confeitaria, ao lado, é um sonho inesquecível. Gisela também indicou Locanda Verde, delicioso mix de gente transada e comida relevante e acertou em cheio na delícia retrô que é o Carbone; musica divina e comida italiana fake imperdíveis. Corra antes que acabe, pois manter tais coisas não será fácil. E se New York parecer cansativa, tome um trem velho e absurdo na Grand Central, antes comprando uns chocolates celestiais na Neuhaus na parte externa da estação, na rua 42, e encante-se com a paisagem do vale do rio Hudson. Em uma hora e meia você estará na pequena Beacon, que abriga um museu de arte contemporânea dos mais singulares, o Dia Beacon. A experiência trem+guloseimas+arte maluca e vistas bucólicas é muito bacana. A quiche de espinafre do café do museu, acompanhada de um bom vinho branco embalam a sonolenta viagem de volta a minha querida Big Apple. Sempre maravilhosa. Com ou sem Trump... São Paulo, 27 de outubro de 2016.

sábado, 8 de outubro de 2016

TOSCANA - OUTONO 2016

LUA DE MEL TOSCANA ITÁLIA 2016 - outono Após quase 17 anos de casados, celebramos esta “vitória” com 2 noites em Milão, 5 em Siena e 2 em Lucca. Tudo de carro, pelas maravilhosas estradas e lagos suíços e italianos. Com direito a parada no Eataly, excelente restaurante/loja de “beira de estrada” perto de Bologna. Nada como uma fantástica pizza quatro queijos para quebrar o longo trajeto entre Zurique e Milão. Ótimas escolhas, pouco tempo, tanto que ver... Milão elegante e movimentada, nunca vi tanta gente bonita e bem vestida na minha longa carreira de viagens por quase todo o planeta. Acidentalmente, nos hospedamos no NH Fiera Milano, excelente e barato, fora da cidade, mas ligado ao centro por ótima linha de metro. Uma boa dica para quem quer hospedagem de qualidade e bom preço, coisa totalmente impossível no centro de Milão. Fora a visita obrigatória à linda catedral, museu um tanto macabro da própria e praça em frente, tive o enorme privilégio de assistir uma ópera completa, A Flauta Mágica, de Mozart, no teatro mais famoso do mundo, o Scalla de Milano. Plateia e teatro impecáveis, companhia alemã, cantando e declamando em alemão, sem legendas. Coisa para gente entendida e culta. Não há qualquer concessão ao mundo moderno e só por isso, já vale a pena. Como também vale a visita ao museu Leonardo da Vinci, o gênio que viveu e criou genialidades por lá durante décadas. No Centro Ittico, um lado menos turístico da cidade, comemos muito bem no Raw Fish Café, que apesar de nome em inglês, não poderia ser mais italiano. Dica de meu amigo Stefano, chef italiano fantástico. Como nativo de Milão, nos deu esta preciosa sugestão e nos deliciamos com menus de peixes e crustáceos crus; peculiaridades como tartare de peixe cru chamado em italiano de ricciola, com romã, por exemplo. O restaurante que é especialista em frutos do mar e é dono de uma peixaria famosa, prepara tudo cru ou cozido, como queira o freguês. O ambiente interno é mais sóbrio e elegante e o” giardino”, mais descontraído. O vídeo, em italiano, no You Tube, sobre o restaurante dá uma boa ideia das maravilhas oferecidas. Siena foi a próxima cidade, no coração da Toscana. Alugamos um apartamento em zona residencial, boa pedida, pois visitamos cidades vizinhas e o acesso ficou fácil. Montalcino encantou pelos vinhos e a vista/cozinha do restaurante Osticcio, pelas ruas calmas, fazendas e vinícolas lindas por toda parte. San Gimignano, apesar de charmosa com suas inúmeras torres, não é passeio fácil devidos aos inúmeros grupos de turistas que lotam tudo. As lojas de comida da vilazinha são geniais e para vinhos finos a Antica Latteria é imbatível. Monterrigiano, ali perto, tem um clima mais zen e experiência mais prazerosa; aquela coisa de gelatto e prosecco na pracinha central, paz e história. Como também o delicioso almoço caseiro da fazenda Fattoria Poggio Alloro ali pertinho. Ao ar livre, sob o verdadeiro sol da Toscana; não como o filme, mas como a experiência de queijos, vinhos, carnes, tudo produzido e cultivado na fazenda. Uma experiência única e sem preço, por 30 euros por pessoa. Arezzo encanta pelas praças, movimento, joalherias, lindas igrejas e afrescos embasbacantes. Por ser maior e mais fora do roteiro turístico convencional, não é tão visitada e nem tão conhecida e por isso mesmo tem um clima mais autentico, sem aquela coisa de cidade-europeia-museu. Um lugar onde se vive e respira arte, mas onde as pessoas comuns casam nas igrejas, sem grande alarde, com festa informal pelas escadas das praças vizinhas. Cenas de uma Itália vibrante e real. O mesmo sentimos em Lucca e Siena, onde nem as magnificas catedrais, construções muito antigas e shows de opera, som e luz e outras coisas bem turísticas não conseguem tirar o encanto real dos lugares. Em Siena, onde já tínhamos estado há apenas uns meses, fizemos tudo turístico, mas também, por agora nos termos hospedado em apartamento em bairro residencial, fora do centro histórico, apreciamos outros aspectos deste maravilhoso lugar toscano. Subir até o topo da Torre da praça principal proporciona uma vista fabulosa, 360 graus de pura Toscana, um deleite visual. O gastronômico ficou por conta de um banquete no moderno PorriOne; cozinha italiana inovativa, usando produtos sazonais e regionais. Para comprar os mesmos, o destino certo é a loja da cooperativa agrícola local, Conzorcio Agrario di Siena. De enlouquecer, com tantos produtos divinos! Para quem gosta de doces, os biscoitos ricciarelli são de matar... Para os orgânicos, existe até viagem de um dia, em trem, no Treno Natura. Para ver e degustar produtos politicamente corretos da região. E para os apreciadores de vinho esta região da Toscana, conhecida como Val D’Orcia é top. Brunellos despesam maiores comentários. Para nós, no entanto, foi na região de Chianti, não muito longe de Lucca ou Siena, que visitamos uma vinícola absolutamente show, a Antinori. Enorme, moderna, arquitetura absolutamente fascinante, com direito a museu, degustações imperdíveis, loja belíssima e um almoço sem igual, com vista embasbacante, à sombra das parreiras e oliveiras do “quintal” maravilhoso da família que há séculos produz vinhos celestiais. Nossa ultima parada foi em Lucca, pela estrada do azeite de oliva e do vinho. Lucca é um encanto de cidade cujo centro histórico é cercado por enorme muralha perfeitamente preservada. A tal muralha é tão grossa que seu topo serve de parque e muita gente passeia, corre, anda de bike, namora e aproveita o genial restaurante San Colombano; que vai do cappuccino a vinhos caros, dos fumegantes paninis a sofisticados pratos com trufas e outras preciosidades. Doces e sorvetes de sonho... Para quem quer cozinha tradicional da cidade, sem frescura e só com italianos na casa, dirija-se a Locanda di Bacco, onde tartare de carne chianina, nhoques com creme de queijos e trufas negras, salames exóticos e tagliata com salada de rúcula são os anfitriões de um lugar onde modernidades não tem vez. E Lucca não tem apenas o usual repertório italiano de igrejas e museus com temas católicos. Também tem museu de arte contemporânea com direito a restaurante super moderno, como as obras lá expostas. é o L.U.C.C.A. Quando visitamos, havia uma exposição de fotografias de cinema que não ficava devendo a nada acontecendo pelos museus importantes do planeta. Fotos que Cartier Bresson tirou de Marilyn Monroe, por exemplo. Sendo a cidade natal do gênio da ópera, o fabuloso Puccini, espetáculos um tanto turísticos, mas nem por isso menos prazerosos, abundam por Lucca e é uma experiência emocionante ouvir ópera, árias de Manon Lescault, Turandot, Tosca e La Bohéme cantadas por capazes artistas locais, dentro de igrejas de valor histórico enorme, cercados por obras de Tintoretto e outros pintores de tal calibre. Para os muito católicos, a catedral de Lucca conta com o Volto Santo, uma imagem do século 13, de um Cristo Negro. Milagreira e muito respeitada, ela é exposta numa espécie de gaiola dourada, um show à parte dentro da catedral de mármore branco, fulgurante, uma verdadeira arca do tesouro milenar. Assim é a Toscana: um tesouro artístico, culinário, agrícola, cultural. E de moda, pois Milão e Firenze reinam absolutas no quesito fashion. Em Firenze existe até museu Ferragamo. A família de mesmo nome produz um dos vinhos mais poderosos da região, o Il Borro. Por 50 euros se compra uma garrafa de tinto inolvidável, bem mais barato do que sapatos e bolsas da famosa marca. E isso é o grande diferencial da Toscana: a mistura vencedora de qualidade, tecnologia, sofisticada simplicidade, tradição e respeito às raízes; qualidade de vida na casa dos 1000%. Uma viagem para ser feita sempre. Se não apenas em presença física, mas também, e muito, no coração! Zurique, 08 de outubro de 2016.

domingo, 11 de setembro de 2016

PITINGA BAHIA

NEM TRANCOSO E NEM ARRAIAL: PITINGA Mais perto de Arraial d’Ajuda, mas não muito longe de Trancoso, a praia da Pitinga é um paraíso de mar verde azulado, no meio do agito, mas longe o suficiente para não se incomodar com o axé baiano e nem com os grupos de turistas feios e gordos que passam algumas horas neste paraíso no sul da Bahia. Perto o suficiente da charmosa Arraial e da cara Trancoso, ideal para uma escapada de alguns dias... Contudo, paraísos tem preço e a Bahia é linda, mas cara! Sempre foi e suspeito que sempre será, pela proximidade dos voos que saem do triangulo endinheirado de São Paulo, Rio e BH. E para quem quer experiência de praia em reais, evitando as muitas armadilhas das moedas fortes pelo mundo, lá vai o “mapa da mina”: 1- Voe direto até Porto Seguro e alugue carro no aeroporto. Cruze a balsa para Arraial, entre na cidade e siga a placa “Praias” até a Pousada Pitinga, mais pé-na-areia impossível. 2- Pronto! Desde 1994 frequento anualmente a região, mas nunca tinha me hospedado na Pousada Pitinga, cujo restaurante, Cauim, é e sempre foi o melhor, disparado, entre Santo André e Prado. Só perdia para o finado Jacumã, mas isso é outra história... Não me hospedava lá por 2 motivos: é necessário carro ou táxi para curtir Arraial e Trancoso e a pousada, parte do Roteiro de Charme, não é barata. Preferia o custo-benefício da Beijo do Vento. Não mais. Entre falésia-vista e preço, prefiro pé na areia, cozinha requintada e exclusividade. Isto sem mencionar o serviço ótimo da pousada, bons quartos, cuidado pessoal da dona, etc... O café da manhã é minimalista-delicioso, servido em local claro e arejado com o toque de capricho estando no fato da pousada ter uma gerente especial, exclusiva para a primeira refeição do dia, que supervisiona tudo e a cozinha e o ambiente serem separados do restaurante beira mar. Frutas frescas, apresentação adorável, bolos fumegantes, só brasileirices divinas. O terreno de 7000 metros quadrados está, literalmente, em cima do mar, pois o aquecimento global engoliu parte da praia e o gramado da pousada se junta ao mar numa combinação que faz com que se sinta estar a bordo de um navio que não se mexe e nem mareia. Experiência inédita e maravilhosa, sem preço. Na Pitinga existem outras pousadas e hotéis, mas nenhum com esta maravilhosa interação com o mar. No Cauim, moquecas, arrozes de polvo, sorvetes de coco, caipirinhas e camarões dispensam deslocamentos até outros estabelecimentos. Mas, para quem quer mais movimento, ir até Trancoso e gastar dinheiro no Quadrado ainda é bom programa. Bem como enfrentar 2 balsas até minha amada Santo André e comer lagosta na dona Miki na Pousada do Corsário. A novidade no setor comilança ficou por conta do Bistrô D’Oliveira, na Estrada da Balsa em Arraial, fora do centro. Lugar bonito, bem decorado, inacreditavelmente profissional para padrões locais. Preços razoáveis, bom serviço, cardápio criativo. Volto com prazer. Apesar de caro, cinco dias e duas pessoas, dois quartos, passagem, carro alugado, táxis e balsas, mais boas comidas e bebidas com direito a alguns souvenires, sai por volta de US$ 2500. Mesmo preço de Buenos Aires ou Santiago e na certa mais barato do que as “esticadinhas” brasileiras, burríssimas, até a brega Miami, por exemplo. São Paulo, 11 de setembro de 2016

sábado, 16 de julho de 2016

SUL DA BAHIA 2016

SUL DA BAHIA – UPDATE 2016 Voltar a Santo André, Cabrália, Porto Seguro e Arraial da Ajuda é sempre delicioso e neste passado abril levei minha família suíça para conhecer esta região do Brasil que considero uma das mais bonitas. Frequento o entorno desde 1994, voltando, até, várias vezes num mesmo ano. E não enjoo. Até a cafonice do comércio de Porto Seguro me encanta, a simpatia dos baianos é contagiante, o tempo quase sempre lindo, céu claro, mar morno, brisa suave... Em Porto Seguro até encontrei um restaurante viável, o Alecrim. Uma pizzaria de um italiano de verdade, com ótimas pizzas, massas e frutos do mar. Em rua lateral, mais calma, um lugar gostoso, limpo e barato. Em Arraial, as compras me puxaram para as várias lojas de artesanato e tapetes, luminárias e as peças bem originais do Cores da Terra fizeram um rombo na minha conta bancária. O Café da Praça continua ótimo e seu cappuccino e docinhos tipo festa de criança são maravilhosos. O restaurante Cauim segue imbatível na Pousada Pitinga. Caro, mas fenomenal de bom. Fora a proximidade do mar, o serviço, o charme... Santo André continua ostentando a praia mais linda do mundo, Cabrália e Porto Seguro as belas igrejas e monumentos que justificam o nome Costa do Descobrimento. Os suíços adoraram ver que o “berço” do Brasil é nestas praias tão lindas, lugar mais do que adequado às ideias tropicais que os gringos tem do Brasil. Desta vez conferimos, falando de gringos, o hotel da seleção alemã vitoriosa da Copa passada, o magnífico Campo Bahia. Com reserva, pode-se comer no restaurante e visitar o caro e exclusivo hotel. É bonito, luxuoso, confortável e comida e serviço estão à altura das instalações. A pousada Victor Hugo, também agora de proprietário alemão, serve bons petiscos e caipirinhas. Está bem melhor cuidada do que na época dos donos fundadores, mas o restaurante ainda não parece ter se firmado. Na próxima visita conferiremos. El Floridita valeu dois almoços e a cozinha japonês-baiana-paulista da Miki segue vitoriosa. Santo André estava mais cheia e mais movimentada do que o paradeiro de costume, o que é animador. Até nos arriscamos a tentar restaurante mais simples como o Almeja. Deu certo. Como a mítica ave fênix, Santo André dá sinais de vida e renovação. Espero que dure! Zurich, 16 de julho de 2016

domingo, 10 de julho de 2016

VINHOS BRASILEIROS, CANIONS, GRAMADO 2016, LAREIRA, FRIO

VINICOLAS BRASILEIRAS E LINDOS CANIONS NA SERRA GAÚCHA GRAMADO UPDATE 2016 Há 9 anos vamos seguidamente a Gramado, uma média de três vezes por ano. No entanto, como a região das vícolas é meio longe da cidade, ficamos com preguiça e acabamos não visitando mais seguido esta jóia de coragem, qualidade e empreendedorismo que é a cultura do vinho no Brasil. Como competir com os bons e baratos vinhos chilenos e argentinos? Com qualidade e criatividade, como mostra a vinícola Miolo, em Bento Gonçalves; como foco apenas em vinhos top, como é o caso da pequena e vencedora produção da vinícola Don Laurindo. Numa fria tarde de abril, 2016, passamos uma tarde percorrendo as belas estradas da serra e suas cidades limpas, vegetação e flores profusas, vistas lindas. Parando para almoçar na Casa di Paolo, que continua sendo a melhor da rede. Vamos sempre à filial de Gramado, mas a original, nos arredores de Bento continua sendo a melhor, naquela agradável e aconchegante casa de pedra, envidraçada, no meio da floresta. A combinação de frio, lareira, um Don Laurindo tannat e a maravilhosa cozinha da casa tornam a experiência inesquecível. Em nossa segunda vez, não desapontou; pelo contrário, reforçou nossa ótima impressão de muitos anos atrás. A visita a Miolo é organizada e bem explicada, a degustação bastante minuciosa. A loja é um show e os diversificados produtos incluem até cosméticos usando uvas nas fórmulas. O creme de corpo com extrato de semente de uva é campeão. Na Don Laurindo, apenas degustação simples e a sensação de se estar num lugar pequeno, onde os donos curtem, amam o que fazem e a qualidade é mais importante que o lucro. Exemplar. Mostrando o Brasil a nossos parentes europeus, tivemos que ir ainda mais longe e enfrentar estradas de terra onde ficamos com medos das coisas estarem “radicais” para chegar ao canion do Itaimbezinho. Que eles adoraram e nós idem, em nossa revisita invernal. Com chuvas fortes na região, há anos, o canion sensação está verdíssimo e suas cachoeiras enormes. As trilhas são curtas e fáceis e o parque está em bom estado de conservação. O almoço foi no Parador Casa da Montanha, onde já nos havíamos hospedado duas vezes antes. A comida é de fazenda gaúcha, com toques italianos (polenta mole com costela- yum...) dos imigrantes que fizeram da região uma das mais legais do país. Mais vinhos regionais, lareira crepitante, paisagens zen, momentos inesquecíveis. Em Gramado, ousamos este ano ao escolher um apto. Airbnb. Boa decisão para quatro pessoas e nem sentimos falta dos hotéis Hoppner e La Hacienda onde sempre ficamos. Voltamos, no entanto, ao restaurante do La Hacienda, que continua sendo o melhor de Gramado. Duas vezes: um almoço e um jantar. Campeões em preço, qualidade e ambiente. Estávamos apreensivos, pois o La Hacienda foi vendido e as coisas poderiam estar diferentes. Não estão. Estão melhores do que nunca e a equipe é a mesma. Continuaremos prestigiando. Na arena gastronômica o San Tao segue excelente, bem como a pastelaria ao lado da igreja e os suculentos e gigantescos carpaccios do bistrô envidraçado do Casa da Montanha. O Table D’Or anda lotado e vibrante – primeira vez há anos – e a comida e serviço, impecáveis. Também descobrimos os fantásticos alfajores Mukli na estrada para Nova Petrópolis. Não perde para os argentinos, na verdade são melhores e o doce de leite está no melhor nível dos portenhos. A pequena fábrica pertence a imigrantes uruguaios que fazem um trabalho perfeito. Existe um quiosque que vende alguns dos produtos num shopping movimentado de Gramado, o Largo da Borges. Mas o melhor mesmo é pegar o carro e ir até a fábrica. Vale a quilometragem e as calorias! Zurique, 10 de julho de 2016.

sábado, 2 de julho de 2016

VERÃO, FESTA DE RUA E ARTE NA EUROPA - 2016

VERÃO 2016 NA EUROPA COM ARTE, HISTÓRIA E FESTA DE RUA A Suíça no verão se transforma em outro país e a informalidade toma conta deste pequeno país montanhoso, conhecido pelos bancos secretos e a discrição de seu povo. Em Zurique, a cada 4 ano ocorre a Festa de Zurique (Züri Fäscht), como agora, neste primeiro fim de semana de julho 2016. Por toda a cidade, centenas de food trucks, caipirinhas a 50 reais, Havaianas sendo vendidas por 120, barracas promovendo até bolsas fake – coisa impensável em tempos normais – baladas, esportes radicais, parques de diversão, atrações para todos os tipos de gente e para todos os bolsos. Shows gigantes com cantores como Adele e Andrea Bocelli, ao longo do lindo lago de Zurique, são iluminados por 45 minutos ininterruptos de fogos de artificio sensacionais. Por 3 dias consecutivos, tudo limpo, alegre e muito bem organizado. No setor de arte contemporânea, a MANIFESTA 11, uma das exposições mais loucas que já assisti na vida, corre solta durante meses na cidade. É uma mostra de arte europeia, itinerante, uma bienal de rua, cujo propósito é trazer gente que nada sabe de arte, a museus e espaços culturais. Através de peças pouco ortodoxas como esculturas de coelhos engolindo porcos, espaços gigantes preenchidos por cocô dos habitantes de Zurique e um espaço de madeira flutuando no rio, com um bar dentro, para ilustrar como se gasta dinheiro à toa. Apesar da maluquice, é uma iniciativa séria e a prefeitura da cidade dá a maior força. Gastam milhões da valorizadíssima moeda local, trazendo bloggers famosos como Bendrit Bajra, de 20 anos e milhões de seguidores no Facebook, para apreciar o The Zurich Load, o quarto de merda acima citado, do artista americano Mike Bouchet. Já o luxuoso bar flutuante no lago, bem em frente aos famosos e riquíssimos bancos do país, chama-se What people do for Money e o reflexo do lago reflete o desperdício de dinheiro que atormenta o mundo moderno. À uma hora da cidade, visitando Sankt Gallen e seu precioso centro antigo, nos deparamos com a Stadtsbibliotek, uma das bibliotecas mais antigas do mundo, uma jóia encravada em outra, a catedral da cidade. Arte barroca ultra preservada numa cidade que também exibe uma das escolas top de economia. O maravilhoso hotel Einstein, também no centro, torna a estadia de final de semana perfeita. Seu restaurante de uma estrela Michelin é moderno e minimalista. Por toda a Suíça, no verão, existe este contraste forte entre o contemporâneo e o antigo, o formal e o informal, os churrascos de salsichão branco lado a lado com restaurantes engravatados. Os kite surfers que não tem o mar mas se viram com uma tirolesa pelo rio, fazendo acrobacias incríveis ao lado de cisnes brancos e negros, plácidos e elegantes. Os amantes da musica tem ainda a opção bárbara do Festival de Montreaux, na cidade de mesmo nome. Ali, no dia 10 de julho, acontece o Brazilian Dream, com nomes de peso como Maria Rita e Ana Carolina. Como diz a imprensa suíça, “é Copacabana no lago Léman”. Vale tudo e vale a pena! Zurique, 02 de julho de 2016.

sexta-feira, 1 de julho de 2016

BUENOS AIRES - INVERNO 2016

PARADOXO BUENOS AIRES Caída, suja, empobrecida, esburacada, mais favelizada. A “Paris dos Trópicos” já era? Não. E está mais vibrante e interessante do que nunca, nestes últimos dias de um maio frio e chuvoso de 2016, quando lá estivemos, minha irmã e eu, em cinco noites muito divertidas. A começar pela hospedagem, tentando fugir dos altos preços dos hotéis da capital argentina. Escolhemos um apto Airbnb quase em frente ao Obelisco, na ruidosíssima Avenida 9 de Julho. Quase morremos de frio e enlouquecemos com o barulho da avenida mais larga do mundo, mas valeu a pena. O apto de 2 quartos e 2 banheiros, cozinha acanhada, em localização mais do que perfeita para espetáculos teatrais e curiosos passeios pelo centro, nos custou 80 dólares por noite. Por força de comparação, o Novotel, ali perto, não sai por menos de 200 a noite; um quarto pequeno e desprovido de qualquer atrativo, em hotel sem graça e classe, repleto de brasileiros horrendos e criancinhas correndo descontroladamente. Sou grande fã do sistema Airbnb e já tivemos ótimas experiências em Roma, Rio e Gramado. O segredo, em Buenos Aires, é sempre escolher ruas pequenas e laterais, fugindo do trafego intenso das grandes avenidas. No inverno, certificar-se de que existe calefação. No apto. que alugamos havia ar condicionado quente nos dois quartos, mas não dava conta do frio e do vento, pois as janelas são vagabundas, coisa mesmo de terceiro mundo. Como gastamos pouco com a hospedagem, lá fomos nós aos magníficos restaurantes portenhos, revisitando sempre o estupendo La Cabaña e suas carnes imbatíveis, enfrentando multidões no La Cabrera e chegando cedo no almoço para fugir delas, no chique Fervor. Estas 3 churrascarias top, com preços mais razoáveis do que o maravilhoso restaurante Elena, do igualmente maravilhoso Four Seasons e do sempre divino Tomo I. Almoços com bons malbecs e 3 fartos pratos saem no mínimo 70 dólares por pessoa e no máximo 100. Não é barato para nossos combalidos bolsos brasileiros, mas uma pechincha para quem ganha em moeda forte. Cafés da manhã chiques e tranquilos no La Biela, no Café Tortoni e no Petit Colón, a um quarteirão do famoso teatro. E nos teatros encontramos os pontos altos de nossa viagem, com peças estupendas como Nuestras Mujeres e TOC TOC. A Orquestra de Buenos Aires deu um show inesquecível no Teatro Colón, El Quilombero divertiu muito com uma bobajada relaxante e El Outro Lado de La Cama encheu de energia jovem e vibrante o nosso périplo pelas artes cênicas. O encanto do tango sem turistas dos espetáculos curtos e simples do Centro Cultural Borges completaram a temporada. Em 7 espetáculos só não gostamos de um, o fraco Le Prenom. Bom saldo, completado pelos museus, outro ponto fortíssimo de Buenos Aires. Tanto museus como teatros são baratos, preços razoáveis se comparados aos paulistas. Malba, sempre agradável de visitar, nestes dias desprovido de grandes exibições temporárias, mas intrigante na coerência de sua coleção permanente e na luz natural de sua arquitetura, que mesmo em dias cinzentos e chuvosos, ilumina o espaço de modo impressionante. Artes Decorativas, com o salão principal reformado, lindo. PROA sempre desafiando com sua arte contemporânea sem limites, com homenagem tocante à recentemente falecida arquiteta britânica Zaha Hadid e a exposição Arte em Escena. Desta vez ousamos, visitando o pequeno e curioso Museo Beatle, a maior coleção sobre a banda inglesa que já apareceu pelo mundo. O dono colecionou todo tipo de objetos autênticos ou nem tanto, relacionados aos quatro cabeludos geniais e o resultado é uma mostra concisa e suavemente nostálgica da carreira única destes ingleses. Outra novidade foi o Museu Evita, bastante mais interessante do que podíamos imaginar, localizado em bela casa antiga num parte arborizada e descolada de Palermo. A mostra é total propaganda peronista e é isto que faz do museu um lugar exclusivo; uma espécie de templo oficial ao culto da imagem desta personagem controvertida da historia do país. Na loja do museu, só vendem livros pró-peronismo e artigos condizentes. Mas consegui comprar uma bizarra bolsa com a Evita vestida de Carmem Miranda, envolta na bandeira brasileira! O café-restaurante do museu é delicioso e aconchegante e toda a experiência remete a um passado um tanto fantasmagórico e absurdo. Melhor ir logo antes que mudem o acervo do museu. Em tempos anit-peronistas como os de hoje, com o atual governo Macri mudando o acervo do Museo Del Bicentenário para expelir a herança maldita dos outros peronistas ladrões, a dupla Kirchner, podem decidir contar a história de Evita de modo mais realista. E, talvez, não tão interessante! Dicas atuais: 1- O Uber está iniciando na Argentina e é péssimo. Fuja! 2- Easy Taxi funciona bem, mas os carros continuam caidaços. O melhor e mais caro serviço de transporte continua sendo Manuel Tienda León. Sem erro. 3- Trocar dinheiro continua difícil e os arbolitos ainda existem ao longo de toda Calle Florida. Reais tem boa cotação e sempre prefira as casas de cambio, oficiais, do centro. Passaporte com carimbo de entrada ou RG com o papel de entrada carimbado. Sem isso, só trocando dinheiro com os arbolitos. As cotações estão realistas nas casas de cambio oficiais, mas a burocracia, os intermináveis questionários, filas e tempo perdido são uma cruz. 4- A dica de trocar dinheiro no Banco Nación, na chegada em Ezeiza só vale a pena se não houver fila. Em geral há, grande, lenta e passam argentinos na frente dos estrangeiros. Ao melhor estilo soviético! Para minha irmã, grande companheira de viagem. Valeu Gigi! Zurique, 01 de julho de 2016.

domingo, 24 de janeiro de 2016

BERNA - CAPITAL DA SUÍÇA

Berna – os encantos da capital Suíça Um fim de semana surpresa para comemorar meus 60 anos bem vividos, foi assim que meu marido suíço me mostrou os encantos da jóia histórica e arquitetônica que é a capital de seu pequeno, rico e influente país. Na semana em que as pessoas mais poderosas do mundo se reúnem em Davos, não muito longe de Berna, para discutir assuntos “leves” como economia mundial, refugiados e terrorismo, lá fomos nós ao coração da Suíça visitar esta cidade fundada no século 12 por um duque cujo objetivo era transformar a região em grande centro comercial. Numa colina a beira do lindo e limpíssimo rio Aare, Berna surge majestosa em suas construções preservadas e uniformes; completas com mais de seis quilômetros de arcadas cheias de lojas bonitas e bares subterrâneos, para deleite dos milhares de turistas que visitam a cidade todos os anos. Faça chuva ou sol, com a proteção das passagens cobertas, Berna é a precursora dos shoppings em lindas casas cinza esverdeadas, algumas pintadas com cenas locais, de cerca de 1400, torres com relógios majestosos, fontes curiosas, representando motivos do religioso ao bizarro- a mais famosa exibe o “comedor de crianças” devorando os petizes menos comportados! A imponente catedral gótica tem uma fachada delicadamente esculpida com cenas do Juízo Final, aonde o prefeito de Berna vai para o céu e o de Zurique para o inferno. Rivalidade antiga... Caminhar pelos arborizados e elegantes bairros das embaixadas e residências diplomáticas é um grande programa. As mansões de 1800, pertencendo a ricos comerciantes da época, são agora representações de vários países e é curioso ver um país como a China localizado em castelo gênero transilvanico, o Peru, modesto, em pequeno edifício sem luxo algum, a Itália ocupando três palácios rodeados de jardins maravilhosos e o Vaticano exibindo a casa mais suntuosa, coberta de toques dourados por toda parte. Andar beira rio, além de agradável, é surpreendente na parte em que um pequeno zoológico abriga lontras, javalis, focas e cinco ursos, estes últimos, tratados como reis. Sendo o símbolo da cidade, os cinco felizardos peludos contam com área verde espaçosa, cavernas, playground, espaços aquecidos, fofas camas de feno e até enorme piscina para exercícios. Só mesmo em país cujo PIB é um dos mais polpudos da Terra! Além das mordomias animais, no verão há piscinas públicas para seres humanos, impecáveis, com day use de preço modesto e praia fluvial. As piscinas são aquecidas, mas o rio não e a correnteza forte. Mas é um programa diferente e divertido em cidade onde não se imagina biquíni a poucos metros do Palácio do Governo (outra construção dourada e verde, majestosa). Por ser pequeno e montanhoso, o país sempre mistura tudo de forma inusitada e criativa; não há desperdício, cada metro conta. Caminhadas e ótimas compras juntam-se a uma coleção estupenda de museus. Destaque para o Museu Einstein, o Histórico Nacional, o Alpino, o das Comunicações e o de Belas Artes; este último, presenteado recentemente com a coleção controversa e milionária do Sr. Gurlitt. O recluso filho de um nazista de mão cheia, que roubava dos judeus suas obras de arte a mando de Hitler, o eremita vivia isolado em meio a centenas de preciosidades sem preço. Morreu recentemente e deixou tudo para a Kunsthaus Bern. No ano que vem começarão a exibir parte dos quadros e esculturas sensacionais. Bom motivo para voltar, bem como os restaurantes maravilhosos e confeitarias de sonho. No Jack’s Brasserie comemos o melhor bife à milanesa do mundo (Wienerschnitzel), em luxuoso ambiente de brasserie francesa. Um dos melhores restaurantes da Suíça e carta de vinhos estonteante. O Kornhauskeller, atração turística pela maravilhosa arquitetura e o fato de estar há séculos num velhíssimo depósito de milho nas profundezas dos subterrâneos bernenses, não tem cozinha tão sofisticada, mas a comida é moderna, italiana, gostosa e a clientela é bonita e descolada. Vale a experiência e o visual. Para vistas incomparáveis dos Alpes, em dias claros e céu azul, o Vu, bar e restaurante do fantástico hotel Belllevue, é o lugar ideal. Para opção da mesma vista, mais em conta na modéstia dos cinco francos, suba os 334 degraus da torre da catedral. Em noites de lua cheia organizam aperitivos lá por 30 francos. Nunca vi a mescla de bebida alcoólica com igreja, “bar religioso”, mas a prática filosofia protestante une o útil ao agradável. Why not? Para os loucos por doces, como eu, a confeitaria Beeler é uma festa. Pão de mel com avelãs, biscoitos fofos molhados em licor de cereja, trufas ovais oferecidas em embalagens intrigantes e copinhos de chocolate recheados com tudo o que há de bom no venenoso mundo do açúcar, são mais uma razão para voltar a Berna. Hospedagem é, infelizmente, bastante cara na cidade, culpa das embaixadas e consulados do mundo todo que ali competem pelo precioso espaço. Dicas: Airbnb e o hotel Sternen, na vizinha Muri. O Sternen tem quartos corretos, bom café da manhã e transporte publico impecável na porta. Ou se anda os bonitos quatro quilômetros até o centro, ou se toma o bonde perfeito que passa a cada dez minutos: de graça, a passagem é incluída na diária do hotel. Zurique, onde moro parte do ano, é minha cidade preferida na Suíça. Basel e Genéve seguem de longe, mas Berna fica no coração pelo muito que oferece num cenário e sonho e encantamento. Segura, fácil, alegre, jovem, pitoresca, muito interessante e calma; paraíso possível em mundo tão violento e conturbado neste início de 2016. Zurique, 24 de janeiro de 2016.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

ANO NOVO EM ROMA

ANO NOVO EM ROMA 2015/2016 Ponto final de nossa viagem de fim de ano à Itália, cidade onde tinha estado apenas uma vez quando era adolescente. E não é que todos os caminhos, como diz o velho ditado, levam a Roma? Ainda bem, pois a capital italiana é um tesouro histórico, gastronômico, artístico. Além de ser muito divertida! Na simpatia de seu povo, no barulho, no agito, na sujeira das ruas, no transito pesado, carros estacionados em lugares improváveis, na confusão geral. Tudo mesclado às construções deslumbrantes, luxo descomunal, tesouros que poucos países podem exibir. Ficamos num apartamento alugado no Airbnb, bem localizado e espaçoso, perto do Vaticano e do majestoso e misterioso Castel San Angelo. Em cidade cara e lotada como Roma, um grande negócio. Muito espaço e conforto por 170 euros por dia. Sou cada dia mais fã do Airbnb, que usamos também com grande sucesso no Rio de Janeiro, no ano passado. Adeus definitivo a quartos minúsculos e preços extorsivos; viva a sharing economy! Só fizemos programas bem turísticos, como Fontana di Trevi, Panteão, Coliseu e gigantesco complexo de ruínas históricas que cerca este último. Uma maravilhosa maratona por mais de 2000 anos de história. Apesar das multidões, tudo interessantíssimo. Sem tempo, não visitamos os Vaticano e seus museus: bom motivo para voltar à cidade Eterna e quem sabe ter a sorte de assistir um espetáculo no Teatro di Marcello, um mini Coliseu semi restaurado e palco de shows espetaculares e condomínio de luxo. A verdadeira ruína-histórica-multiuso! Mas talvez o mais bonito, preservado e pacífico passeio por Roma, foi às reformadas e espetaculares Termas di Caracalla. O lugar é uma mistura de parque e história, o verde, os papagaios e a natureza integrados ao que restou deste mega-spa do Império Romano e sua fabulosa história. No último dia de 2015, foi dali que partiu a corrida We Run Rome, 10 quilômetros percorridos pelas sete colinas de Roma, de profissionais africanos a cadeirantes, uma delícia acompanhar a largada desta prova em que todos tinham a sua vez e o bom humor predominava e vencia o frio do inverno local. O campo gastronômico dispensa apresentações na Itália, em minha opinião, a melhor comida do mundo. A francesa não fica atrás, mas a italiana, para nós brasileiros de São Paulo “para baixo” (sul do país), é tão familiar, tão gostosa, tão comida-aconchego como dizem os americanos... Optamos por restaurantes modernos como Ted e Vinando, para fugir à batida fórmula de cantinas, tratorias, osterias e outros estabelecimentos do tipo, muitos deles, pega-turista. O Vinando, perto da Piazza Venezia, numa daquelas ruazinhas adoráveis de Roma, interpreta clássicos da cozinha local, com bom humor e criatividade. Por exemplo, lasanha verde cuja massa vem em formato de trouxa de roupa e o recheio maravilhoso explode ao primeiro contato do garfo, saborosa combinação de queijos e nozes. O Ted Burger & Lobster, moderninho, tipo diner americana com interpretação italiana. Combinação vencedora, nos hambúrgueres com foie gras e cebolas carameladas, cheesecake que está mais para pana cotta, lobster rolls com toques mediterrâneos, ceviches temperados com limão siciliano. Gente jovem , bonita, simpática servindo e clientela descolada. E o mais bacana de Roma é esta dobradinha divina de antigo e moderno, reinvenção constante. No museu dentro do gigantesco monumento que é a peça central da Piazza Venezia, visitamos uma exposição de arte coreana Hanji. Apesar de técnica milenar, as peças da mostra Bagliore di Hanji são moderníssimas e as instalações de papel super ousadas. Raviólis de papel e luz flutuando no meio do salão semiescuro. Tudo isso bem ao lado de uma das igrejas mais singulares da cidade, Santa Maria in Aracoeli. Em país com centenas de igrejas espetaculares, esta basílica se destaca pela profusão infindável de lustres de cristal, muito diferente das outras, criando uma iluminação surreal, ao mesmo tempo luxuriante e fantasmagórica. Como é também surreal a opulência de nossa embaixada na bela Piazza Navona... Zurique, 18 de janeiro de 2016

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

FIRENZE - NATAL 2

NATAL 2015 – Parte 2 – Firenze Após os lindos dias na bela e tranquila Veneza, a agitação de uma cidade bem maior, Firenze. E bem mais movimentada, com milhares de turistas e locais entupindo as ruas principais. Mas é Natal e tudo se perdoa. Procuramos um bom restaurante para a ceia do dia 24 e fomos contemplados com o excelente Il Borro, lugar pequeno, charmoso, romântico. Comida modernosa e de qualidade. Hambúrguer de tartare de atum, massas super al dente com ragu de javali, tortas de mação com canela, fumegantes, derretendo na boca e a estrela máxima, uma fondue de queijo pecorino com polenta frita. Melhor, só no céu. E espero que no céu também exista o “vinho da casa”, pois Il Borro é o carro-chefe da vinícola de mesmo nome. O restaurante serve apenas como um showroom para que os clientes, junto à boa comida, provem seus vinhos celestiais. Gostamos tanto que voltamos a jantar lá uma vez mais. Preços bem mais camaradas do que os de Veneza, apesar da qualidade e sofisticação. E para resgatar nossas almas pecadoras (o pecado da gula, um dos piores), assistimos à maravilhosa Missa do Galo, cantada, na catedral de Firenze, a espetacular Santa Maria del Fiore. Foram 3 horas em italiano e latim, num frio excruciante, ritos tradicionais celebrados por um cardeal e dezenas de padres, igreja lotada, experiência inesquecível. A primeira de uma sucessão infinita de igrejas-museu por toda parte. Arte é o forte da cidade e os jardins Boboli, Palazzo Vecchio, praças, vias e ruelas, estátuas e construções, exposições temporárias inebriantes como a Beleza Divina, no Palazzo Strozzi, o David de Michelangelo na Accademia e o melhor de tudo, o top do top: Galeria Uffizi. Nestas duas ultimas, as filas, em dias comuns, vai de uma a três horas. De pé, na rua, no frio. Vale. E muito. A Galeria Uffizi exibe o que há de melhor em arte renascentista, em ambiente lindo, bem iluminado, respeitoso. Para combater a exaustão, há um restaurante com petiscos finos e proseccos borbulhantes no ultimo andar, com direito à vista para torres e domos. Sem preço! No setor moderno, a Opera de Firenze brilha sem rival. Mesmo que a apresentação não seja do seu gosto, vá para ver a surpresa arquitetônica que enriquece ainda mais uma cidade que já é perfeita. Para quem gosta de fino agito, o Café Gilli é o lugar para ver e ser visto. Boa comida, bom serviço, boa musica, apesar dos altos preços pega-turista. Em ambiente envidraçado no meio de uma praça alegre e divertida. O Café Gucci é do tipo mais descolado, oferecendo pratos orgânicos com certificados de procedência. O restaurante Obicá segue nesta linha, ainda mais transado, muita gente bonita, música eletrônica, poucos turistas e bar para degustação de mozzarellas cool. Também preços aceitáveis, o que torna tudo ainda mais atraente. A Via dei Tuornabuoni é o lugar para gastar muuuuuiiiiito dinheiro nas lojas alucinantes das grandes marcas da moda italiana. Há até museu Ferragamo e museu Gucci! Como há muito que ver, gastar umas horas naqueles ônibus turísticos pela cidade é uma boa ideia. Caminhar é bom, mas as partes mais montanhosas do lugar podem tomar mais tempo do que o previsto. E Firenze, para quem gosta de arte e história, é essencial ficar , no mínimo, uma semana inteira; é mais do que recomendado, além de ser uma delícia! Zurich, 8 de janeiro de 2015

TOSCANA BREVE

Uma noite na Toscana Em Montepulciano. Vindos da interessante Firenze, paramos em Pisa, tiramos fotos politicamente corretas contrastando com o raro céu azul do inverno italiano; nos surpreendemos, de novo, com sua sempre intrigante Torre, fugimos das hordas de turistas asiáticos que lotam o complexo histórico e nos concentramos mais em Siena, de longe, minha cidade favorita na Toscana. Siena, como grande parte das cidades e vilas desta parte da Itália, foi construída no topo de um morro bastante íngreme e caminhar por lá não pe para qualquer um. Mas é tão linda e misteriosa, que vale a pena o esforço físico. O mental estará reservado para a catedral de Siena e seus inúmeros museus, a praça central e o pescoço semi-quebrado de tanto admirar construções antigas e muito altas em tijolo escuro, das mais bem preservadas da Itália. No Duomo de Siena, consegui o grande, enorme privilégio de entrar pela Porta da Misericórdia, sozinha, e ver, com privacidade total, a imagem da Madona do Voto, feita por Guido da Siena, sob a batuta do genial escultor, Bernini. Imperdível. Para quem não conseguir isto, pois as capelas são geralmente reservadas aos fiéis católicos que ali vão confessar, a catedral, em si, é uma obra de arte estonteante. Vale horas de embasbacante visita, por seus vários trabalhos em mármore e pinturas maravilhosas. Volto a Siena, para ficar pelos menos três dias e me perder nas ruelas divinas, explorar farmácias que vendem produtos sofisticados em ambientes do século 18. As delicatessens são uma festa de produtos locais, que vão do ótimo panforte ao queijo pecorino mais forte ainda, passando por chocolates amargos com frutas do bosque e hóstias cheadas com ovos moles e toques de limão siciliano. Finalmente, após muito frio e neblina, encontramos nosso hotel, também no topo de outro morro, na cidade-bege, verdadeiro cenário de filme, Montepulciano. Dos vinhos famosos, do frio intenso, de lugares preciosos como a Locanda San Francesco e seus deliciosos quatro quartos. Suítes de luxo numa casa bem antiga, de propriedade da Vinícola Tenuta Valdipiata. O restaurante é um wine-bar aconchegante e massas, mais frios e queijos são totalmente perfeitos neste lugar. Que faz de elegante showroom para os vinhos, grappas e azeites desta vinícola chique. Saímos da Toscana com destino a Roma, no dia seguinte, quase chorando. A região é tão linda, rica, interessante, bucólica, refinada, que voltaremos em setembro ou outubro. Sem névoa e frio e com bem mais tempo para curtir este pedaço abençoado da Itália. Zurich, 12 de janeiro de 2016

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

NATAL EM VENEZA

NATAL 2015 – VENETO E TOSCANA Parte 1 - Veneza Começando no dia 21 de dezembro pela bela Veneza, onde tinha estado pela ultima vez em maio de 1998. Adorei voltar no inverno, cidade mais limpa, mais vazia, só cheirando a mar, bruma e garoa envolvendo as ruas e vielas misteriosas, um frio de rachar. Uma cidade mais sofisticada, prédios e monumentos mais bem preservados, o Teatro La Fenice reluzindo em ouro e veludo da triunfal reabertura. Decoração natalina apenas uma árvore na Piazza San Marco, nada mais e nada de Papai Noel e cafonices correspondentes. Veneza á chique demais para tais breguices. Mas simples e alegre o suficiente, para cenas da vida local, como na Piazza San Stefano, onde os locais se encontram para passear seus cachorros, visitar o sapateiro, o banco e conversar no animado tom de voz dos italianos. Nada de gondolas, mas a alegria e eficiência do único ônibus que gosto no mundo, o vaporetto. Outros trajetos em lanchas privadas, caros mas necessários para o aeroporto e estação de trem. Veneza é uma cidade cara, mas por ser lugar único e especial, vale investir num bom hotel como o NH Palazzo Barocci; que no inverno cai muito de preço e tem quartos ótimos e café da manhã gourmet. Neste setor, prestigiamos o ótimo Rosa Rossa duas vezes e o descolado Le Chat qui Rit. “Em Murano, no hotel La Gare, apenas um copo de Brunello e o melhor misto quente do planeta, que na Itália chamam estranhamente de ‘toast”. Vai saber... Caminhamos muito e nos perdemos mais ainda, pelo labirinto que é Veneza, a delícia que é seguir umas placas toscas que nenhum GPS consegue precisar, entrar para a história do lugar ao lado dos fantasmas de Keats, Byron e Marco Polo. Visitar as magnificas basílicas de San Marco e Santa Maria della Salute, o Palácio dos Doges e sua história rica em sangue, crime e intrigas. Ver os originais dos cavalos majestosos que adornam do alto da igreja de San Marco, no museu de mesmo nome. Acender muitas velas, orar pelos queridos, por nós, por este mundo louco e perdido. Ir a Murano curtir as lojas com objetos lindos e incomparáveis, aqueles lustres que sonhamos se morássemos em palácios condizentes. No Museu do Vidro, se vê tudo, da pré-história aos dias de hoje, num espaço perfeito, com vídeos interessantes e exposições de artistas contemporâneos que esculpem em vidro. Tão bem que não se sabe que é vidro. Maravilhas de Veneza... Voltar a San Marco e descobrir o minúsculo Museu Olivetti, exibindo fotos da cidade e gigantescos navios de cruzeiro passando por ali, que mais parecem gigantes prontos a engolir tudo; o absurdo contraste de embarcações que não condizem com a fragilidade e delicadeza deste patrimônio da humanidade. Depois da indignação com as fotos, o divertimento de ver as velhas máquinas de escrever da famosa marca italiana;, calculadoras, peças importantes de um passado recente, obsoletas com a invenção dos computadores Manhã do dia 24, fria e razoavelmente ensolarada, expondo as lindas cores das construções locais, dia perfeito para visitar os jardins adoráveis do museu Peggy Gugenheim, xeretar a lojinha, tomar um cappuccino no agradável café curtindo as esculturas e fechar tudo com chave de ouro, vendo a embasbacante exposição dos quadros do pintor indiano V.S. Gaitonde, no estilo Mark Rothko, mas infinitamente melhor do que o artista americano. Um show de cores, estilos, técnicas, luz, materiais. Moderno, antigo, contemporâneo. Atemporal. Pintura como processo, pintura como vida. E neste belo meio dia na véspera do Natal, tomamos o trem para Firenze. Mas esta já é outra história, a parte 2. Zurich, 06 de janeiro de 2016