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segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

BARCELONA REVISITADA – FEVEREIRO DE 2008

A luz da Espanha, a famosa luz...
Não há nada igual e creio que este é um dos fatores determinantes na alegria congênita dos espanhóis. Vinda de outros países europeus mais ao norte, os dias ensolarados do inverno maneiro de Barcelona são um alívio.
Barcelona cresce em mim a cada vez que volto. Primeira vez não gostei muito, a segunda outros olhos e agora positivamente aprecio com carinho esta que é uma das grandes cidades mais agradáveis do Velho Continente. Um tanto suja, muito barulhenta, feia em seus becos e construções não muito bem conservados; lado a lado com belíssimos edifícios de construção preciosa, com largas e majestosas avenidas, com ruazinhas medievais e toda a sorte de praças e cantinhos singulares.
Me hospedei no Banys Orientals, hotelzinho-chique no igualmente chique Born, uma parte do bairro La Ribera. É uma extensão mais transada do Bairro Gótico. Quando fiz a reserva, temia pela barulheira dos muitos bares e restaurantes da região, das motos, da moçada “borracha”. Nada disso, aprazivelmente tranqüilo à noite, a calle Argenteria é muito bem localizada perto a uma grande avenida, portanto a não circulação de carros em frente ao hotel não é problema com bagagem e ajuda muito na diminuição do barulho.
Barcelona não é cidade barata, infelizmente. Como “está de moda”, como se diz em espanhol, os preços seguem a corrente ascendente. Daí o Banys ser uma pechincha a 100 euros por dia. Modernosamente bem decorado e contando com um dos restaurantes melhor custo-benefício de Barcelona, é uma escolha acertada, que eu facilmente repetiria. Os quartos são bacaninhas, mas pequenos, o que não é novidade na Europa, a campeã máxima dos armários para vassouras que eles chamam de quartos! Mas é um “vassoureiro” honesto. Pelo menos não se paga centenas de euros por total falta de espaço. O hotel é ideal para pessoas a negócios na cidade ou turistas do tipo (como eu), que não param no hotel. Não é lugar para casaizinhos em lua de mel e coisas do gênero.
O restaurante é o famoso Senyor Parellada, bonito, bom e barato. Parece impossível? Não é: duas pessoas com vinho e três pratos cada resulta em almoço de 60 euros com gorjeta. Para a Europa atual? Pechincha total!!! Não é lugar turisteba, os nativos o freqüentam em massa, o serviço é bom e o cardápio mescla comida catalã moderna e os tradicionais pratos espanhóis, como a paella, em porções generosas e bem preparadas. Um achado.
Também na linha custo-benefíco, o Mercado Santa Catarina brilha. Ambiente jovem, gente bonita, comida de vanguarda. Porções pequenas. Destaque para a “fondue espanhola” de provolone com tomate e pesto e para o tartare de atum com guacamole. Na linha ultra moderna, decidimos visitar o mega-minimalista Hisop. Fuja! Bizarrices como azeitonas doces acompanhando o café, bombons de cogumelos em cima de fatias de atum cru caramelado são patéticas. Caro e ruim. Aliás, este é o ponto: há muitos copiadores das experiências inovadoras do chef Ferran Adriá, dono do restaurante El Bulli, não muito longe de Barcelona. Infelizmente, os resultados são o que se vê e come no Hisop: 150 euros para duas pessoas fazerem cara de horror ante as propostas malucas do lugar. Sou arrojada em termos gastronômicos e gosto de checar tendências, mas o Hisop é apenas uma grande perda de tempo. Ganhe tempo com as magníficas tapas do Taller de Tapas, filial Rambla de Catalunya (há uma menor e menos charmosa na calle Argenteria) ou as bombadíssimas da Cervecería Catalana, possivelmente o estabelecimento bar/restaurante mais popular da cidade. Não se deixe desaminar pelas filas; o serviço é eficiente e as tapas valem a pena. É uma experiência emblemática da cidade, tipo Sagrada Família gastronômica! Vá ao Taller anteriormente citado para “tapear” com tranqüilidade...
Em termos turísticos, desta vez: Casa Batló, visita guiada ao Palau de la Musica e Museu de Arte da Catalunha. A primeira completa a trilogia casas-Gaudí e é, como sempre, interessantíssima em seus motivos marinhos. O Palau com guia é ainda mais curioso e os detalhes, bem explicados são realmente inusitados. O ultimo, sensacional, com um acervo de arte que engloba 1000 anos, de embasbacar. Em prédio igualmente embasbacante, um palácio soberbo no topo do complexo de Monjuic. Tudo bem iluminado, bem explicado, exposto, genial. Assim como genial é o restaurante do museu,Oleum, possivelmente ostentando a melhor vista da cidade. Menu do almoço preço fixo 25 euros por pessoa. Três pratos, água, café e vinho. Comida caprichada, moderna, porções decentes, tudo servido em ambiente com teto altíssimo, paredes decoradas com murais de arte moderna e gigantescos espelhos. Imperdível até mesmo para quem não gosta de museus. Mas adora restaurantes...
E para quem, como eu, ama o presunto crú espanhol, nada mais adequado que uma visita à Botifarrería de Santa Maria, uma loja de frios e queijos perto da igreja Santa Maria del Mar. É simplesmente perfeita.
Os espetáculos de Barcelona são muitos e optamos pelo musical Mamma Mia, que de espanhol não tem nada. Mas cantado e falado em castelhano transforma a já bem divertida cantoria em episódio engraçadíssimo, com elenco talentoso e montagem muito bonita. Tudo isso no grande teatro BTM em Monjuic, pertinho do centro de convenções da cidade.
E para quem gosta de compras, lá pelo dia 10 de janeiro a meados de fevereiro é a época das “rebajas”, as liquidações mais camaradas do planeta. Atenção meninas: na Zara de Barcelona há jeans por 6 euros, blusinhas idem e sapatos por 14. Corram!!!


Barcelona, 08 de fevereiro de 2008.

Em comemoração aos 25 anos de Paola e seu tempo feliz em Barcelona.

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