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segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

NOVA YORK 2008

Restaurantes, compras, teatros, museus e tudo de bom na cidade que nunca dorme!


O que fazer na cidade mais não-americana dos EUA se você já esteve lá 14 vezes? Ainda há o que ver? Muito.
Em maio de 2008 eu e uma amiga decidimos passar uma deliciosa semana na Big Apple e constatamos como sua renovação é ininterrupta e quando se pensa que já viu tudo, ainda há muito, mas muito mesmo o que fazer. Como São Paulo, Londres ou Paris, NY é incansável em sua oferta fantástica de programas para todas e idades e preferências. Mesmo pós-2001, mesmo atacada, ferida, a cidade não deixa marcas da tragédia das Torres Gêmeas. Segue altiva e movimentada, sem olhar para trás.
E foi com o mesmo espírito que decidi não visitar o Ground Zero, tentar não pensar na covardia que atingiu tanta gente e destruiu um marco da cidade; que sempre me indicava, de dentro do táxi indo do aeroporto para Manhattan, que a cidade estava perto. Mesmo sem os imponentes edifícios, NY continua louca, vibrante, agitadíssima. E sem o Sr. Giuliani, mais suja e o transito pior do que nunca. Ruas esburacadas, buzinas e sirenes completam o quadro tão familiar a uma paulistana como eu. Nada que comprometa muito a diversão, pois se não consertam buracos, consertam museus e o remodelado MoMa está melhor do que nunca e mereceu duas visitas em 6 dias. Atenção especial para o quarto e quinto andares.
Nos tempos atuais, toneladas de turistas correm atrás das compras barateadas pelo dólar fraco e muitos brasileiros se esbaldam nas ruas da cidade e até no estado vizinho, New Jersey, em um centro comercial chamado Woodbury Common Premium Outlets. Vale a pena enfrentar uma hora e meia de carro (ou duas, dependendo do transito) para chegar lá. Além de ótimas lojas e precinhos convidativos, o shopping center não é a enorme caixa fechada, sufocante, com luzes artificiais a que estamos acostumados. É uma réplica de cidadezinha do interior da Nova Inglaterra, cada loja parece aquelas casinhas de madeira pintadas de branco com telhados escuros. Jardins floridos, boa sinalização, bancos para descansar por toda parte. A praça de alimentação é numa destas “casas”, completamente separada das lojas e os restaurantes (não as lanchonetes) tem entradas separadas. Há até um italiano bastante bom para restaurante de shopping, o Positano Grill. Enormes Caesar Salad’s com ou sem camarões ou frango grelhado, mais bolo de chocolate (mousse) no almoço dão forças aos compradores para não parar de adquirir freneticamente – como bons brasileiros – “quase” tudo que o Woodbury tem a oferecer.
Na cidade, Manhattan propriamente dita, comprar continua sendo um banquete; mesmo que seja com os olhos, como é o caso da loja chique, Barney’s. Cara, mas um passeio por um mundo de sonhos “fashion”. E para o paladar também, pois seu restaurante do nono andar, Fred’s, é bom e cheio de gente interessante: peruas e homens/mulheres de negócios basicamente. Omeletes e saladas para fingir que se está de regime e profiteroles e tiramisús de sobremesa para desmascarar a “fazeção de gênero”...
Nunca havia estado no Soho para compras e fiquei impressionada com a seleção de lojas e lojinhas interessantíssimas e diferentes. Principalmente nas ruas menores perpendiculares à longa Broadway. Na grande avenida, opções maiores mas não por isso menos interessantes. Isso sem falar no público jovem e descolado por toda parte. É um lado mesmos turístico, até mesmo mais afável de NY. Se é que isso é possível...
Mas, pelo menos por enquanto, a loja-bombada da cidade é mesmo a Apple em frente ao hotel Plaza. Além de bonita e bem sortida, conta com excelente serviço de vendedores simpáticos e muito eficientes. Vale uma visita, mesmo se não se gosta de tecnologia ou não se quer comprar nada. No Columbus Circle, o shopping fechado dentro dos magníficos arranha céus de mesmo nome da rotatória, oferece um show de lojas bonitas, úteis (Sephora, meninas!) e restaurantes maravilhosos. É um bom programa para dias chuvosos. Perto dali, a loja de eletrônicos Best Buy é mais agradável do que a filial da 5º Avenida. Mais bonita e mais calma.
Os quatro espetáculos que assisti me encantaram: 3 musicais, Young Frankenstein, Gypsy e Mamma Mia e 1 peça muito séria, The Country Girl, estrelada por Morgan Freeman, Frances McDormand e Peter Gahllager. São oportunidades únicas, tornadas ainda mais especiais pelo charme e qualidade acústica dos teatros históricos da Broadway.
No campo gastronômico, NY continua imbatível e o pelotão francês domina o cenário do luxo à mesa, com Alain Ducasse e seu novo Adour e Joel Robuchon e o L’Atelier. O primeiro, inaugurado há poucos meses, está instalado em salão nobre do hotel St Regis. Decoração moderna mas sóbria, em meio a uma adega-vitrine para os vinhos que acompanham os pratos e são as reais estrelas da casa. O cardápio é enxuto e perfeito, sem supérfluos e os preços, para lugar tão bom são razoáveis para padrões franco-novaiorquinos: 140 dólares por pessoa, um jantar com 3 pratos e uma garrafa de prosecco para 2. É um custo-benefíco bastante superior ao pretensioso L’Atelier do outro chef francês acima citado. Lá, o cidadão desembolsa 170 dólares com os tais 3 pratos e uma mísera taça de vinho. Isto, sentado em ambiente barulhento e desconfortável em duas opções: ou balcão tipo bar ou mesinhas igualmente tipo bar. Tudo apertado, diga-se, belissimamente decorado, mas sofrendo com o barulho ensurdecedor do enorme bar do hotel Four Seasons, grudado ao restaurante. Perda de tempo. Prestigie Monsieur Ducasse no Adour a ainda sobra tempo e dinheiro para visitar seu adorável bistrô, na mesma Rua 55, o Benoit. Inaugurado no mês passado, é cópia fiel do antiguinho de Paris (1912), também de propriedade de Alain Ducasse. Para quem ama escargots, aspargos, poires belle Helène e os demais clássicos da cozinha francesa, uma delícia. Custo na média de restaurantes do gênero e serve também café da manhã com croissants fresquinhos.
Ainda na terra dos descendentes de Asterix, a brasserie Cognac apresenta um croque monsieur dos melhores, fatiado em charmosa tábua de madeira. Lugar perfeito pós-teatro. Para almoços concorridos, para ver gente bonita e estar em lugar praticamente sem turistas, dirija-se ao db bistro moderne, de outro monstro das panelas, Daniel Bolud. Gaste 32 dólares no DB, hambúrguer gourmet do lugar, recheado com trufas e foie gras; não se esquecendo das batatinhas perfeitamente fritas e crocantes. Ambas as guloseimas só perdem para os cheeseburgers do P J Clarke’s, uma instituição aparentemente imortal da cidade. Mais baratos, cerca de 11 o com bacon e molho bernaise, são os melhores do mundo. Pão, carne, tudo perfeito. Como perfeita é a sobremesa-estrela, o suflê de biscoito de chocolate com gordos pedaços de chocolate; que de suflê não tem nada e é um bolo recheado pelos tais generosos pedaços de chocolate quentes e calda grossa da mesma iguaria. Por 75 dólares duas pessoas almoçam “à americana”, no que os EUA tem de melhor, sua inigualável junk food. No P J’s, com qualidade!
Italianos não podem faltar, claro e foram bem representados na modernidade do Serafina Broadway e suas enormes pizzas de massa fininha ou massas muito leves e seus molhos delicados. Para quem está perto do teatro e precisa almoçar ou jantar sem sair da região, o Barbetta é o restaurante mais antigo da cidade cujos donos ainda pertencem à mesma família dos fundadores. Parece uma casa saída do filme O Poderoso Chefão, uma mansão tombada pelo patrimônio histórico e que pertenceu aos milionários Astor. Está praticamente intocada e no meio deste “museu” pode-se saborear iguarias do Piemonte, como salada de verdes, grão de bico e mini-lulas e risoto impecável salpicado por frutos do mar. As sobremesas são as tradicionais tortas de frutas ou cremes brulée, mais para francesas do que para italianas.
Mas, deixei o melhor para o final, o restaurante do qual mais gostamos e não necessariamente o mais caro: o Eleven Madison, em endereço de mesmo nome. Dividindo o mesmo embasbacante prédio art-deco com um importante banco suíço, a casa é maravilhosamente decorada e romanticamente iluminada e o chef americano, de São Francisco, faz maravilhas em suas inspiradas panelas. Massas comuns como nhoque em suas abençoadas mãos viram iguarias com toques de casca de laranja, peixes e frangos derretem na boca e as modernas sobremesas tem magnífica apresentação. É uma mistura feliz de clássico e moderno, com serviço muito profissional e simpático, em meio a boa musica e lindos arranjos de flores.
É, segundo o guia Zagat’s, bíblia gastronômica de Nova York, um dos top-10 favoritos dos habitantes da grande cidade. Eles tem bom gosto!
Comer em Nova York não é barato e a média com as terríveis taxas, impostos e absurdas gorjetas que chegam aos 20% fica em redor de 60 dólares por pessoa, em restaurantes de nível médio. Querendo mais sofisticação, vai de 120 até à lua, dependendo, como sempre, das bebidas.
Contudo, para paulistanos que pagam 330 reais em singelo almoçinho para duas pessoas, em shopping, no Armani Café, ou ridículos 900 no mega-pretencioso Fasano, NY vale o que cobra...


São Paulo, 25 de maio de 2008.

Para Roberta Chamma Petty, uma ótima companhia de viagem

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