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segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Peru - Machu Pichu - Trilha Inca de LuxoData: 26/08/2008


Por: Fernanda Caiuby



Dezessete anos depois da trilha inca mochileira, aquela de acampamento, frio, comida ruim e dor nas costas, partimos no inicio de agosto 2008 para a trilha Salkantay e toda a mordomia que ela envolve.

Finalmente, nós brasileiros, que em nossa imensa maioria odiamos acampar, temos uma alternativa maravilhosamente civilizada para chegar a Machu Pichu caminhando (ou quase) e conhecendo melhor a região sem sofrer (muito).

Proprietários de terras peruanos, enxergaram o potencial do lugar, finalmente, criando a Mountain Lodges of Peru, uma organização que promove trilhas pelas belíssimas montanhas peruanas com a possibilidade de um teto e comida quente e boa aos viajantes.

A coisa funciona assim: parte-se de Cuzco um belo dia pela manhã, cedo, e inicia-se la pelas 11 da manhã uma linda e dura caminhada que levará no máximo doze felizardos às proximidades de Machu Pichu. Em percursos variando de 5 a 9 horas de duração, durante seis dias, entra-se em contato com geleiras remotas, imensas montanhas de mais de 6000 metros de altura e um deslumbramento de lagos, vales e rios que estão mais para Escócia e Canadá do que para os trópicos peruanos. Os pernoites são em quatro pousadas muito bem decoradas, confortáveis e com cozinha excelente. O serviço é perfeito, desde os guias até os faxineiros. Tudo funciona com eficiência e simpatia.

Naturalmente, os preços equivalem ao serviço e não é coisa para mochileiros e nem gente fora de forma. É necessário ter um nível de condicionamento físico razoável para enfrentar altitudes que batem fácil nos 4800 metros. Os três primeiros dias são os mais duros e o ultimo requer joelhos de aço nas descidas quase verticais de um quilometro em algumas poucas horas.

É um programa perfeito para amantes da natureza, montanhismo, condicionamento físico, desafios. É ideal para grupos de amigos ou famílias, pelo tamanho reduzido dos grupos. Para nós, um casal, foi arriscado mas demos sorte: nosso grupo de quatro americanos e cinco ingleses era muito legal. Mas vale o aviso. Pode não ser uma experiência tão gratificante se você não gosta de compartilhar três refeições ao dia e caminhadas longas com estranhos. O conceito Mountain Lodges of Peru é de integração. Eu, particularmente, prefiro o conceito chileno da cadeia Explora, que junta turistas nos passeios e os separa nas refeições. Na trilha Salkantay se está junto para o que der e vier!
No sexto dia de caminhada avistamos Machu Pichu
No sexto dia de caminhada avistamos Machu Pichu por um ângulo fantástico e único, que só se obtém na trilha Salkantay. É como se a misteriosa Cidade Perdida fosse o cenário de uma peça de teatro e estivesse ali esperando os atores para iniciar o espetáculo. É uma perspectiva da grandiosidade do projeto e o mistério que envolve sua mal explicada construção. Por entre as arvores e densa vegetação de uma floresta repleta de orquídeas multicores se avista uma espécie de altar macabro e suspenso no ar, uma homenagem a deuses ferozes e à uma natureza dura e espetacular, a cadeia de montanhas Vilcabamba, incrivelmente verde e íngreme, flutuando no ar puro e apoiada nos nevados gigantes das geleiras de montes como o Verônica, por exemplo.

Vale qualquer sacrifício e o descanso está ali pertinho, no adorável hotel Inkaterra, na bizarra e divertida cidadezinha apropriadamente chamada de Águas Calientes; que não é mais do que uma favela-chique espremida entre encostas gigantes e o leito do rio Urubamba, cortada por trens alegres e barulhentos e eterna base de acesso a Machu Pichu.

Nem pense em hospedar-se no espremido e caro Sanctuary Lodge, o único hotel próximo às ruínas de Machu Pichu. Apesar de pertencer à cadeia Oriente Express, oferecer ótima "cuisine" e acomodações, nem de longe se compara ao charme, conforto e divertimento do Inkaterra. A idéia é a seguinte: os turistas acham que pagar 1000 dólares a diária para ficar colado à Machu Pichu é legal. Não é. O Sanctuary nada oferece em termos de espaços comuns e divertimento, os quartos são pequenos, não se tem nada para fazer e nem onde ficar e o check out é as 9 da manhã!. Os hospedes viram reféns dos apartamentos ou do restaurante. A loja é apenas uma vitrine pois não há espaço nem para uma mísera loja!!! Machu Pichu fechas as 5 da tarde e para os não-atléticos e não-místicos, são ruínas difíceis e penosas de se percorrer em seus infinitos degraus, escadarias e ladeiras.
O Inkaterra, em Águas Calientes,
O Inkaterra, em Águas Calientes, oferece espaço, conforto, charme e divertimento pela metade do preço. E uma loja de verdade, com coisas lindas e a bons preços. Isso sem falar do ótimo restaurante, do SPA, da piscina, dos jardins, do café da manhã, das múltiplas salas e bares com lareiras quentinhas (há lareiras nos espaçosos quartos também). É um hotel que consegue agradar a todos, ser privativo, romântico e zen e ao mesmo tempo adequar-se a famílias. Raridade...

Mas apesar da "jóia da coroa" do Orient Express não valer a pena, o Trem Hiram Bingham que liga Cuzco a Macu Pichu e o espetacular hotel Monastério valem. E muito. O jantar a bordo do trem é perfeito e o clima "livro da Agatha Christie" não deixa nada a dever ao trem inglês da mesma empresa. A operação é impecável e tudo funciona a contento. O Monastério é de longe e disparado o melhor hotel de Cuzco e seu restaurante o único chique da cidade.
O Peru é atualmente e estranhamente um pólo da moderna gastronomia mundial e se tiver umas horas sobrando em Lima, o viajante pode passá-las no maravilhoso bar-restaurante-shopping-pier Rosa Nautica, em cima do Oceano Pacifico no bairro de Miraflores. Cardápio extenso e inovador, gente bonita e as furiosas ondas do mar completam uma experiência interessante.

Com ou sem caminhada, a região Cuzco-Machu Pichu merece fácil de uma semana a 10 dias de viagem. A lista de atrações vai do histórico ao esportivo e a infra turística é muito boa. Isso sem falar dos drinques pisco sour, melhores do que nunca e agora em versões descoladas com morango e maracujá. Salud!

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