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segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

PASCOA NA ARGENTINA



Um destino óbvio e fácil para nós brasileiros, hoje em dia mais em conta do que nossas praias badaladas ou resorts elegantes. Buenos Aires, quero dizer e em nível médio de despesas. Mais detalhes sobre custos argentinos no fim deste artigo.
A Argentina é linda, mas cara e difícil de viajar com exceção de sua charmosa capital. Um destino mais do que batido e popularíssimo, Bariloche, por exemplo. Se não for julho e em vôos fretados, esqueça! O turista paga cerca de 300 dólares por bilhete ida e volta Buenos Aires/Bariloche e tem que pernoitar na capital, pois os vôos que saem do Brasil não dão conexão no mesmo dia para Bariloche. Na volta sim, mas com cara troca de aeroporto. Isso sem falar no perigo que representam os horríveis táxis portenhos!!! Vôos de duração similar, na Europa ou Estados Unidos (até mesmo no Brasil) saem por cerca de 100 dólares e as opções de horários são inúmeras. Com o detalhe de que é necessário trocar de aeroporto para se chegar à cidade patagônica. Impossível entender isso, já que Bariloche é o lugar, depois de Buenos Aires, que mais turistas recebe no país. Nenhum ser vivo merece ter que trocar de aeroporto para chegar lá.
Apesar do inconveniente e da despesa, resolvemos pagar o mico, caríssimo por sinal e hospedar-nos no bom Hotel Madero e almoçar esplendidamente no La Cabaña. Buenos Aires continua alegre e bonita e o cemitério da Recoleta ainda recebe muitos visitantes embasbacados com túmulos e lápides tão luxuosos. Em nossa breve passagem pela cidade, constatamos o desenvolvimento elegante e moderno da região de Puerto Madero, que só melhora a cada dia. Mais construções de vanguarda, mais espaços públicos, parques, calçadões, bares, restaurantes e sorveterias. Tudo cheio de gente bonita e seus igualmente belos cães, criaturas que os portenhos tem em tão alta conta quanto os franceses. Carnes, doce de leite, sorvetes, alfajores e vinhos continuam sendo os pontos altos de incursões culinárias pela cidade.
O hotel Madero, gerenciado pelo Sofitel, é moderno, apartamentos amplos e bem decorados, bom café da manhã. Vale os 200 dólares da diária. Assim como vale os 150 por um almoço para duas pessoas no La Cabaña. A churrascaria VIP de Buenos Aires continua ótima, serviço impecável. A carta de vinhos argentinos é maravilhosa e o ambiente dos mais agradáveis. As carnes divinas, as empanadas ainda as melhores do país...
No dia seguinte, vôo para Bariloche com a LAN, opção muito mais civilizada do que a pavorosa Aerolíneas Argentinas. Nas duas primeiras noites nos hospedamos no Design Suítes, filhote de hotel modernoso de Buenos Aires. Os 150 dólares da diária com café da manhã apenas regular não torna o Design Suítes a melhor opção para quem quer ficar perto da cidade mas não dentro dela. As cabanas/chalés que se espalham dentro e fora de Bariloche são escolhas mais acertadas e mais baratas. Quem quer gastar dinheiro com altíssimo custo benefício deve desembolsar os muitos dólares necessários para um modesto quarto no inigualável Llao Llao. Entra ano sai ano ele é deslumbrante, imponente, majestoso e simplesmente localizado no lugar mais bonito do mundo. Cercado de lagos cristalinos, coroado pelos Andes nevados, rodeado de florestas belíssimas, emoldurado por jardins perfeitos e um campo de golfe espetacular. Assim é um dos hotéis mais divinos do mundo. Vale o que cobra. Ainda mais por oferecer inúmeras opções de lazer, restaurantes de primeira linha e um dos melhores cafés da manhã do planeta. Serviço excelente, bar charmoso, lojas chiques, tudo no Llao Llao é perfeito.
Também de alto nível é o restaurante ali perto, o Gabilano, fácil o melhor de Bariloche. Comida italiana caprichadíssima, ambiente romântico e pequeno, uma delícia.
Bem menos perfeita é a cidade de Bariloche, que apesar de muito simpática, sofre de terceiro-mundismo na falta de manutenção de ruas e calçadas, no pouco cuidado com o lixo. Seus 110.000 habitantes, a maior parte deles vivendo exclusivamente do turismo, poderiam por mais pressão nas autoridades locais para que seus impostos tivessem melhor uso. Os restaurantes dentro da cidade são fracos, voltados para os grupos de excursão que inundam o lugar principalmente no inverno. Fuja rápido do Família Weiss e sua comida de hospital e decoração bizarra. O La Marmite tem fondues sem graça mas ambiente bonitinho. Legal mesmo é o Boliche de Alberto e suas carnes fantásticas. É o único digno de menção dentro da cidade. E para os que, como eu, sofrem de forte preconceito contra os chocolates de Bariloche e suas mega-stores, uma boa dica: os ursinhos de chocolate branco e ao leite recheados de doce de leite da cafona Mamoushka e os pequenos, delicados e saborosíssimos figos ao conhaque da surreal Rapa Nui (pode ter nome mais ridículo???).
Já Villa La Angostura, a 80 kms rumo norte, por ser pequena e abrigar hotéis, condomínios residências e pousadas caprichadas e não sofrer com a invasão de hordas que atacam Bariloche na alta temporada, está ainda mais preservada e bem mantida. A cidadezinha é um charme, idem para suas lojas e restaurantes. No quesito gastronômico abriga o único Relais Chateaux da Argentina, o Las Balsas; hotel e restaurante excelentes. Hotel pequeno, super bem decorado e aconchegante, comida maravilhosa, verdadeiramente gourmet. É um pequeno paraíso abrigado por uma linda e pequena baía que torna tudo um cartão postal melhor que a foto. Na região, outro hotel de primeira, o Correntoso e a melhor comida do pedaço em relação custo/benefício. Sofisticada e metade do preço dos Las Balsas. A vista do aconchegante restaurante é maravilhosa. Villa La Angostura também ganha na categoria bares charmosos, pizzarias gostosas e cafés escurinhos. Para casais “in love” e com orçamento mais apertado, a Hostería La Escondida e sua localização perfeita, mais restaurante-casa-de-boneca com boa comida à luz de velas pode ser a solução.
Há cerca de 3 anos escrevi um artigo sobre Buenos Aires e meu retorno à cidade depois de 7 anos sem pisar nela. Continuo repetindo e batendo na mesma tecla: nada há de barato em viagens à Argentina que não sejam em grupos CVC e pacotes hediondos do gênero. O país é lindo e vale muito ser visitado. Já estive lá muitas vezes e pretendo voltar em futuro próximo. Mas sem ilusões de custo. Viagens em bom estilo à Argentina são tão caras ou mais que aqui no Brasil. Hotéis 5 estrelas custam mais de 300 dólares por dia, quarto standard. O Llao Llao, fora de temporada nos cobrou 410!!!
O melhor mesmo é encarar o país como qualquer outro destino sofisticado pelo mundo. O que é REALMENTE bom, NUNCA é barato!

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