Praia Mexicana vale a pena?
_ Primavera 2008 em Puerto Vallarta, Mazatlán e Baja Califórnia com algumas considerações sobre Cancun e outras sobre o “primo pobre” mexicano do Grand Canyon norte americano _
A respeito do lado histórico do México todos já ouviram falar pelo menos um pouco e é mesmo magnífico. Praias e mega-balneários, pelo Brasil se popularizaram com Acapulco nos anos 60 e Cancun nos anos 90. Mas vale a pena sair da nossa “praia” de mais de 8000 kms de extensão para enfrentar as muitas horas de vôo até o México? Bom, depende...
Comecemos por Cancun, que me encantou em 1992 e em 1996. Tudo novinho, serviço ótimo, fiquei maravilhada com o luxo e esplendor dos hotéis, coisa rara, na época, no Brasil. Que, pobrezinho, só possuía o resort Transamérica da Bahia e olhe lá. Voltaria a Cancun por ser Caribe e seu belo mar de águas quentes e claras e pela parte das ruínas maias que são fabulosas. Não sei o que é Cancun agora, 12 anos depois e explico em seguida meu pessimismo.
Não fui a Acapulco, mas ouvi falar que está péssima. Acredito, pois em abril de 2008 estive em Puerto Vallarta e Mazatlán, ambas na costa do Pacífico e odiei. Dois Guarujás tremendamente decadentes, lugares que foram muito sofisticados e/ou paradisíacos não muitas décadas atrás. Pena...
Desenvolvimento mal planejado, prédios enormes, degradação total. A freqüência é só de mexicanos gordos e feios e americanos e canadenses mais gordos e feios ainda. É aquele tipo de lugar cuja maioria dos bares oferece “conga com tequila” . Tal atividade absurda consiste em gente dançando o tal ritmo conga, enfileirados e de bocas abertas, com um palhaço qualquer despejando tequila em suas gargantas. Patético...
Isso sem contar que as praias são feias. Em Mazatlán, triste e mais decadente ainda, pelo menos as prais são um pouco mais bonitas. Gostaria de ter visitado Zihuatanejo, perto dali, mas o que vi em Puerto Vallarta, a ex-favorita dos astros de Hollywood, me desanimou muito.
Nesta mesma viagem recente, tentamos conferir as belezas naturais da Barranca del Cobre, ou Copper Canyon, quatro vezes maior do que o similar americano, o glamuroso Grand Canyon. Revelou-se 100 vezes mais feio e 100 vezes menos glamuroso. É mesmo enorme e impressionante, mas como o México é um país, em sua maior parte muito seco, a vegetação dos cânion é feia. Seca, esparsa. Não é nem o esplendor dos tons de vermelho e ocre do Grand Canyon e nem o lindo verde de nossos pequenos cânion brasileiros do sul, o Itaimbezinho e o Fortaleza. É uma coisa majestosa mas sem graça, em opacos tons de cinza. O tal famoso trem, CHEPE, que percorre os 600 kms que separam a horrenda cidade de Los Mochis da bem mais interessante Chihuahua, é fraco. Partes do percurso são interessantes, mas o trem é sujo, lento e as estações indescritivelmente pobre e mal equipadas. É tudo uma enorme perda de tempo, pontilhada de hotéis fracos, único lugar de comida ruim que visitamos em várias semanas no México e muito pouco para se fazer. Evite e não se deixe enganar por fotos que mostram o cânion verde e glorioso. É um pouco mais colorido três meses, máximo quatro por ano.
Mas, voltando, às praias, a Baja Califórnia pode ser uma escolha acertada. O estado é parte de um dos desertos mais ricos em termos de recursos naturais, o deserto de Sonora. Cactos e árvores que parecem secas mas não são, primos menores dos majestosos baobás africanos, altas montanhas, cânion verdes correndo pelos leitos semi-secos de rios variados. Pássaros multicores, esquilos, lagartos, pelicanos, gaivotas. É uma festa de natureza em um cenário inusitado, com o esplendor e a glória do azulíssimo Mar de Cortés emoldurando tudo. O encontro de tal mar com o oceano Pacífico é também muito bonito.
O ideal é alugar um carro e percorrer a região por 2 semanas, visitando suas inúmeras cidades e vilas, suas belas praias e nas estações do ano apropriadas, observar baleias e nadar com os mansos tubarões-baleia. Boas estradas facilitam tudo isso e aluguel de carro oferece preços razoáveis. Varias agencias organizam passeios e atividades radicais. Há de tudo para todos. Isso sem contar os shoppings e cinemas na região de Los Cabos, a mais descolada. Restaurantes divinos, bares animados, galerias de arte, uma festa. O que se chama Los Cabos compreende as cidades de Cabo San Lucas e San José de los Cabos, distantes cerca de 30 kms uma da outra. Uma é super turística, para quem gosta de bastante agito, a outra, pequena, pacata e zen, ideal para quem procura paz. Prós e contras nas duas. Em San Lucas, mais hotéis na ou perto da praia; em San José, distante 1 km da praia, opções mais em conta e super charmosas, como o El Encanto Inn. Mais para pousada do que hotel, o lugar oferece quartos bem decorados e espaçosos, piscina e jardins agradáveis a preços razoáveis em região. Pagamos 240 dólares a diária por uma suíte com dois quartos, dois banheiros, magnífica!
Nas duas ultimas noites no México, numa feliz viagem de 23 dias pelo país, decidimos fechar com chave de ouro (diamantes) nosso percurso, com 2 noites à beira mar no fabuloso hotel One and Only Palmilla, pertencente à cadeia de estabelecimentos de luxo sul africana, One and Only.
É um lugar de sonho, com todas as amenidades possíveis, serviço “adivinham” o que o hóspede quer e coisas do gênero. Nos custou 2800 dólares por um fim de semana, que incluiu quarto mega-confortável (vista chapante para o mar e um terraço de onde não se tem vontade de sair) com serviço de mordomo 24 horas por dia e dois jantares luxuosos.
Este tipo de hotel não existe no Brasil e é uma tradição mexicana financiada por grana norte americana, que já se iniciou nos anos 60 com o Las Brisas de Acapulco. Em Cabo San Lucas o Palmilla só perde para o vizinho Las Ventanas – que consegue ser ainda melhor e mais caro.
E então? Vale mesmo a pena veranear nas praias mexicanas? Só vale em dois casos: vontade de misturar história, cultura, natureza totalmente diferente da brasileira e praias ou sede de luxo acoplada ou não a celebrações especiais e praias. No primeiro quesito, Cancun, ainda, (uso a palavra “ainda” por temer, nestes 12 anos de ausência, que Cancun tenha se tornado a medonha Puerto Vallarta) deve ser imbatível. No segundo, Cabo San Lucas reina sem competição na América Latina.
Nos dois lugares, praias e mar são muito bonitos e apresentam boa estrutura para esportes aquáticos.
Mas sair do Brasil só pelas praias? Não.
Como diz a velha música dos “baianos”: I don’t want to stay here, I want to go back to Bahia...
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